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EUA E CORONAVÍRUS | Crise nos Estados Unidos: 16 milhões de novos desempregados em três semanas

quinta-feira 9 de abril de 2020 | Edição do dia

Nesta quinta-feira, foram divulgados os dados semanais sobre pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos. Com 6,6 milhões de pedidos nos últimos 7 dias, chega a 16 milhões em apenas três semanas. No outro extremo, milhares de trabalhadores que são forçados a trabalhar em atividades não essenciais e sem proteção adequada começaram a realizar distintos protestos.

Mais de 6,6 milhões de trabalhadores solicitaram o seguro desemprego nos Estados Unidos na semana passada, além dos quase 10 milhões que o fizeram nas duas últimas semas devido à crise do coronavírus, informou o Departamento do Trabalho na quinta-feira.

O número foi ligeiramente inferior aos 6,867 milhões - um número sem precedentes - na semana anterior, mas ainda superou as expectativas dos analistas, que haviam calculado a perda de cerca de 5,25 milhões de postos de trabalho.

Essa imagem devastadora mostra que, apesar do resgate bilionário votado no Congresso, este destina grande parte dos US$ 2 trilhões no pacote para resgatar empresas, estas, por sua vez, estão descarregando o impacto da crise sobre os e as trabalhadoras. O número representa um recorde que é apenas comparável à crise que antecedeu a Segunda Guerra Mundial.

Enquanto o Congresso aloca esses milhões para resgatar os setores financeiro, bancário e industrial, e a Reserva Federal usa outro tanto para comprar dívidas dos empresários e dos estados, para injetar dinheiro, milhões de desempregados afirmam que vão esperar semanas, até um mês, para poder receber o seguro desemprego.

No outro extremo dessa realidade estão milhares de trabalhadores, muitos deles das atividades não essenciais, como das redes de fast food, que denunciam que são forçados a trabalhar sem nenhum tipo de proteção e sem licença médica paga, inclusive pelo corona. É por isso que, nas últimas semanas, houve todos os tipos de protestos e até greves em setores como Mc Donald’s, Amazon, Whole Foods, Instacart e dos profissionais da saúde que não recebem os elementos básicos de proteção, mesmo estando na linha de frente da luta contra o coronavírus.

Lembre-se de que esse fato alarmante é apenas a ponta do iceberg, pois os pedidos de seguro desemprego não refletem toda a realidade do mercado de trabalho. Freelancers e trabalhadores ativos sem contrato não têm acesso a esses benefícios, portanto, seus casos não são considerados ou contabilizados.

Não há indenização nos Estados Unidos e a grande maioria dos e das trabalhadoras não tem direito a licença médica ou seguro de saúde que cubra atendimento médico adequado. Essa combinação explosiva é a que está por trás de outra realidade alarmante: de que os setores com menos recursos, como os latinos e afro-americanos, são os que apresentam as maiores taxas de contágios e mortes pelo vírus.

O maior pacote de "estímulo fiscal" da história já aprovado pelo Congresso, tem como objetivo principal o socorro imediato dos capitalistas, enquanto o cheque de US $ 1.200 para trabalhadores registrados que perderam sua renda ou o cheque adicional de US $ 600 para aqueles os que cobram pelo seguro-desemprego, tornou-se uma quimera. Os estados dizem que não têm capacidade para processar todas as informações; as famílias passam um mês inteiro sem renda.

Como consequência vemos cada vez mais as cidades começando a estabelecer pontos de entrega de alimentos onde é possível ver filas de quilômetros para acessar uma ração semanal que lhes permita não morrer de fome. Fora desse panorama, ainda estão os setores mais desprotegidos, tanto os imigrantes sem documentos quanto todos aqueles com empregos informais que não são contabilizados e que nem sequer recebem esse benefício básico e tardio.

Tudo indica que esse cenário vai se agudizar. Juntamente com o acenso da crise, espera-se que as ações dos trabalhadores, como as mencionadas acima, que lutam para trabalhar em condições seguras, também se multipliquem e, possivelmente, os milhões que começam a ficar desempregados se juntarão, pois já não têm mais nada a perder, a não ser as correntes.




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