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"ESCOLA SEM PARTIDO" | Defensor do projeto "Escola sem Partido" é exonerado do MEC

quinta-feira 14 de julho de 2016 | Edição do dia

Durou um dia a escolha de Adolfo Sachsida como assessor especial do Ministro da Educação Mendonça Filho. Nomeado no Diário Oficial da União do dia 11, Sachsida teve sua exoneração publicada nessa terça-feira (12). Ele é doutor em economia, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e defensor do projeto "Escola sem partido".

O MEC afirmou que a saída não tem relação com o projeto, e que Sachsida foi chamado para ajudar a pensar o financiamento de políticas públicas na educação, porém essa função teria passado para outro órgão da pasta, não sendo mais necessária sua colaboração.

Apoiador do impeachment, conservador declarado e pró ajuste fiscal, Sachsida tem um blog no qual aborda assuntos caros à direita golpista, como o financiamento do BNDES ao Porto de Mariel, em Cuba; e as acusações contra Jair Bolsonaro. Em publicação do final de junho, o economista se posicionou a favor de Bolsonaro em relação a incitação de estupro cometida contra a deputada Maria do Rosário.

O Projeto

O projeto "Escola sem partido", segundo seus apoiadores, visa a aplicação de um "conhecimento neutro", sem interferências ideológicas. Porém, não existe conhecimento que não seja "ideológico". A existência de escolas, qual papel elas cumprem na sociedade capitalista, a própria disposição das cadeiras enfileiradas na sala de aula, tudo isso é ideológico. O que se quer na verdade com esse projeto é combater os professores que apresentam reflexões que se chocam com as ideias reacionárias da direita golpista.

Evolucionismo, combate ao machismo, racismo e LGBTfobia, crise econômica. O professor que abordar esses e outros assuntos que se chocam com a moral conservadora pode vir a ser "denunciado" se o projeto for aprovado, pois se prevê que as secretarias de educação criem mecanismos para o recebimento de denúncias anônimas. Essas denúncias iriam para juízes, que teriam liberdade para punir os professores; o que se torna ainda mais grave diante do fortalecimento da direita e do judiciário (sobre o qual os trabalhadores não exercem nenhum controle) após o golpe institucional.

O que se pretende com o projeto, ao cercear as ideias progressistas, é uma educação cada vez mais técnica, menos questionadora e que foque ainda mais a preparação para o mercado de trabalho. Não é por acaso que o deputado que propôs o projeto, Izalci (PSDB-DF), seja empresário do ramo educacional e sua campanha tenha recebido doações de empresas do mesmo ramo. Grande parte dos interesses por trás do "Escola sem Partido" é de grupos educacionais e editoriais privados, sedentos por apresentarem seus projetos pedagógicos e materiais para as secretarias de educação, dentro dos marcos dessa lei, ou seja, com viés mais técnico.




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