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ESPECIAL COLÓQUIO MARXENGELS | Debate comunismo nos tempos de hoje

Acontece de terça até sexta, no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp, o VIII Colóquio Internacional Marx e Engels, contando com 12 mesas redondas sobre variados temas, além da realização de plenárias que contará com presenças internacionais e nacionais como Peter Thomas e Vladimir Safatle, respectivamente.
Entre as mesas mais esperadas do primeiro dia, está a mesa: A Ideia de Comunismo Hoje. Que contou com a presença de Fernando José Fagundes, professor de filosofia da UFF.

quarta-feira 15 de julho de 2015 | 00:00

Sobre o debate, o professor disse:
“Eu acho muito oportuno o colóquio, em um momento de crise do capitalismo, a atividade é algo que se impõe. Também para aprender e pensar em formas alternativas. O comunismo é o nome de uma coisa a ser inventada ainda, ele ainda não teve nem a sua chance. Temos que reinventar essa ideia, e aproveitar o que a história nos ensinou para a emancipação da humanidade. Estamos acostumados a tomar o proletariado como sujeito histórico, só que hoje é muito difícil definir o proletariado. Partindo de Badiou, ele coloca que o sujeito histórico a ser inventado, ele vai ser inventado a partir da crise, da situação atual do capitalismo, que não tem como se sustentar por muito tempo.”

É importante considerar, que Alain Badiou é um grande intelectual dos nossos tempos e que traz consigo uma análise interessante, uma vez que considera o comunismo a única saída para as crises e opressões do capitalismo. Contudo, ao mesmo tempo e como expressado na fala do professor, Badiou não retoma o comunismo como força real vinculada à centralidade na classe trabalhadora juntos dos setores oprimidos, os verdadeiros sujeitos históricos na luta contra a opressão do capitalismo.

A concepção de que o sujeito histórico surge apenas no momento de convulsão (ver nosso texto sobre o espontaneísmo das massas) é uma visão que na verdade acaba não conseguindo dar uma saída de fundo ao capitalismo, uma vez que não considera suas bases sociais principais, e que debilita a organização de base dos trabalhadores e do povo pobre.

Badiou e o Syriza na Grécia

Em entrevista recente de Badiou à Kouvelakis, membro da Plataforma de Esquerda do Syriza, em que o filósofo francês, comparando a situação grega atual com o governo socialista de Mitterrand na França da década de 80, disse que o Syriza corria o mesmo risco de “não se deixar controlar pelo movimento de massas que o colocou no poder”.

Badiou questionou o “método político clássico” que utiliza o Syriza, a saber, “ocupar o poder central dentro da legitimidade constitucional/eleitoral para depois levar a cabo manobras e negociações com os ‘sócios’” sem tocar na propriedade privada, o que tornaria o programa do Syriza muito menos radical que o dos comunistas gregos (a despeito desta sobrevivência do stalinismo ser um aliado chave do imperialismo na contenção dos trabalhadores durante as dezenas de paralisações no país).

Recentemente a história vem mostrando na Grécia que um discurso “antiausteridade” separado de um programa anticapitalista é impotente para enfrentar as chantagens do imperialismo europeu, principalmente quando este discurso está fundado em negociações com os credores e separado da mobilização da força social dos trabalhadores.

Ensaiando uma aproximação deste debate do Colóquio à realidade, para aqueles que ainda acham que os trabalhadores são "uma categoria indefinida e relativa", teremos amanhã a primeira greve geral dos trabalhadores do setor público na Grécia contra o acordo de Tsipras e as entidades financeiras europeias. Este momento, que poderá colocar novamente os trabalhadores gregos como fator chave para a consequência da crise, não atesta a verdade de que a luta de classes dos trabalhadores é o principal vetor que recoloca a questão do comunismo?




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