O Ministério da Defesa de Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira, 10, que não descarta a possibilidade de fraudes nas eleições, o relatório sugere que seja feita investigação. Novamente não há nenhuma afirmação ou evidência de que houve fraude, conforme afirma a própria nota.
Jojo de Paulaestudante de Design da UFRN e militante da Faísca
quinta-feira 10 de novembro de 2022 | Edição do dia
No entanto, o ministro General Paulo Sérgio buscou hoje dar mais ênfase nos trechos da nota que afirmam ser necessária uma investigação do código-fonte das urnas, colaborando com um clima de suspeita sob o resultado da eleição e com o discurso golpista da extrema-direita bolsonarista.
"o Ministério da Defesa esclarece que o acurado trabalho (...), embora não tenha apontado, também não excluiu a possibilidade da existência de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral de 2022." pic.twitter.com/4cx45nI5DO
— Ministério da Defesa (@DefesaGovBr) November 10, 2022
Na véspera, o título da nota não falava sobre o teor do documento: "Defesa encaminha ao TSE relatório de fiscalização do sistema eletrônico de votação". Já nesta quinta a nota foi lançada com novo tom: "Relatório das Forças Armadas não excluiu a possibilidade de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas".
Os militares têm a intenção de seguir tendo peso na tutela do processo eleitoral, afirmando indiretamente que a apuração dos boletins de urna com os resultados foi a mesma, reconhecendo indiretamente a legitimidade das eleições. A nota de hoje não traz nenhuma novidade em relação a nota lançada na quarta-feira, 9, mas busca alimentar o discurso golpista que mobiliza setores bolsonaristas nas ruas do país, que aguardavam com grande expectativa o relatório da Defesa. Contribuem para que Bolsonaro siga se apoiando nesse clima de "suspeita" sobre as urnas e seu resultado para manter a sua base social de extrema-direita coesa após a derrota eleitoral.
Rechaçamos a ingerência militar nas eleições de 2022 a convite do presidente do TSE, Alexandre de Moraes, com apoio do STF, permitindo a viabilidade do relatório sobre as eleições, inclusive agradecendo as sugestões dos militares. São parte de fortalecer essa tutela absurda dos militares sobre as eleições e abrindo mais espaço para os militares num regime político já deteriorado, portanto não são aliados no combate às intenções golpistas da extrema-direita.