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LITERATURA E POLÍTICA | Debate com Carol Rodrigues na faculdade de Letras da USP: Mulheres na literatura e na política

Na quarta-feira, 14 de setembro, a escritora Carol Rodrigues e a candidata a vereadora, Diana Assunção, estiveram na faculdade de Letras para realizar um debate sobre literatura.

Gabriela FarrabrásSão Paulo | @gabriela_eagle

quinta-feira 15 de setembro de 2016 | Edição do dia

Ter na faculdade de letras uma escritora é algo raro; nos acostumamos a estudar literatura dos grandes escritores do cânone e raramente nos lembramos que há ainda literatura sendo feita e escritores existem trabalhando e lançando seus livros por pequenas editoras e caçando seu espaço entre best-sellers.

Carol rodrigues lançou seu belíssimo livro de contos, “Sem vista para o mar”, pela pequena editora Edith após uma oficina literária com Marcelino freire, que segundo a escritora foi quem reparou em seus contos as constantes imagens relacionadas a fuga e a animou a que compilasse esses contos em um livro. Após ganhar um concurso da editora teve seu livro lançado; em suas palavras foi mais importante ganhar esse concurso do que o prêmio Jabuti.

Carol abriu o debate lendo o primeiro conto de seu livro, “Onde acaba o mapa”. Sua leitura já nos causa um assombro – palavra com a qual Ivana arruda Leite descreveu-a na orelha de “Sem vista para o mar”. O conto tem um ritmo belíssimo e imagens dadas não aos contos, mas a poesia.

“Sem vista para o mar” traz o subtítulo “contos de fuga”, e ele entrega, se trata de um livro sobre fugas. Assim, como a literatura existe como fuga quando a realidade já não nos basta. Ao longo do debate o porquê de tal título em um livro sobre esse tema foi desvendado; a fuga, por excelência sempre acaba no mar, como uma espécie de redenção; mas Carol desconfia de tudo, e desconfia também da redenção, sendo quase cruel com seus personagens os leva ao interior do Brasil e nunca ao mar.

Questionada sobre como foi o processo de publicação de seu livro e de exposição de sua obra, disse que nunca caçou isso porque sempre foi muito difícil mostrar sua obra para os outros. Uma sensação de “tirar o fígado do corpo”, nas suas palavras.

Após uma analise feita por uma das espectadoras do debate em que foi pontuado a relação do conto lido com a realidade, como a homofobia. Carol declarou que “a gente escreve sobre o que nos atinge”, nem sempre de maneira consciente.

A principal influência da escritora é Cortázar, sem sombra de dúvidas um dos maiores contistas já existentes, que declarava que “o conto tem que cortar a cabeça do leitor”. Mas a escritora também citou que nessa campanha “Leia Mulheres” está agora imersa na obra de Katherine Mansfield, contista do seculo 19, recém-descoberta pelo público brasileiro por conta de uma tradução lançada esse ano feita por Ana Cristina Cesar.

Diana Assunção levou o debate a se aprofundar nessa questão da falta de escritoras e como foi a surpresa de uma escritora de contos, um nicho da literatura marginalizado no Brasil, ter ganhado o prêmio Jabuti concorrendo com grandes escritores. Carol rodrigues declarou que desde o ano passado com a campanha “Leia mulheres”, com a Ana Cristina Cesar sendo a homenageada da FLIP esse ano por uma exigência do público e de diversas escritoras passou-se a dar mais atenção as escritoras e o prêmio Jabuti veio nesse embalo, e talvez isso rume para que essa discrepância entre escritores e escritoras seja superado, porque o importante é que todas as vozes sejam ouvidas, para que eventos, como o que ela está organizando pelo Itaú Cultural que trará escritores de onze etnias indígenas, sejam mais constantes, pois “não devia mais ter FLIP sem escritores negros”.

Diana Assunção e Carol Rodrigues são amigas há mais de 15 anos e tomam os espaços públicos que foram negados há muito tempo as mulheres, uma como candidata a vereadora outra como escritora.




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