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ELEIÇÕES SÃO PAULO | Debate eleitoral da Globo foi um verdadeiro acordo de comunhão da família conservadora

Nenhuma denúncia contra a censura à esquerda e cordialidade entre a família conservadora marcaram o último debate entre candidatos a prefeitura de São Paulo.

Diana AssunçãoSão Paulo | @dianaassuncaoED

sexta-feira 30 de setembro de 2016 | Edição do dia

O último debate a prefeito de SP, realizado pela golpista Rede Globo, espantou pela cordialidade armada: se no debate anterior a hipocrisia dos que atacam os trabalhadores reinou, neste último encontro dos candidatos antes do primeiro turno saltou aos olhos o acordo de não agressão entre a maioria. Foi como se os papéis estivessem distribuídos e todos devessem tomar cuidado para não revelar a verdade de seus crimes. Em sua maior parte, um debate entre a família conservadora, em que foi gritante a censura à esquerda promovida pelo partido midiático e a legislação eleitoral, que não foi denunciada por ninguém.

Para ilustrar: nenhum dos candidatos encontrou tempo suficiente, em quase três horas de debate, para repudiar a sentença reacionária do Tribunal de Justiça de São Paulo que anulou a condenação dos 74 policiais que participaram do Massacre do Carandiru, em outubro de 1992. Todo um sintoma do debate.

À parte Haddad e Marta, que se encontram em empate técnico depois da queda de Marta nas pesquisas (tem 11% e 15% das intenções, respectivamente) e que disputam os votos dos setores “anti-direita”, todo o debate se resumiu a uma troca de afagos e as promessas mais mornas de campanha (Erundina, no último bloco, desfiou críticas corretas principalmente ao tucano João Dória).

Doria, que lidera a disputa com 30% das intenções de voto, segundo o Datafolha, foi pouco questionado por seus adversários. Como se o “gestor” não fosse parte integral da política burguesa, sendo parte do PSDB metido na máfia da merenda em SP, acusado de sonegação de impostos no escândalo dos Panama Papers, tendo recebido dinheiro de empreiteiras da Lava Jato e mais de R$11 milhões de governos e estatais, além de ter invadido e apropriado ilegalmente um terreno público em Campos do Jordão (com a petulância de dizer que terá “tolerância zero” a invasores de propriedade).

Pelo debate, ninguém saberia que Russomanno foi réu por crime de peculato e está investigado por ser também parte da máfia da merenda, dirigida pelo tucanato em SP. Ou que o “defensor do código do consumidor” foi denunciado pelo Procon por fazer propaganda enganosa. Isso, porque Russomanno – que tem 22% das intenções de voto – quase não foi interpelado pelos candidatos.

Mas a golpista Marta Suplicy ganhou o prêmio “suado” de reacionária-chefe da noite. Quando perguntada sobre a reforma do Ensino Médio, editada como Medida Provisória pelo governo Temer para precarizar a educação pública e separar a formação escolar integral do ensino profissionalizante, Marta não só aprovou a medida, como disse que o problema das escolas “é que há muito professor, há muito aluno”. Não há confissão mais clara de sua identidade com o programa do PSDB no estado: demissão de professores e esvaziamento das escolas.

Encontrou tempo de denunciar os vendedores ambulantes, e criminalizou junto a Dória a cultura do pixo, numa postura agressivamente anti-juventude.

Haddad jogou o jogo do “candidato útil” para enfrentar o conservadorismo no segundo turno, centrando seus ataques em Marta. Mas com toda a diplomacia, praticamente sem mencionar Dória ou Russomanno, adotava a conveniência do “pacto de não agressão” com a direita. Adotou o “jingle” de Dória para escapar da crise de representatividade, tratando de afastar-se da política e dizendo-se “educador, e não político profissional”. Encarregou Erundina do PSOL a falar sobre a “ilegitimidade de Temer”, para preservar o voto da direita que disputa com Marta.

Ficou evidente como o debate eleitoral foi uma farsa montada para esconder toda a crise política nacional, bem menos citada entre os candidatos do que foi nos debates anteriores. Neste debate da família da direita, brilhou a ausência da maior parte da esquerda, que foi sistematicamente censurada pela mídia e pelo Poder Judiciário para que estas eleições não resultassem na aparição de um fenômeno político à esquerda do PT.

Luiza Erundina, que fez críticas corretas a alguns candidatos, mais uma vez se furtou de denunciar esta censura e exigir que toda a esquerda esteja nos debates.

Como viemos fazendo desde o início da campanha eleitoral, denunciamos mais uma vez o regime de censura contra a esquerda que o golpe institucional reforçou no país. Para enfrentar os candidatos do ajuste, da conciliação com os empresários e da direita golpista, é preciso avançar as idéias anticapitalistas para combater todos estes hipócritas nas ruas, com a força da luta dos trabalhadores, das mulheres e da juventude.

Neste domingo, fala parte desta força anticapitalista e apoie nossa candidatura a vereador em SP.




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