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CENSURA DA ARTE RJ | Crivella e o show de transfobia: peça com Jesus interpretado por mulher trans é censurada no Rio

Crivella afirma ter censurado peça em que Jesus seria interpretado por mulher trans em nome da "liberdade religiosa". "É uma censura que garante os direitos de liberdade religiosa e das pessoas não serem ofendidas na sua liberdade religiosa", disse o prefeito do Rio e bispo da Universal.

quarta-feira 6 de junho de 2018 | Edição do dia

O espetáculo "O Evangelho segundo Jesus, Rainha do Céu" foi censurado no Rio de Janeiro por Crivella, bispo da Igreja Universal e prefeito da cidade, pois Jesus de Nazaré seria interpretado por uma mulher trans. Em um show de transfobia, Crivella admite ter censurado a peça em nome da "liberdade religiosa". A peça já havia sido proibida em Jundiaí, interior de São Paulo. A partir da interpretação de um ícone religioso que prega amor e aceitação, a peça busca incitar uma reflexão sobre os problemas sociais sob uma perspectiva que ressalta as tão reivindicadas qualidade de Jesus.

"É uma censura que garante os direitos de liberdade religiosa e das pessoas não serem ofendidas na sua liberdade religiosa" disse Crivella. O prefeito da cidade considera ofensivo Jesus ser interpretado por uma mulher trans, e em resposta, a atriz Renata Carvalho, que irá fazer o papel respondeu: "Jesus é imagem e semelhança de todes, menos de nós pessoas trans. É inapropriado".

Em diversos feriados cristãos Jesus é interpretado nas suas cenas clássicas de sofrimento descritas na bíblia: homem e branco. Nesses momentos, não soa ofensivo para os fundamentalistas religiosos e para a bancada da bíblia o uso da imagem de Cristo. Entretanto, ao renascer na arte no corpo de uma mulher trans é rechaçado outros personagens do mesmo grupo de Crivella, como Marco Feliciano e Silas Malafaia, que colecionam pérolas machistas, LGBTfóbicas e racistas.

O argumento de "liberdade religiosa" dado por Crivella não poderia ser tão fajuto e hipócrita: ano passado, o líder religioso e prefeito do Rio escancarou qual é a religião que ele prega "respeito e liberdade" quando consagrou a Igreja Universal onde ele é bispo na lei de entidades "sem fins lucrativos", que são consideradas de "utilidade pública" pelo município. Esse título que Crivella presenteou a igreja onde é bispo permite que a Universal possa ser financiada com dinheiro público, por se tratar de uma entidade de interesse público.

O avanço da direita conservadora e reacionária sobre a liberdade artística teve duros episódios desde o ano passado, como aconteceu com os ataques e censuras à mostra Queermuseu. Para esta escória, pouco importa se as pessoas trans ficam de fora do acesso à educação e à saúde e se tem uma expectativa de vida inferior à 35 anos. Preocupam-se em continuar atacando diariamente a comunidade LGBT, privando de aparecer nos espaços artísticos e de mostrar suas histórias.




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