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DEBATE SOBRE A DITADURA | Debate na USP – Sequelas da ditadura: o desmonte da educação pública

Nesta terça-feira, 26/05, às 19:30 (sala 206 do prédio de Letras, na FFLCH), o Centro Ángel Rama da USP promoverá o debate Sequelas da ditadura: o desmonte da educação pública, sobre as consequências da ditadura na educação pública. O evento exibirá a segunda parte do documentário 1964: um golpe contra o Brasil, e contará com um debate com o diretor, Alípio Freire.

domingo 24 de maio de 2015 | 15:49

O documentário de Alípio Freire é uma obra fundamental para a memória do cenário político e social em que se gestou o golpe civil-militar de 1964, e a profunda polarização social em que se encontrava o país. Por meio de entrevistas a figuras que protagonizaram aquele momento histórico, o filme retrata distintos aspectos centrais desse momento, como a polarização e a mobilização na base das forças armadas, o grande acirramento da luta de classes no campo brasileiro, a organização dos trabalhadores.

No debate promovido pelo Centro Ángel Rama, entidade que é um verdadeiro pólo de resistência ao processo de desmonte da USP e ao seu elitismo permanente, será focado um aspecto em particular: o da educação publicar do país, e qual papel a ditadura militar ocupou na herança que temos hoje. Em um momento em que, sob a demagógica fórmula de “pátria educadora”, o governo petista faz imensos cortes no orçamento da educação, e que greves de professores se levantam em todo o país, enfrentando duramente governos que vão do PSDB ao PSOL, retomar a continuidade histórica da estruturação da educação no país é imprescindível.

O papel que cumpria a UNE é bastante abordado no filme, e mostra os avanços e limites de sua atuação. Em primeiro lugar, agia como entidade auxiliar do governo na promoção de seu projeto de Reforma Universitária; o papel do movimento estudantil era, em um aspecto, de protagonista das lutas, estando na linha de frente de episódios marcantes, como a célebre “greve do um terço”, em que a principal demanda era a participação paritária dos estudantes nos órgãos decisórios das universidades (que seriam então compostos por um terço de estudantes, um terço de docentes, e um terço de trabalhadores técnico-administrativos). Contudo, os limites do programa eram evidentes, e chegavam até onde apontava o plano de Reforma Universitária do governo de João Goulart, o Jango.

Outro aspecto riquíssimo da atuação da UNE nesse momento foi a sua fusão com um setor de artistas que avançava à esquerda, procurando a entidade estudantil como uma ponte para se aproximar dos movimentos populares – isso também diante do fechamento dos sindicatos, dirigidos em grande parte pela rígida burocracia stalinista do PCB. Essa fusão deu origem ao Centro Popular de Cultura da UNE, o CPC, que, peregrinando o Brasil com a UNE Volante, representou peças nas ruas, criou filmes, fomentou a criação de CPCs por todo o país; entre suas criações memoráveis estão, por exemplo, o “Auto dos 99%”, uma peça de agitação e propaganda que crítica o profundo elitismo das universidades, nas quais entrava apenas 1% da população em idade universitária; e também a “canção do subdesenvolvido”, uma música satírica sobre a situação do país.

A UNE foi um fator político de peso nesse momento histórico, e o reconhecimento disso por parte da direita foi sua atuação decidida em fechar a entidade e incendiar sua sede logo no primeiro dia do regime militar.

A atividade promovida pelo Centro Ángel Rama tem uma importância fundamental, ao levar para dentro da universidade mais elitista do país esse debate. Retoma-se a discussão fundamental sobre a educação no país em um momento em que as lutas estudantis e de professores estão num momento ascendente contra os novos ataques; e discute-se qual papel social os estudantes podem ter diante da necessidade de mudanças estruturais, não apenas na educação, mas em todos os aspectos de nossa sociedade.

Convidamos todos a comparecer ao debate com Alípio Freire nessa terça-feira, 26/05, às 19:30, na sala 206 do prédio de Letras, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH).




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