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OPINIÃO | Cunha renúncia à presidência da Câmara chorando, nunca chorou a morte de uma mulher, um negro, um LGBT

Eduardo Cunha renunciou a poucas horas à presidência da Câmara. Fez sua renúncia em meio a pomposo discurso de que fazia isto em nome da governabilidade e do país. Atribuiu sua renúncia a uma perseguição que sofreria por ter conduzido o golpe institucional do impeachment. Teve a cara-de-pau de chorar, nunca chorou uma morte de um negro, de uma mulher, de um LGBT.

Diana AssunçãoSão Paulo | @dianaassuncaoED

quinta-feira 7 de julho de 2016 | Edição do dia

Eduardo Cunha renunciou a poucas horas à presidência da Câmara. Fez sua renúncia em meio a pomposo discurso de que fazia isto em nome da governabilidade e do país. Atribuiu sua renúncia a uma perseguição que sofreria por ter conduzido o golpe institucional do impeachment. Ao falar sobre sua família investigada, como ele, por ter se beneficiado de milhões roubados da Petrobras e outras empresas chorou. Lágrimas de um hipócrita e mentiroso que até agora se beneficiava de milionários benefícios legais. Sua política reacionária foi fonte de choro a milhões.

Seu período à frente da presidência da Câmara foram dias de diárias manobras em nome de sua impunidade, intermináveis manobras e chantagens para se beneficiar e conduzir o reacionário impeachment. Mas também da condução de projetos reacionários. Sob seu comando foi aprovada a redução da maioridade penal, expondo sobretudo os jovens negros que já são presa da violência policial, a prisões arbitrárias e sem julgamento. Foi também sob seu comando que foi proposto o “Estatuto do Nascituro” que criminaliza ainda mais o aborto, expondo as milhões de mulheres que são obrigados a se exporem a riscos de saúde porque o aborto não é legal, seguro e gratuito. Foi também sob sua condução que foi proposto e aprovado o “Estatuto da Família” que visa proibir o casamento civil de casais LGBT. Ainda sob seu aplauso que também a luz projetos reacionários como o “Dia do Orgulho Hétero” e da “proibição da cristofobia”. Aos trabalhadores ele reservou a condução rápida da PL4330 que visa generalizar a terceirização, precarizando o trabalho em todo país.

Em sua teatral atuação perante as câmeras de TV chorou. Nunca se viu uma lágrima pelos negros assassinados pela polícia, pelos 40% da população carcerária do país que nunca foi julgada e a redução da maioridade penal aumentará, nunca se viu uma lágrima pelas mulheres que morrem por abortos ilegais, nem muito menos por LGBTs assassinados dia a dia em nosso país.

Sua renúncia é recebida como um alívio para amplos setores de trabalhadores, de mulheres, de negros e setores LGBT. Porém sua queda não foi fruto de nossa luta nas ruas uma vez que os principais sindicatos do país e lideranças de movimentos sociais ligados ao PT isolaram cada denúncia e luta contra este reacionário de outras lutas e das greves, permitindo que ele permanecesse no poder e negociando seu futuro. Cunha ascendeu a seu poder com ajuda do PT, de quem foi aliado muito anos. Tal como foi o reacionário Feliciano e outros direitistas golpistas.

Cunha cai produto de uma manobra acordada com seu parceiro de golpe Michel Temer para eleger um novo “Cunha” menos descarado que o próprio que conduza a Câmara para votar o que for de interesse do golpe. Em troca deste favor está sendo articulada uma ampla manobra para salvá-lo da cassação ou ao menos de maiores punições como a cadeia. É preciso lutar pelo confisco de seus bens como de todos corruptos. Erguer uma força anticapitalista que se enfrente contra todos Cunhas. Dar uma voz anticapitalista a esta força nas Câmaras e Parlamentos para continuar nossa luta implacável contra os privilégios de todos políticos.




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