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RIO DE JANEIRO | Crivella lança mais repressão aos pobres com decreto de internação forçada

segunda-feira 5 de agosto de 2019 | Edição do dia

Crivella decretou hoje (05) a internação compulsória de pessoas em situação de rua que venham a ser diagnosticadas como dependentes químicos pelos médicos da prefeitura. O decreto regulamenta que os médicos da prefeitura poderão forçar as pessoas a ficarem até 90 dias presas, contra a vontade delas.

O médico terá auxílio da repressiva Guarda Municipal, que já patrulha grande parte das ruas do Rio de Janeiro e, junto com a Polícia Militar, reprime e mata, ou ainda, ataca ambulantes e até transeuntes como uma grande milícia legalizada da Prefeitura:

“A GM-Rio priorizará a identificação de quaisquer suspeitos de posse ou porte ilegal de armas de fogo ou aquele injustificado de armas brancas, tais como facas, facões, canivetes, navalhas, punhais, dentre outras com potencial para violar a integridade física de terceiros, circunstância essa que, sendo confirmada, imporá a sua apresentação à autoridade policial.”

Esta é uma medida para perseguir todos os pobres do Rio de Janeiro, uma medida que tem um alvo com uma classe social e uma cor bem definida: é contra aqueles que perderam tudo nestes 4 anos de crise criada pelos capitalistas e descarregada nas costas dos trabalhadores. É contra os mais desfavorecidos, é também contra os negros, contra os que não conseguem ter um lugar aonde morar no Rio de Janeiro, contra os que foram vítimas das tragédias do capitalismo, que depende da existência da pobreza extrema para existir.

Para tal, Crivella lança mão dos preconceitos arraigados contra os mais pobres, como se toda a população em situação de rua fosse dependente química. Além disso, Crivella também lança mão de outro preconceito - questionado por especialistas - que o que afirma que a dependência química pode ser tratada em hospitais psiquiátricos ou lugares de internação com estas características.

Estes preconceitos só podem ser afirmados por que nunca conheceu uma vida de trabalho na cidade do Rio de Janeiro: é o caso, já desde muito anos antes da própria crise são centenas de trabalhadores que não voltam para suas casas e permanecem nos centros da cidade durante certos períodos dentro dos intervalos da escala de serviço. Isso vem do fato que, devido ao caos do transporte público que é controlado por máfias ligadas ao governo, trabalhadores são forçados a dormir na rua ou por falta de transporte, ou devido a distância do trajeto.

Segundo o decreto: “Será indicada depois da avaliação sobre o tipo de droga utilizada, o padrão de uso e na hipótese comprovada da impossibilidade de utilização de outras alternativas terapêuticas disponíveis na rede de atenção à saúde.”

Ou seja, o absurdo decreto simplesmente dispõe de direitos sobre a vida das pessoas em situação de rua, que com uma canetada de um médico da prefeitura - contratado para o serviço - já é o suficiente para manter a pessoa presa por três meses.

Crivella assinou uma ordem expressa para que os médicos da prefeitura saiam internando forçadamente os pobres. Alias, enquanto o faz, não diz de ondem sairão também os recursos para a internação, afinal de contas, com a gestão Crivella, os hospitais cariocas estão à beira do cataclismo - e a população que procura um atendimento e quem sabe até se internar, aguarda meses na fila ou tem que "procurar a Márcia".

Este é mais um ataque de Crivella, que vem fazendo de sua prefeitura um verdadeiro desastre na vida dos cariocas. Vale lembrar, que mesmo assim, Crivella não é o primeiro à lançar mão da internação compulsória. Quem o fez primeiro foi ninguém menos que Eduardo Paes, durante os megaeventos, mandou assistentes sociais da prefeitura "recolherem" (como se fossem objetos) à força os moradores de rua.

Os sucessivos governos do Rio governam para a especulação imobiliária e para o lucro dos capitalistas. Isto explica as obras superfaturadas feitas sob encomenda de uma meia dúzia de especuladores e investidores que usam o dinheiro público para fazer valer seus interesses contra os interesses da maioria. A população em situação de rua nada é mais do que resultado desta política capitalista.

Para resolver esta situação, a única forma é expropriar os imóveis vazios de grandes empresas especuladores (e são muitos os imóveis!), para haver casas para todos. Um plano de obras públicas para construir casas e ao mesmo tempo empregar os trabalhadores desempregados, tudo isso pago com a taxação das fortunas dos capitalistas que tanto lucraram com esta crise.




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