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HISTÓRICO DE REPRESSÃO | Delegado que prendeu Garotinho é o mesmo que reprimiu estudantes da UFSC em 2014

sábado 19 de novembro de 2016 | Edição do dia

Paulo Cassiano Júnior, delegado da Polícia Federal à frente das investigações que levaram à prisão de Garotinho acusado de usar o programa social Cheque Cidadão para comprar votos, é o mesmo delegado que em 2014 invadiu o campus da Universidade Federal de Santa Catarina e reprimiu brutalmente estudantes.

O confronto entre estudantes e as Polícias Federal e Militar ocorrido em 2014 no campus Trindade da UFSC começou após a prisão de quatro estudantes por porte de maconha, abordados por policiais à paisana. A operação, para tentar levar um estudantes que carregava 5 cigarros de maconha em sua mochila, contou com cerca de dez policiais federais, aproximadamente 20 militares da PM, mais 12 do Batalhão de Choque, toucas-ninjas, capacetes, cassetetes, armas, coturnos e fardas sem identificação, dezenas de viaturas e camburões.

Os estudantes estavam em um bosque dentro do Campus, e quando a prisão foi anunciada, estudantes, servidores e até professores que estavam no entorno se somaram em solidariedade ao estudante para impedir a arbitrariedade, rodeando o aparato repressivo, e então a polícia começou a reprimir com cães farejadores, balas de borracha, spray de pimenta, bombas de gás lacrimogêneo, de efeito moral e de luz. Veja imagens abaixo:

Vídeo do Telejornal Universitário mostra detalhadamente a repressão da polícia à mando de Paulo Cassiano Júnior

Após a repressão, a Reitoria da UFSC foi ocupada por 72 horas pelos estudantes, em protesto à ação. A Reitoria soltou uma declaração contrária à ação, e o Delegado acusou-a de querer transformar a Universidade, que segundo ele seria um antro de atos ilícitos, em uma “república de maconheiros”. Veja a declaração abaixo:

Por mais execrável e reacionária que seja a figura de Garotinho para a população de Campos, e de todo o Rio de Janeiro que até hoje carrega marcas de sua gestão, as cenas presenciadas durante sua prisão, em espetáculo midiático montado pela Globo, não só poderiam como acontecem diariamente contra os movimentos sociais, os trabalhadores que se manifestam, os negros moradores de favela que não só não tem um acesso tão fácil à um hospital público de referência como o Souza Aguiar, como são assassinadas todos os dias por esta mesma polícia (que também foi treinada por Garotinho), ou mofam atrás das grades de prisões superlotadas celebradas pelo espetáculo da Rede Globo.

A polícia federal que prende garotinho é a mesma que invade sem mandado o colégio Florestan Fernandes do MST, o judiciário é o mesmo golpista que pede a reintegração de posse da UFRJ, dos Colégios PII, da UFRRJ e de milhares de ocupações país afora, contrárias aos ataques do golpista Temer. E neste caso, o Delegado é o mesmo que reprime estudantes dentro de sua faculdade.

É mais que justo o ódio à família Garotinho e a todos os políticos que enriquecem à custa da política e condenam os trabalhadores e o povo a miséria. No entanto, não será pelas mãos do aparato repressor, ou de delegados carreiristas, que esta situação será remediada. Os requintes de repressão são apenas para o povo esquecer toda a grana que foi roubada e precisa ser devolvida, os anos de administração em defesa dos interesses dos patrões, e os ataques que outros políticos como Pezão e Temer estão aplicando contra o povo e os trabalhadores.

Apenas com a luta unificada das ocupações com os trabalhadores, exigindo à taxação das grandes fortunas e o não pagamento da dívida pública é que a corrupção pode acabar. O regime político carcomido desta democracia corrupta é o que permite oligarquias políticas viverem como deuses sem nunca ser julgados pelos seus crimes, mas não será das mãos da polícia e de juízes , também com privilégios de semi-deuses que nunca foram sequer votados, que esta situação mudará. Lutar por uma assembleia constituinte soberana, aonde o povo eleja seus representantes e que sejam revogáveis por quem os elegeu, recebendo o salário de uma professora, é um passo no sentido de acabar com esta corrupção fisiológica.




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