terça-feira 19 de julho de 2016 | Edição do dia
O relatório da Polícia Federal sobre a perícia num aparelho celular pertencente à Otávio Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez, mostrou que o executivo teve encontros com o presidente golpista, Michel Temer, em várias ocasiões entre 2011 e 2014, e que esses encontros foram mediados por ninguém menos que Eduardo Cunha, ex-presidente da câmara dos deputados.
Os encontros com Temer teriam servido, dentre outras coisas, para estabelecer como seriam feitas as doações em nome da empresa para o PMDB na campanha eleitoral de 2014, na ocasião a Andrade Gutierrez doou cerca de R$ 11,4 Milhões para o partido. Os encontros ocorreram em pleno gabinete da vice-presidência no Palácio do Planalto e também na residência do Vice Presidente, o Palácio do Jaburu, e aconteceram de forma não oficial. Sobre isso, o PMDB alegou que as doações da empresa para o partido na campanha de 2014 se encontram todas declaradas no TSE e que os compromissos ocorreram realmente mas que não foram detalhados na agenda oficial por "problemas técnicos".
Vale lembrar ainda, que Azevedo é réu Lava-Jato e em Abril deste ano fez delação premiada onde entregou planilhas que detalhavam o repasse de propinas em formas de doações legais para campanhas de vários partidos, incluindo o PMDB de Cunha e Temer, Essas propinas seriam para que a empresa fosse beneficiada em licitações de obras públicas.
As trocas de mensagens mostram ainda como Cunha e Azevedo tinham certa intimidade entre sí e também com Temer, a quem chamam pelo primeiro nome, "Michel". As outras mensagens de Cunha para Azevedo também demonstram como o deputado agiu para aprovar modificações em textos de leis que beneficiariam patronais como a Andrade Gutierrez, além de informações sobre pagamentos a serem realizados para o PMDB e até uma empresa do próprio Eduardo Cunha.
Passados alguns meses desde o golpe, a Lava-Jato parece ter pisado no freio, parte por iniciativa das disputas no próprio judiciário que parece ter setores com diferentes interesses conforme relatamos aqui. Mas o mais concreto é que de lá pra cá, todas as outras grandes denúncias que apareceram citando Temer e outros políticos ligados ao governo golpista, parecem não ser de grande prioridade nem da justiça e nem sequer são alardeadas com a mesma intensidade pela mídia burguesa, que se esforça para passar a impressão de um cenário político mais estável para garantir as eleições deste ano e até o mega evento das Olimpíadas no RJ, mesmo quando as notícia, se olhadas mais à fundo, não parecem demonstrar nenhuma grande perspectiva de mudança. Que os negócios sigam, ataques avancem essa é a máxima da grande mídia, mesmo que seja encobrindo a corrupção.
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