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PÃO E ROSAS | Declaração do Pão e Rosas: Contra Bolsonaro, pela vida das mulheres

Essas eleições estão marcadas por profunda manipulação, onde esteve muito perto de ganhar já no primeiro turno o candidato que condensa em si o mais abjeto machismo racismo e LGBTfobia. O grupo de mulheres Pão e Rosas, que se posicionou contra o golpe institucional, contra a prisão arbitrária do Lula e o veto à sua candidatura, sempre com uma política independente do PT, se coloca lado a lado de todas as trabalhadoras e trabalhadores, mulheres, negros, jovens e LGBTs que odeiam Bolsonaro e querem derrotá-lo nas urnas votando em Haddad. Fazemos isso com o objetivo que consideramos a tarefa central de todos os trabalhadores e jovens mais conscientes, que é ajudar a conduzir esse ódio ao único terreno em que poderemos triunfar: a luta de classes para que os capitalistas paguem pela crise.

Pão e Rosas@Pao_e_Rosas

segunda-feira 15 de outubro de 2018 | Edição do dia

Essas eleições estão marcadas por profunda manipulação, onde esteve muito perto de ganhar já no primeiro turno o candidato que condensa em si o mais abjeto machismo racismo e LGBTfobia. Bolsonaro, com suas declarações carregadas de ódio tem deixado claro a que veio: fazer com que os trabalhadores paguem pela crise com ataques que o governo golpista de Temer não terminou de fazer. O filho ilegítimo do golpe está disposto, para satisfazer a sanha dos empresários por seus lucros, a precarizar ainda mais a vida das mulheres, dos negros e LGBTs.

As eleições foram a continuidade do golpe com a prisão arbitrária do Lula e o absurdo veto à sua candidatura, impondo eleições completamente manipuladas pelo Poder Judiciário, sob tutela das Forças Armadas, para favorecer os interesses capitalistas mais reacionários do país e do capital estrangeiro.

Hoje, Bolsonaro aparece como primeiro lugar nas pesquisas para o segundo turno. Mesmo que perca, o que por hora é improvável, a base que sustenta a sua campanha não irá desaparecer no dia 29 de outubro. Ao contrário, desatou forças reacionárias que se manterão como um enorme perigo para as trabalhadoras e trabalhadores, mulheres, negros, LGBTs, indígenas e todo o povo pobre.

O discurso machista que escancara como o patriarcado é funcional ao capitalismo

"Eu não empregaria [mulheres] com o mesmo salário [de um homem]. Mas tem muita mulher que é competente" 15/02/2016

"Poxa, essa mulher tá com aliança no dedo, daqui a pouco engravida, seis meses de licença-maternidade..." Bonito pra c..., pra c...! Quem que vai pagar a conta? O empregador. No final, ele abate no INSS, mas quebrou o ritmo de trabalho. Quando ela voltar, vai ter mais um mês de férias, ou seja, ela trabalhou cinco meses em um ano.” 10/12/2014

Esses são alguns trechos do discurso de Bolsonaro ao longo dos anos sobre as mulheres. Sobre a roupagem de candidato a presidente da república, seu discurso não é menos machista. Recusa o fato de mulheres ganharem salários menores que os homens. No Brasil as mulheres em média ganham quase 25% menores do que os homens (IBGE, 2018), mas as mulheres negras chegam a ganhar 60% menos (dados do IPEA 2016).

As mulheres são maioria da população (51,5%) quase a metade da classe trabalhadora brasileira. Estão nos postos de trabalho mais precários, sujeitos aos menores salários e os contratos mais vulneráveis. Além das jornadas exaustivas sobre as mulheres recaem o trabalho doméstico e a responsabilidade com a criação dos filhos. São cerca 20 horas a mais de trabalho por semana!

Quando anuncia que o trabalhador vai ter que escolher entre ter direitos ou ter emprego, Bolsonaro aponta sua mira sobre cada mulher trabalhadora em nome de preservar os lucros dos capitalistas. Não à toa, o ex-deputado votou pela reforma trabalhista que além de ampliar as formas de trabalho precário e cortar direitos, é um ataque às mulheres gestantes e lactantes, sujeitas à trabalho em local insalubre, colocando em risco a sua própria saúde e a do feto.

“Jamais iria estuprar você, que você não merece” 2003, repetido em 09/12/2014 e reafirmou no dia seguinte ao jornal Zero Hora "Não merece ser estuprada porque é muito feia"

No Brasil, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ocorrem em média 135 estupros por dia. Isso considerando somente os casos registrados, o que se estima ser cerca de 10% do total. A ampla maioria dos casos (80%) ocorrem no ambiente doméstico e são contra crianças e adolescentes. A violência contra a mulher atinge seu ápice nos altos índices de feminicídio no Brasil, a cada 1 hora e meia uma mulher é morta.

Bolsonaro também é contra a legalização do aborto. O candidato à presidência é um dos autores do Projeto de Lei (PL 6055) que pediu a revogação do atendimento obrigatório às vítimas de estupro pelo SUS. Ele alega que “a Lei n. 12.845, de 1º de agosto de 2013, tem manifestamente como principal objetivo preparar o cenário político e jurídico para a completa legalização do aborto no Brasil”. Isso porque a lei brasileira permite o aborto nos casos de estupro, além de anencefalia do feto e risco de vida para a mãe. O que já é bastante restritivo, o ex-deputado que restringir ainda mais o direito ao aborto no Brasil.

Bolsonaro não se importa que por ano sejam mais de 1.200 mortes provocadas por abortos clandestinos e um sem fim de mutilações e complicações. Estimativas do próprio ministério da saúde apontam quase um milhão de abortos no Brasil todos os anos. Manter o aborto proibido não impede que ele não aconteça, mas faz com que milhares de mulheres morram todos os anos. O mesmo estado que proíbe esse direito elementar das mulheres, nega a elas o direito a maternidade plena. E Bolsonaro é a favor dessa verdadeira barbárie contra a vida das mulheres.

Não há mérito em ser estuprada, ou em sofrer qualquer assédio ou violência sexual, como anuncia o ex-deputado Bolsonaro. O estupro e o feminicídio são o elo final da longa cadeia de violência contra a mulher no capitalismo, legitimado pelo Estado burguês e suas instituições. A vida das mulheres, assim como seu corpo e seu trabalho valem menos no capitalismo. E Bolsonaro legitima a violência às mulheres defendendo menores salários, fazendo discursos de apologia ao estupro e defendendo ataques às trabalhadoras e aos trabalhadores.

Por Marielle e mestre Moa nos organizaremos contra a extrema direita, o golpismo e as reformas

Partidários de Bolsonaro abastecidos por “fake news” (notícias falsas) diárias reproduzidas nas redes sociais, têm protagonizados diversos ataques pelo país contra mulheres, negros e LGBTs. Antes mesmo do primeiro turno, seus partidários rasgaram a placa em homenagem a Marielle Franco. O assassinato de mestre Moa, mestre capoeirista baiano e reconhecida figura do combate ao racismo, no dia 7, é o mais emblemático e dramático caso produzido pelo ódio disseminado por Bolsonaro.

Os métodos que foram usados contra Lula serão usados para amedrontar e perseguir todo e qualquer sindicato ou movimento social que queira lutar. .

Esse é o cenário ideal sonhado pelos grandes setores empresariais e financeiros que passaram de malas e bagagens para a candidatura de Bolsonaro. Mas se necessário, Bolsonaro e Mourão, seu vice, também não terão nenhum problema em sacrificar as instituições “democráticas” e governar através do Poder Executivo apoiado diretamente sobre as polícias e as Forças Armadas. Mourão já falou inclusive de “auto-golpe”.

Mas a classe trabalhadora não está derrotada. No ano passado protagonizou duas grandes paralisações nacionais que frearam a reforma da previdência de Temer, e só não seguiu escalando sua luta para frear a reforma trabalhista porque a CUT e a CTB (dirigida pelo PT de Haddad e o PCdoB de Manuela D’Avila) contiveram essa energia para canalizá-la por dentro de sua estratégia eleitoral.

O movimento que as mulheres protagonizam do #elenão é mais uma expressão das forças de resistência.

As mulheres são uma força imparável e unidas à mobilização independente da classe trabalhadora, da juventude, dos negros, LGBTs, sem-tetos e sem-terras nas ruas, greves e ocupações dirigidas pelas trabalhadoras e trabalhadores, podem fazer frente ao avanço do autoritarismo e da extrema direita.

A resistência nos locais de trabalho e estudo, nas fábricas, nas empresas, nas escolas e universidades saindo às ruas poderá derrotar a tentativa do grande capital financeiro, dos grandes empresários do judiciário e da grande mídia, e poderá impedir a instalação de um regime profundamente anti-operário, ferozmente inimigo das mulheres, dos LGBT, dos negros, indígenas e de toda causa progressista.

Para enfrentar essa dinâmica sabemos que o PT é completamente impotente. Depois de governar por anos com os capitalistas, assimilando seus métodos de corrupção e se vangloriando de garantir a eles lucros inauditos, quis mostrar que ainda podia servi-los começando o segundo mandato de Dilma com a aplicação dos ajustes contra a classe trabalhadora, e com isso terminou de desmoralizar sua própria base social, abrindo caminho ao golpe que colocou Temer no governo para avançar mais rapidamente com os ataques. Sua estratégia puramente eleitoral, de contenção da luta de classes, para canalizar o descontentamento para o terreno dos votos, terminou sendo incapaz de oferecer qualquer resistência séria ao golpe institucional. Uma vez na oposição, sua política de responder ao ódio destilado pela Lava Jato e pela Rede Globo com ilusões no Poder Judiciário e nas eleições terminou sendo completamente impotente para frear o avanço da extrema direita.

O PT, em sua estratégia eleitoral, também abandona pautas históricas e urgentes do movimento de mulheres. Há poucos dias, Haddad se reunir com a CNBB, Conferência Nacional do Bispos no Brasil, entidade representante da Igreja Católica, para reafirmar seu compromisso em não legalizar o aborto. São quase um milhão de mulheres no Brasil todos os anos (dados do Ministério da Saúde) que continuarão sujeitas à métodos precários e clandestinos, correndo risco de morte ou de mutilações e problemas sérios de saúde, justamente porque as Igrejas e bancadas religiosas conservadoras com o apoio do PT continuarão a negar esse direito elementar. Só num confronto frontal com o conservadorismo, com o patriarcado se pode derrotar Bolsonaro e lutar pela vida das mulheres.

Precisamos desde já nos preparar para os combates que estão por vir, organizando uma força militante nos locais de trabalho e de estudo que seja capaz de impor a unidade na ação dos sindicatos e movimentos sociais para enfrentar os ataques da extrema direita de forma não rotineira, ou seja, impor uma ampla frente única da classe trabalhadora que responda com uma firmeza à altura dos ataques, sem o que será impossível quebrar o bloco reacionário que se constitui por trás de Bolsonaro. Organizemos comitês de base em cada local de trabalho e estudo para organizar a defesa frente aos ataques que estão em curso e os que estão por vir.

A CUT, a CTB e o conjunto das centrais precisam romper com sua absurda paralisia e organizar assembleias nas categorias para organizarmos os trabalhadores e a juventude para atuar como classe organizada nesses combates, generalizando comitês de base em todo o país. A juventude organizada pode cumprir um papel fundamental para incendiar a classe trabalhadora na luta por seus direitos contra a extrema-direita, o golpismo e as reformas. Mas para isso, é preciso que também a UNE rompa a paralisia e organize assembleias estudantis em todo o país, organizando milhares de comitês de base nos locais de estudo.

O grupo de mulheres Pão e Rosas, que se posicionou contra o golpe institucional, contra a prisão arbitrária do Lula e o veto à sua candidatura, sempre com uma política independente do PT, se coloca lado a lado de todas as trabalhadoras e trabalhadores, mulheres, negros, jovens e LGBTs que odeiam Bolsonaro e querem derrotá-lo nas urnas votando em Haddad.

Sem dar nenhum apoio à política do PT ou à sua estratégia eleitoral de buscar pactos com partidos capitalistas, golpistas e ajustadores que agora se vendem como “democráticos”. Mas hoje, frente à excepcionalidade de eleições brutalmente manipuladas, que favorecem o avanço do autoritarismo herdeiro da ditadura, que quer impor de fato uma mudança reacionária de regime, acompanhamos o ódio e a vontade de luta contra Bolsonaro, votando criticamente em Haddad.

Nosso objetivo com isso, e que consideramos a tarefa central de todas as mulheres, as trabalhadoras, os trabalhadores e jovens mais conscientes, é ajudar a conduzir esse ódio ao único terreno em que poderemos triunfar: a luta de classes para que os capitalistas paguem pela crise.




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