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MÍDIA MACHISTA | Defesa de Mirian Leitão aos ataques na previdência mascara desigualdade de gênero

Flavia ValleProfessora, Minas Gerais

quarta-feira 1º de março de 2017 | Edição do dia

Em sua coluna no jornal “O Tempo”, controlado pelo milionário empresário e prefeito de Betim Vitório Mediolli, a economista Miriam Leitão mostra que não basta ser mulher para defender os direitos das mulheres. Defensora do golpe institucional no Brasil e da reforma da previdência, a economista faz um malabarismo para tentar esconder a realidade da desigualdade de gênero em nosso país. Seu único objetivo: defender a retirada de direitos dos trabalhadores, começando por defender ataques aos direitos das mulheres.

A ideia base de Miriam Leitão é que reconhecer a existência de uma desigualdade no Brasil e haver políticas que partam de reconhecer essa realidade seria um tipo de opressão. Essa é a argumentação ao redor de sua defesa favorável ao ataque à previdência preparada pelo governo golpista de Temer, em particular o fim da diferença de idade para aposentadoria entre homens e mulheres.

Diz a economista: “A mulher ser compensada por uma idade menor de aposentadoria acaba fortalecendo o papel tradicional da mulher(...)”. E segue: “Se as mulheres passarem a ser compensadas pelo sistema previdenciário é como se o Estado convalidasse esse comportamento dos homens (...) “.Assim, a solução mágica seria simples: não haver programas e políticas com corte de gênero como idades diferentes de aposentadoria. Pois, seguindo esse pensamento, caso “Estado” reconheça essa desigualdade seria uma aceitação de que existe machismo.

Ainda que Leitão afirme não desconhecer as estatísticas do IBGE que mostram as desigualdades de gênero (algo elementar para uma economista) todo o esforço dela é para que essas estatísticas sejam mascaradas. Mas os malabarismos de Miriam Leitão mostram a essência do tipo de pensamento que serve às classes dominantes: mascarar a realidade para seguir dominando. Assim, nada mais fácil do que dizer que o machismo tem que ser superado para que o Estado não faça investimentos em áreas sociais para seguir gastando verba pública para o pagamento de juros de banqueiros milionários através dos pagamentos da dívida pública.

Porém, diferente do que diz acreditar Miriam Leitão para defender a retirada de direitos das mulheres, a realidade das trabalhadoras (que já vem de ataques na atual previdência) será ainda mais flexibilizada pelos ataques propostos na reforma de Michel Temer (veja aqui e aqui). Isso porque a maior parte das mulheres no Brasil vivem do trabalho precário, informal ou terceirizado, além da dupla ou tripla jornada de trabalho com o trabalho doméstico.

Se há mulheres que servem sua produção intelectual às classes dominantes tentando atacar nossos direitos, sejamos milhares mostrando a realidade das mulheres no Brasil e a face perversa do machismo e do patriarcado em nosso cotidiano. Por isso o Esquerda Diário está com uma edição diária de contagem regressiva com textos e análises de muitas mulheres. E estamos batalhando com as forças do Pão e Rosas nacional e internacionalmente desde nossos locais de trabalho para que nesse oito de março seja construída a mais ampla unidade a favor das demandas das mulheres.

Os sindicatos dirigidos pela CUT ainda não assumiram para si as demandas econômicas e sindicais de nós como mulheres, ao não colocarem eixo nessas demandas na paralisação do dia 8 de março. Isso permitiria estender a proposta de paralisação também nas categorias de metalúrgicos, petroleiros e bancários, e somar forças contra o governo golpista de Temer e os ataques dos governos estaduais como o de Pimentel em Minas Gerais. Faço o chamado para levarmos a frente esse chamado às grandes centrais, respondendo ao chamado de paralisação internacional de luta das mulheres.

Leia também: CUT e CTB se negam a organizar a paralisação internacional das mulheres no Brasil




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