O Ministério Público da Suíça bloqueou uma conta que teria como beneficiário o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A descoberta dos dados da conta complica situação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e evidencia que governo Dilma e todos os principais partidos da oposição de direita (já que políticos do PSDB também são denunciados) estão envolvidos em denúncias da operação Lava Jato.
quinta-feira 1º de outubro de 2015 | 03:52
(Foto: Luis Macedo/ Câmara dos Deputados)
Redação
As investigações contra os lobistas Fernando "Baiano" Soares e João Augusto Henriques, apontados como operadores do PMDB no esquema na estatal petrolífera fizeram surgir os dados da conta secreta, que teria Cunha como beneficiário. Já foram repassados ao Ministério Público Federal no Brasil, assim como os detalhes de quem fez depósitos. Se espera que serão divulgadas mais informações nesta quinta-feira, 1º.
Condenado na Operação Lava Jato, Fernando Baiano fechou acordo de delação premiada e confirmou o relato de outro lobista, Julio Camargo, de que o presidente da Câmara teria recebido propina de pelo menos US$ 5 milhões por contratos de aluguel de navios-sonda pela Petrobras.
Henriques, também preso, revelou como eram as indicações políticas na Diretoria Internacional da Petrobras, controlada politicamente pelo PMDB, segundo a força-tarefa da Lava Jato. Ele afirmou à Polícia Federal que abriu uma conta na Suíça para pagar propina ao presidente da Câmara. Segundo ele, a suposta transferência para Cunha está ligada a um contrato da Petrobras relativo à compra de um campo de exploração em Benin, na África.
O Ministério Público da Suíça já havia anunciado na semana passa que abriu investigações contra o ex-gerente da área Internacional da Petrobras Eduardo Musa, novo delator da Operação Lava Jato e que também citou o presidente da Câmara. No Brasil, Musa afirmou que chegou a ter US$ 2,5 milhões no banco Cramer e admitiu ter usado também o Credit Suisse e o Julios Baer.
Musa ainda disse à força-tarefa ter ouvido de Henriques que "quem dava a palavra final" em relação às indicações para a Diretoria Internacional da Petrobras era o deputado Eduardo Cunha.
No total, a Suíça anunciou a existência de US$ 400 milhões bloqueados nas contas do país, entre eles o valor de Musa.
Ameaçado
Eduardo Cunha rompeu com o governo Dilma em meados do ano, porém apesar de todo o esforço para se diferenciar do governo do PT, fica claro que faz parte do mesmo grupo de políticos que governam para os ricos e usam o poder que obtêm com isso para enriquecerem e usufruir de seus privilégios.
Conservador é autor de projetos machistas e elitistas, governando junto dos setores mais atrasados da política brasileira.
No entanto, o poder de Cunha vem sendo ameaçado porque, além de ter sido desmascarado pelas denúncias, é visto como uma fonte de instabilidade política, que poderia atrapalhar o aprofundamento dos planos de ataques aos trabalhadores (ajuste fiscal) que os empresários e seus representantes em Brasília seguem implementando.
Como os escândalos de corrupção e a insatisfação geral por parte do povo atingem todos os partidos dos ricos (PT, PMDB, PSDB etc), mostrando que o governo Dilma e a oposição de direita são ambos corruptos, as denúncias contra Cunha ainda podem forçar o mesmo a se reaproximar relativamente do governo para fazer um “acordo” e assim ainda tentar salvar sua pele, ou então tendem a se aprofundar e fazer sangrar mais o atual presidente da câmara.
Ou seja, quaisquer que sejam os rumos destas movimentações, servirão às medidas de ajuste e irão se chocar diretamente com os interesses e direitos dos trabalhadores e de todo o povo.
Temas
