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DEPOIMENTO DE CUNHA | Cunha alega que seu silêncio nunca esteve à venda (e acha que convence)

Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ex-presidente da Câmara cassado e preso em outubro do ano passado, depôs hoje na Polícia Federal, em Curitiba, durante cerca de 1h30. No depoimento ele negou que tivesse sido pago por Temer para não fazer acordo de delação premiada. "Meu silêncio nunca esteve à venda", alegou.

quarta-feira 14 de junho de 2017 | Edição do dia

Cunha saiu do Complexo Médico-Penal em Pinhais, onde está detido, para depor no inquérito que investiga o presidente Michel Temer (PMDB). Ele foi condenado pela Operação Lava Jato a 15 anos de reclusão.

O ministro Luiz Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), homologou a delação premiada dos proprietários do frigorífico JBS dia 18 de maio deste ano. Na delação, o empresário e dono da JBS, Joesley Batista, revelou gravação de uma conversa com Temer na qual afirma que o presidente permitiu que ele continuasse pagando Cunha para ficar em silêncio e não estabelecer um acordo de delação.

De acordo com seu advogado, Rodrigo Rios, Cunha respondeu apenas às perguntas relacionadas à delação dos donos da JBS, de um total de 47 perguntas. E, embora tudo prove o contrário, afirmou que “seu silêncio nunca esteve à venda”, negando categoricamente ter sido procurado por Temer ou mediadores do presidente para ficar calado em troca de dinheiro, segundo alegou seu advogado.

Cunha se recusou a responder às perguntas ligadas ao seu suposto recebimento de propina “por ser um tema que não faz parte do inquérito que investiga Temer”.

Um dia antes, o ex-deputado federal tentou uma manobra, assim como fez em diversas ocasiões ao ser derrotado nas votações na Câmara dos Deputados. Dessa vez ele enviou um ofício ao STF pedindo “readequação da pauta”, porque queria ter acesso às gravações em que Temer e ele são citados na delação de Joesley Batista da JBS. Caso o pedido fosse aceito pelo Supremo, o depoimento poderia ser postergado para que Cunha pudesse responder ao interrogatório com ampla defesa. A gravação é datada de março deste ano.

Enquanto o silêncio de Cunha “nunca esteve à venda”, o presidente Temer diz que não teme delações e afirma que jamais atuou para beneficiar a JBS no governo, negando acusações contra si.

Fachin ainda concedeu cinco dias para a PF concluir o inquérito sobre Temer (até segunda-feira,19).

Após analisar se há provas contra o presidente, a Procuradoria-Geral da República deve oferecer uma denúncia; caso contrário, poderá arquivar o caso, garantindo a impunidade de Temer.




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