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ELEIÇÕES RIO | Crivella procura alianças “éticas” com Bolsonaro, Aécio e Kassab

O Bispo Marcelo Crivella corre atrás de apoios para o segundo turno no Rio de Janeiro para se enfrentar com Freixo do PSOL. O Bispo declarou para a imprensa que rejeita alianças com políticos “ficha suja”, porém, os primeiros de sua lista são Bolsonaro, Aécio e Kassab.

terça-feira 4 de outubro de 2016 | Edição do dia

Com uma votação menor do que apontavam as pesquisas, 27% dos votos contra 18% obtido por Freixo, o Bispo Marcelo Crivella embarcou na noite de ontem para Brasília. Sua missão: correr atrás de apoio dos líderes dos partidos que ficaram de fora do segundo turno no Rio de Janeiro. Depois de ceder o cargo de vice ao PR de Anthony Garothinho em troca de tempo de televisão, Crivella anuncia que procurará Kassab, Aécio e Bolsonaro em troca de apoio.

Além da aliança com Garothinho, e após três igrejas evangélicas do Rio e Baixada terem sido lacradas pelo Tribunal Regional Eleitoral por fazerem campanha pelo candidato (Igreja Universal de Duque de Caixas e a Igreja Mundial de Belford Roxo, e no Rio, a Igreja Universal de Del Castilho, do próprio Bispo), o mito do político “ficha limpa” que não busca alianças com corruptos enfrentará outras grandes dificuldades para se sustentar, à cada dia que se aproxima da votação do segundo turno.

A viagem à Brasília será para se reunir com os “colegas” no Senado Federal. Crivella irá correr atrás dos 8% de Osório (PSDB), e para isso tentará o apoio com Aécio Neves. Contra o senador tucano não faltam delações, de que teria recebido 1 milhão em propina em 2001 segundo Sérgio Machado, ou do esquema de corrupção em Furnas, segundo Fernando Moura. Talvez a noção de “corrupção” de Crivella seja a mesma do Supremo tribunal Federal e da Procuradoria Geral da República que sucessivamente arquivou as investigações contra Aécio.

Em Brasília, Crivella também deverá se encontrar com o Gilberto Kassab, Ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações do governo golpista de Temer, ex-ministro das Cidades do Governo Dilma, para negociar os 8% obtidos por Índio da Costa, do PSD de Kassab. Kassab enriqueceu com a política: de 94 a 98 seu patrimônio declarado aumentou de 102 mil para 985 mil quando foi deputado estadul e secretário de planejamento do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta. Já em 2008, seu patrimônio era de R$ 5.107.628,31. Em 1998, a 10ª Vara da Fazenda Pública tirou os direitos políticos de Kassab por cinco anos. Em 2000, o Tribunal de Justiça de São Paulo confirmou a sentença, depois suspensa pelo STJ. Em 2004 enfrentou um processo por enriquecimento ilícito e teve o sigilos bancário quebrado, decisão que foi derrubada dois dias depois por um desembargador, e o caso foi arquivado em 2005. Em 2014 a justiça tentou cassar seus direitos políticos por desrespeitar decisão de justiça em 2006 que determinava o pagamento de precatórios (240 milhões destinados a custos judiciais, dos quais apenas 122 milhões foram pagos e o resto gasto em outras despesas) quando era prefeito de São Paulo.

O terceiro da lista, Bolsonaro, além de réu por incitação ao estupro, é patrono da direita reacionária contra os direitos das mulheres, dos LGBTs e dos trabalhadores. Um dos eixos principais de sua política, pedir a volta da Ditadura Militar, que além de torturar e matar qualquer um que fosse contra o regime, e aplicar um duro arrocho salarial contra os trabalhadores, é pedir a volta do regime mais corrupto da história brasileira. O regime militar beneficiava ainda mais aqueles que tinham boas relações para fazer da política uma forma de enriquecer e ameaçava com a morte quem ousasse denunciar sua podre corrupção: do escândalo Luftalla, que já envolvia Paulo Maluf na época, até Caso Delfim, e o pioneirismo nos “elefantes brancos” em obras como a Transamazônica. Como não se pode viver só de passado, Bolsonaro é citado na lista de Furnas como apontou este site.

Flávio Bolsonaro, que passou mal no primeiro debate televisivo, já anunciou que fará campanha contra o Freixo. Questionado mais de uma vez pelos jornalistas se isso significaria apoiar Crivella, respondeu “ele é que tem que me procurar primeiro”. Um jogo de cena, ao qual mesmo os estridentes Bolsonaros não escapam, para tentar vender mais caro seu peixe. Crivella já incorporou vários projetos reacionários que são ativamente defendidos pela família Bolsonaro como o "Escola sem Partido", agora aparentemente trata-se de negociar cargos e outros benefícios "éticos" e religiosos, afinal trata-se de gente religiosa e militar.

Os amigos de Crivella, da reação e da corrupção, vários deles citados na Lava Jato e outros esquemas de corrupção, mostram que o candidato das igrejas é uma opção para tirar o PMDB e colocar outros amigos da corrupção em seu lugar. Uma opção, afinal, todos eles são convertidos, nas regras do que há de mais podre na política capitalista nacional.




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