Após o PPS afirmar que entrará com ação no STF pedindo o afastamento de Cunha, PSDB e DEM também afirmam que o peemedebista usa cargo em proveito próprio.
sábado 21 de novembro de 2015 | 00:04
O líder do PPS na Câmara dos Deputados Rubens Bueno (PR) informou nessa sexta-feira, 20, que seu partido pretende entrar com um mandato de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo o afastamento de Eduardo Cunha da presidência da Câmara. O estopim foram os eventos dessa quinta feira, 19, quando Cunha e seus aliados tentaram inviabilizar uma sessão do Conselho de Ética através de manobras regimentais, fato que, segundo o PPS, comprova que Cunha vem utilizando seu cargo para dificultar seu julgamento.
"Desde o dia 10 de outubro estamos pedindo que ele se afaste do cargo de forma espontânea, mas Cunha insiste em permanecer. A situação se agravou ainda mais na última quinta-feira, quando ficou claro que, junto a aliados, ele articulou diversas manobras para impedir que o Conselho de Ética votasse o parecer do relator do caso, deputado Fausto Pinato, pela admissibilidade do processo. O afastamento é necessário para que episódios lamentáveis como esse não voltem a ocorrer e o julgamento de Cunha ocorra normalmente", afirma o deputado paranaense.
Também nessa sexta-feira os líderes da oposição de direita, antes tão afeita a Cunha, engrossou o coro das críticas ao presidente da Câmara, afirmando que ele utiliza as prerrogativas de seu cargo para atuar em sua defesa. Foi também um discurso da tucana Mara Gabrilli (SP) que iniciou a debandada dos deputados da sessão quinta-feira, fato que forçou Cunha a voltar atrás de suas manobras.
A tentativa de postergar a votação de seu caso contou com diversas manobras inclusive chegando a anular a sessão do Conselho de Ética acontecida no mesmo dia. Isso gerou uma debandada generalizada dos deputados e uma enxurrada de críticas. "O fato de hoje derruba de uma vez por todas a autoridade do presidente da Casa. A tentativa de obstruir de forma indevida este trabalho (do Conselho de Ética), ele perde as condições operacionais de tocar o dia a dia do Parlamento. Acho que hoje foi sepultada a presidência de Eduardo Cunha", disse o líder da minoria, Bruno Araújo (PSDB-PE).
Alguns partidos como PCdoB, PRB, PSDB, DEM e PSOL orientaram seus parlamentares a abandonar, enquanto outros deixaram a critério individual. A principal corrente interna do PT permaneceu no plenário, dando mais uma demonstração do apoio que o PT hoje dá ao deputado carioca. O partido negociou nos bastidores um acordo para protelar o processo contra Cunha em troca do congelamento dos processos de impeachment.
O PT vai se confirmando assim como o principal sustentáculo de um dos expoentes do conservadorismo no Brasil, mostrando o quão demagógica é a defesa que os setores governistas fazem do "Fora Cunha", pois utilizam isso apenas como uma forma de desviar a atenção do governo que defendem, justamente o governo que sustenta Cunha e outros conservadores no parlamento. Uma luta séria contra o conservadorismo que nega direitos elementares a amplos setores da população passa hoje, necessariamente, por uma luta aberta contra Dilma e o governismo.
Foto: Lula Marques/ Agência PT
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