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Chuvas MG | De mãos dadas com os empresários, Zema não tem plano de ajuda às vítimas das enchentes

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que organiza as cidades em torno do interesse de lucro das grandes empresas da especulação imobiliária e mineradoras, não tem um plano de emergência para as vítimas das enchentes, lavando as mãos frente a tragédia capitalista em curso.

Jojo de Paulaestudante de Design da UFRN e militante da Faísca

segunda-feira 10 de janeiro de 2022 | Edição do dia

Já somam 145 cidades de MG em estado de emergência por causa das fortes chuvas nas últimas 24h, que levaram a 9 mortos em todo o estado.

Desabamentos, deslizamentos, pessoas ilhadas e inundações estão sendo registrados em pontos críticos e 3 pessoas morreram. Essa já é uma das maiores catástrofes registradas que atinge especialmente os setores mais precários da população. O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que organiza as cidades em torno do interesse de lucro das grandes empresas da especulação imobiliária e mineradoras, não tem um plano de emergência para as vítimas das enchentes.

A reunião emergencial desta segunda (10), convocada pelo governador Zema com objetivo de discutir o enfrentamento dos danos provocados pelas chuvas com os prefeitos das cidades atingidas, terminou sendo um fracasso. Zema foi embora sem anunciar qualquer plano para responder as inúmeras tragédias que ocorrem no estado.

Zema afirmou apenas que irá ajudar os municípios desde que apresentem projetos, sem apresentar nada concreto, lavando as mãos perante a situação de emergência que vive a população. Não se falou sobre recuperação das estradas, como a BR-040 e BR-381, que dificultam a chegada de apoio após o bloqueio gerado pelos alagamentos, como o provocado pelo transbordamento da barragem de Pau Branco. Não deu garantia de alimentos para os milhares de desabrigados ou mesmo se terá ou não um plano para reduzir o impacto dos danos causados pelas enchentes. Esse é o nível do desprezo de Zema com a população mineira.

Reflexo do avanço das mudanças climáticas, as enchentes - que além de Minas Gerais, também atingiu a Bahia e nessa segunda chegou ao Rio de Janeiro - não são um casual “desastre ambiental”. Todo começo de ano é a mesma história trágica por conta das chuvas, sendo que em dezembro deste ano o problema era a falta de água para uma série de municípios de MG. O problema não é a natureza, mas a forma como os empresários e os governos capitalistas devastam o meio ambiente e "organizam" o caos urbano. Criam as condições sociais de tragédias, que atinge sobretudo a classe trabalhadora e o povo pobre, habitantes das áreas mais precarizadas das cidades. O próprio Bolsonaro, que sequer foi para a Bahia durante as enchentes, cortou 75% da verba de 2021 de combate a desastre ambiental como esses que estamos vivendo.

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Portanto, a situação de MG é de responsabilidade de Zema, de Bolsonaro, mas também dos militares, do congresso, e do judiciário, que permitem a entrega de extensas faixas de terra para superexploração e atendem aos interesses de mineradoras, como a Santanense, a Vallourec e a Vale (essa última vendida a preço de banana ao capital imperialista), a flexibilização de leis ambientais e a precarização do trabalho. Ao mesmo tempo que atendem aos interesse dos empresários da especulação imobiliária, obrigando as famílias mais pobres para as áreas de maior risco, e não garantem as mínimas condições sanitárias e estrutura urbana de escoamento de águas.

A tragédia em Capitólio (MG), que levou 10 pessoas à morte e 32 feridas, não foi uma ‘fatalidade’ como afirma o prefeito da cidade Cristiano Silva (PP), mas sim poderia ter sido evitada. A especialista em geologia e engenharia de minas Carolina Takano, 30, relatou no dia 28 de janeiro por e-mail ao Gabinete Militar do Governador e a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil um alerta sobre a necessidade de uma “inspeção geotécnica para mapear os riscos e tomar as devidas precauções”.

Além dela, outros especialistas alertaram para a necessidade do monitoramento do cânion. No entanto, nenhum desses avisos foram suficientes para que Zema e demais órgãos responsáveis tomassem as iniciativas necessárias no local, que é um importante ponto turístico de Minas. Portanto, essas pessoas foram vítimas do total descaso do governo do estado.

Basta de prioridade para os lucros capitalistas! Frente ao enorme descaso demonstrado por Bolsonaro e Zema, é urgente que o conjunto das organizações de esquerda, os sindicatos em especial da CUT, CTB, assim como a UNE e os DCEs que dirige, junto aos movimentos sociais, impulsionem uma ampla campanha de exigência de um plano emergencial. Um plano gerido pelos trabalhadores sob controle da população, com apoio de técnicos e especialistas, que comece por organizar a luta pela garantia moradia a todos desabrigados em hotéis que sejam socializados para esse fim e moradias desocupadas. Não pode ser que aconteça como na Bahia, sob governo de Rui Costa (PT), que famílias tenham que se alojar em baias junto a animais, expostos a todo tipo de doença, sem alimentação decente.

Por isso também é necessário batalhar pela garantia de alimentação para a população de todas as cidades atingidas com a organização de restaurantes públicos, abastecido pela produção da agricultura familiar. Junto às universidades e especialistas iniciar imediatamente a vistoria e a manutenção de todas as barragens necessárias, inclusive a interdição de barragens à montante. Um plano de obras públicas para a reconstrução de moradias, escolas, postos de saúde, estradas destruídas, que os desempregados possam trabalhar nessas obras com uma remuneração maior do que o insuficiente atual salário mínimo. Os governos federal, estaduais e municipais devem garantir os recursos para esse plano emergencial e de plano de obras a partir do não pagamento da dívida pública, da taxação das grandes fortunas com impostos progressivos, confiscando os exorbitantes lucros da mineração, das siderúrgicas e do agronegócio.

Zema, Bolsonaro e o conjunto do regime degradado do golpe institucional
é incapaz de realizar um plano como esse pois são partes de implementar os ataques contra a classe trabalhadora e ao meio ambiente, salvando os lucros dos capitalistas. Somente a nossa classe organizada defendendo um programa de emergência, que unifique o conjunto dos esforços da sociedade, pode dar uma resposta a essa catástrofe. E dessa forma, abrir caminho para a mobilização contra a extrema-direita e a direita, que possa dar uma resposta ao conjunto dos problemas da fome, do desemprego e da crise no país, superando a conciliação de classes do PT, que apenas fortalece os nossos inimigos responsáveis por essa situação.




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