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ESQUERDA ARGENTINA | Bancada da esquerda argentina faz retroceder aumento dos parlamentares

A rejeição popular fez com que o oficialismo argentino tivesse que voltar atrás com o aumento dos salários dos políticos que denunciaram os deputados da Frente de Esquerda na Argentina. De 47% para 31%. "Insistimos em que todos os deputados e os funcionários políticos devem ganhar como um docente, como coloca o projeto que apresentamos com Nicolás del Caño há três anos.", declarou Myriam Bregman deputada do PTS na Frende Esquerda Argentina (FIT).

sexta-feira 4 de novembro de 2016 | Edição do dia

Os Deputados da frente de esquerda foram os únicos que denunciaram este aumento de salário acordado entre por todos os blocos maioritários, o que provocou um amplo repúdio popular. "Mas não nos enganemos: mesmo com este passo atrás os deputados continuam a ganhar dez vezes mais do que a média dos trabalhadores. Não pode ser que os que exercem funções públicas não vivem como o resto do povo trabalhador, por isso vamos insistir com o nosso projeto para que todos os deputados ganhe como uma professora." disse Myriam após importante vitória dos trabalhadores e da Esquerda Argentina.

“Certamente não nos surpreendemos mais com o novo aumento que beneficiará deputados e senadores. Mas a indignação que sentimos todos os anos é a mesma que sente qualquer trabalhador que não chega ao fim do mês.” Assim a deputada da FIT, Myriam Bregman inicia sua defesa contra o aumento aos deputados nacionais. Com a proposta um deputado nacional ou senador pode chegar a ganhar 141 mil pesos (equivalente a R$ 30.000,00), enquanto metade dos trabalhadores argentinos recebem menos que 7.200 pesos por mês (abaixo de R$ 1.500,00).

Em recente acordo com a o governo e a patronal, a CGT (Confederação Geral de Trabalhadores) acordou uma bonificação de 2.000 pesos (R$ 400,00) para alguns setores, bem abaixo da inflação de quase 30%. Para os trabalhadores pouco, para os deputados, um reajuste acima da inflação que unificou todas as bancadas majoritárias: macristas, radicais, massistas, peronistas e kirchneristas.

A bancada da FIT

A bancada legislativa da FIT foi eleita em 2013 tendo como um dos eixos o combate aos privilégios dos políticos. Na época o deputado recém-eleito Nicolás del Caño ficou conhecido como “o último romântico” nos jornais e na TV ao propor que o salário de políticos se igualasse ao salário de uma professora no fim da carreira, retomando a proposta posta em prática na Comuna de Paris em 1871 pelos “comunards”. Apesar das piadas da mídia, a proposta se mostra mais atual do que nunca em meio a crise econômica que assola a Argentina.

Mantendo um dos princípios da bancada, todos os deputados da FIT ganham cerca de 14 mil pesos por mês (R$ 2.900,00) e doam o restante de seus salários as lutas dos trabalhadores e as causas populares. Esses dados se encontram públicos nos sites das legislaturas da bancada.

Assim que o projeto de aumento foi anunciado a bancada da FIT o rechaçou e elaborou um contra-projeto baseado em “Que se retire os aumentos aprovados tanto nos salários como nos adicionais de moradia, passagens e gastos de gabinete que recebem os legisladores nacionais” e pediu que se desse continuidade ao primeiro projeto da bancada de 2013. A resposta do restante dos deputados foi o mais completo NÃO.

Aproveitando o interesse (e desprezo) que se gerou com o debate do reajuste (“Dietazo” em espanhol), as principais figuras políticas da FIT saíram a denunciar os privilégios da “casta política” em todos os jornais e TVs contra todos os deputados e seus defensores que só querem encher os bolsos.

Deputados a serviço de quem?

O questionamento feito na câmara Argentina ressalta o caráter da maioria dos políticos ali presentes: “Por quê um deputado ou funcionário pode ganhar até 13 vezes mais que uma professora que tem seu cargo a vinte ou trinta anos e cuja função é muito importante, visto que cuida da educação de nossos filhos e filhas?”. Para o macrismo e sua oposição branda, os privilégios do presidente, ministros, deputados e juízes servem para passar os ajustes contra os trabalhadores e beneficiar os grande grupos econômicos.

No executivo, o presidente e ministros chegam a ganhar 150 mil pesos (R$ 31.000,00). O caso do judiciário é ainda mais escandaloso, onde juízes ganham mais de 200 mil pesos (R$ 40.000,00) e em alguns casos tem isenções de impostos.

Vamos com a Esquerda em Atlanta

A bancada da FIT está a serviço das causas populares, como a reconstrução das regiões inundadas de La Matanza e Entre Ríos, assim como apresentaram projetos de lei contra o feminicídio, como importante impulsionadora do Ni Una Menos. Com Nicolás del Caño, diversos parlamentares, trabalhadores, jovens e mulheres, a FIT fará um ato histórico dia 19 de novembro para organizar uma força independente que resista às demissões, ao arrocho salarial, a violência de gênero e combata de fato a corrupção capitalista.




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