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DITADURA PATRONAL | Demissões e perseguição nas empresas de transporte de Porto Alegre

A categoria rodoviária de Porto Alegre está sob vigilância constante da patronal. Motoristas e cobradores vivem na mira da máfia dos transportes e de Marchezan, que sancionam os trabalhadores por qualquer motivo para demitir por justa causa, sem pagar os direitos trabalhistas.

sexta-feira 7 de julho de 2017 | Edição do dia

São revoltantes os relatos dos trabalhadores. Além do sucateamento do transporte público da capital, das longas jornadas que geram inúmeros problemas de saúde e que os expõe a riscos, os rodoviários vivem em estado constante de alerta. Advertências e suspensões são distribuídas por qualquer motivo. Com isso a patronal já conseguiu cavar dezenas de demissões por justa causa, além de intimidar toda a categoria.

Na Carris diversas câmeras nos ônibus, instaladas supostamente para "aumentar a segurança" na verdade servem para que a patronal vigie cada movimento dos motoristas e cobradores e, com base nas imagens, possa aplicar sanções para demitir os rodoviários sem nenhum direito. Além disso Marchezan persegue os trabalhadores até no Facebook, vigiando os que são críticos à sua gestão. Os trabalhadores também são "orientados" pela chefia a não "formar bolinhos" (conversas em grupo de mais de três pessoas) nos intervalos nos terminais.

Vale lembrar que privatizar a Carris é o grande plano do governo de Marchezan. E quem vai pagar a conta da privatização, com demissão, intensificação e precarização do trabalho são os rodoviários, e também a população que o utiliza os transportes.

Veja mais: Marchezan impõe ditadura na Carris

Nas empresas privadas os casos são semelhantes e, muitas vezes, piores. É bastante comum o que eles chamam de estar "fora de escala", que é como uma prévia de punições mais duras. Os relatos dos trabalhadores dão conta de que, por qualquer motivo, por mais bobo que seja, os trabalhadores são advertidos, suspensos e com isso as empresas conseguem forçar dezenas de demissões por justa causa sem nenhum custo para os empresários da máfia dos transportes.

Com o corte de inúmeros horários e tabelas, autorizado oficialmente pela prefeitura e pela EPTC (Empresa Pública de Transporte e Circulação), a busca da patronal por justificativas para demitir os trabalhadores sem pagar nenhum direito, se intensificou. Qualquer ação é motivo para, primeiro, tirar de escala, ou advertir, e depois uma sanção mais grave, como uma suspensão.

A redução das linhas também afeta diretamente a qualidade do serviço de transporte e as condições de trabalho dos rodoviários. Com as demissões os trabalhadores acabam por ter que cumprir jornadas mais intensas, com intervalos apertados. Assim e distribuindo demissões por justa causa os patrões buscam deixar toda a categoria com a corda no pescoço.

Toda essa pressão tem motivos bem evidentes. A greve dos rodoviários de Porto Alegre, em 2014, foi uma grande demonstração de como essa categoria tem um papel fundamental na cidade. Para a máfia dos transportes e seu aliado Marchezan, mantê-los em rédeas curtas, acuados, reprimidos e constantemente ameaçados, é uma questão de vida ou morte. Eles mais do que ninguém sabem que quem faz o transporte público existir são os trabalhadores, e que eles têm condições de controlar todo o sistema sem os patrões e a prefeitura.




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