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CUNHA NO CONSELHO DE ÉTICA | Debilitado, Cunha utiliza renúncia para tentar preservar mandato

sexta-feira 8 de julho de 2016 | Edição do dia

Após sua renúncia da presidência da Câmara, o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) pediu à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) o retorno do processo de cassação ao Conselho de Ética, em uma articulação para salvar seu mandato.

O aditamento foi protocolado por Cunha nesta quinta-feira (7) e argumenta que sua cassação foi aprovada na condição de presidente e que, como deixou o cargo, deveria ser novamente apreciada.

A cassação foi aprovada no Conselho de Ética por 11 votos a 9 no mês passado e agora a CCJ analisa um recurso dos poucos e desacreditados aliados de Cunha, que apontam irregularidades no processo e pedem que a votação seja refeita.

O relator do recurso na CCJ, deputado Ronaldo Fonseca (Pros-DF), afirma que vai analisar o novo pedido de Cunha e inclui-lo em seu voto, mas não adiantou posição. No relatório que apresentou nesta semana, porém, Fonseca já havia defendido que a votação no conselho fosse refeita.

Segundo Fonseca, a decisão sobre o pedido de Cunha de nova votação por causa da renúncia terá que ser submetida ao plenário da CCJ. Para a área técnica da Câmara, porém, há possibilidade de o presidente da CCJ, Osmar Serraglio (PMDB-PR), dar a decisão sem submeter ao voto, podendo manobrar diretamente para beneficiar Cunha.

"Não há como não se reconhecer que tal fato novo alterou —e alterou profundamente— aquela decisão, impondo-se, por isso, sua revisão, na instância devida", argumentou Cunha em seu aditamento ao recurso.

A discussão sobre a cassação na CCJ já deve ser adiada para depois do recesso por manobras de aliados de Cunha.

Serraglio, integrante da mesma ala do PMDB de Cunha, cancelou a sessão marcada para segunda-feira (11) que discutiria a cassação, adiando-a para terça (12).

Depois disso, porém, líderes partidários decidiram fazer a eleição para a presidência da Câmara ainda na terça, o que também deve inviabilizar a discussão da cassação de Cunha na CCJ.

Os trabalhos na Câmara só voltarão em agosto. A votação em plenário é a última etapa do processo de cassação.

A acusação é de que Cunha mentiu aos pares por dizer não ter contas no exterior, já que foram encontrados recursos milionários na Suíça dos quais este ser reacionário era o beneficiário final, apesar de formalmente estarem em nome de trusts —institutos jurídicos para administrar bens de terceiros.

Aliados de Cunha apontam a renúncia da presidência como uma "ultima cartada" para tentar se salvar da cassação, por meio de um acordão com outros partidos, mas dizem que as chances dele são pequenas.

Cada vez mais as instituições golpistas, como o Judiciário e a mídia, tratam o caso Cunha como "algo encerrado". As lamentações desta ala "cunhista" do golpe institucional não comovem as outras partes componentes do golpe, que prepararam o terreno para que sua saída da presidência da Câmara servisse para limpar o golpe e mostrar "serviço" na Lava Jato.

Sua influência, que desde o afastamento da presidência da Câmara se dá através do portavoz do governo André Moura do PSC, vem diminuindo mesmo tendo ao redor de si uma "tropa de choque" que por fim agregou o presidente interino da Casa, Waldir Maranhão. O cuidado com que é removido definitivamente atende ao perigo de ser uma "bomba ambulante" que conhece os segredos obscenos dos privilégios de cada um dos políticos corruptos no Congresso, Senado incluído.

Tanto nas dificuldades de Temer em passar votações importantes na Câmara, como a renegociação das dívidas do Estado, quanto na iminência da votação do impeachment no Senado, Cunha é visto como um ativo que prejudica a imagem do governo golpista. Ainda que não seja descartado para o futuro algum tipo de papel a cumprir no golpe se este passa no Senado, por ora este senhor abjeto é rifado por seus pares não menos reacionários.

Cunha cai produto de uma manobra acordada com seu parceiro de golpe Michel Temer para eleger um novo “Cunha” menos descarado que o próprio que conduza a Câmara para votar o que for de interesse do golpe. Em troca deste favor está sendo articulada uma ampla manobra para salvá-lo da cassação ou ao menos de maiores punições como a cadeia. É preciso lutar pelo confisco de seus bens como de todos corruptos. Erguer uma força anticapitalista que se enfrente contra todos Cunhas. Dar uma voz anticapitalista a esta força nas Câmaras e Parlamentos para continuar nossa luta implacável contra os privilégios de todos políticos.




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