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DENÚNCIA: enfermeira expõe descaso do governo de Pernambuco com trabalhadores da saúde

Em vídeo, técnica de enfermagem do Hospital Getúlio Vargas, em Recife, denuncia o governo do estado de Pernambuco, governado por Paulo Câmara (PSB), pela falta de equipamentos de proteção individual (EPIs), pela presença de pacientes com suspeita de coronavírus em áreas inadequadas do hospital e pela ausência de testes para os trabalhadores da saúde.

terça-feira 21 de abril de 2020 | Edição do dia

"Não aguento mais chorar, estou desgastada fisicamente, mentalmente e espiritualmente. Quem tiver um bom coração, doe material porque o hospital não está dando para a gente. E se eu levar a doença para casa? Depois vão dizer: ’técnica de enfermagem que lutou até o fim morreu com Covid-19’. Não quero isso."

Essa é parte da forte e desesperada denúncia de Alexsandra Albuquerque, uma das trabalhadoras da saúde que está na linha de frente contra a Covid-19 sem as mínimas condições necessárias de segurança e prevenção para o combate a pandemia. Em vídeo, Alexsandra faz um forte apelo ao Governo do Estado de Pernambuco, cujo atual governador é Paulo Câmara (PSB), pedindo para que faça o necessário enquanto ainda estão vivos, denunciando também que os milhões de matérias de proteção que foram anunciados nunca chegaram, obrigando os profissionais a reutilizarem as mesmas máscaras e se expor ainda mais ao vírus.

"Dizem que chegaram milhões de materiais, mas é mentira. A máscara que estou usando só protege por duas horas e, mesmo assim, temos que trabalhar com ela"

A técnica de enfermagem também relata a presença de pacientes com suspeitas de coronavírus em alas inadequadas no hospital mesmo existindo uma ala específica para os casos suspeitos de Covid-19. Assim como falta testes para os trabalhadores da saúde no hospital, em especial os técnicos de enfermagem, que hoje se enfrentam com o medo e a incerteza de estar com o vírus e não saber, sendo que, segundo relatos, cinco médicos do hospital e outros profissionais já foram diagnosticados com COVID-19.

"Olhem por nós, somos seres humanos. Somos técnicos de enfermagem e estamos cuidando dos pacientes, temos que ter equipamentos de proteção adequados. De quem esperam autorização para transferir o paciente, se existe uma ala para isso? Será que vamos ter que encomendar nosso caixão? Porque vamos morrer por falta de consciência dos administradores do hospital. Não quero morrer, mas pelo jeito vai ser o nosso fim, porque ninguém se importa conosco"

A forte denúncia escancara a política de morte que os governadores estão levando a frente de combate a pandemia. Mesmo os governadores de partidos que se colocam como oposição ao Bolsonaro, como o PSB de Paulo Câmara faz, continuam a colocar milhares de trabalhadores no front de guerra contra uma pandemia sem as mínimas condições necessárias para se manterem vivos. O PSB assinou junto com outras forças da oposição, como o PT, PCdoB, PDT, mas também PSOL e PCB, uma carta exigindo a renúncia de Bolsonaro, mas seus governadores são parte de não garantir testes massivos para a população, os equipamentos de segurança necessários para os trabalhadores da saúde e até mesmo mais leitos e respiradores para salvar mais vidas. A categoria dos profissionais de saúde é a que está na linha de frente para o combate do coronavírus. Mesmo assim, sofrem com o descaso dos governos que pouco se importam com suas condições de vida e trabalho, o que não só tem efeitos na qualidade do tratamento que os pacientes recebem, como no potencial cenário dos hospitais tornarem-se centros de contágio de outras pessoas graças a falta de equipamentos, estrutura e de funcionários.

Os trabalhadores da saúde de Pernambuco se encontram em uma situação ainda mais atemorizante, com 218 novos casos da Covid-19 registrados nas últimas 24 horas. Com isso, o Estado totaliza 2.908 casos confirmados e 260 mortes por Covid-19, sem contar os casos de subnotificação já que não são disponibilizados testes para todos, com 99% dos leitos já ocupados até a tarde da última segunda-feira (20).

É preciso um plano de medidas de emergência para garantir a saúde desses trabalhadores, com equipamentos de segurança adequados a todos aqueles que trabalham dentro dos hospitais, junto de testes para evitar a contaminação em massa desses trabalhadores, que já está em curso. Apenas a partir dessas medidas emergenciais será possível começar a travar uma batalha real contra a pandemia, garantindo a saúde daqueles que estão na linha de frente. A crise sanitária expressa que é que todo o sistema privado de saúde seja nacionalizado e controlado por seus trabalhadores junto com o SUS, já que a iniciativa privada não vai garantir leitos suficientes e testes massivos para a alocação racional de recursos e controle da epidemia. A saúde não pode ser a fonte de lucro dos empresários. Nossas vidas valem mais que o lucro deles!




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