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CORONAVÍRUS | Crise mundial: 195 milhões de empregos serão perdidos pelos efeitos do coronavírus

A Organização Internacional do Trabalho estimou uma redução do emprego em todo o mundo de 6,7% para o segundo trimestre de 2020. O informe afirma que é a pior crise desde a Segunda Guerra Mundial.

quarta-feira 8 de abril de 2020 | Edição do dia

A crise econômica acelerada pelos efeitos da pandemia a nível global provocará graves consequências que ainda não desconhece os prazos e a profundidade, mas que muitos analistas afirmam que será pior que a recessão de 2008.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) publicou um informe que adverte que a pandemia se acelerou e ampliou seu alcance a nível mundial e que a paralisação total ou parcial já afetam quase 2,7 bilhões de trabalhares, que representam ao redor de 81% da força de trabalho mundial.

O documento alertou que existe um alto risco de que o incremento do número de desempregados no mundo no fim de 2020 seja muito maior que a projeção inicial (25 milhões) publicada no primeiro comunicado da OIT. “É a pior crise mundial desde a Segunda Guerra Mundial”, avisou o informe.

Frente à crise as patronais em vários países decidiram demitir, suspender e cortar salários. A OIT sinalizou que já começou uma queda do “emprego em grande escala (e muitos casos, sem precedentes)”. A OIT utilizou a variação das horas de trabalho, que reflete tanto as demissões como outras diminuições temporais de tempo de trabalho. Com este método a partir do primeiro de abril de 2020, estimaram que no segundo trimestre de 2020 haverá uma queda no emprego de ao redor de 6,7%, o equivalente a 195 milhões de trabalhadores em tempo integral (considerando uma jornada de 48 horas semanais). Também foi feito o cálculo com 40 horas semanais e a perda e emprego alcançaria 230 milhões de pessoas de tempo integral.

O documentou afirmou que “muitos destes trabalhadores deverão encarar uma perda de renda e mais pobreza, inclusive no caso de encontrarem outras atividades (voltar para a agricultura nas zonas rurais, por exemplo)”.

A maior parte das perdas de emprego e redução de horas de trabalho acontecerão nos setores mais afetados. A OIT calculou que 1,25 bilhões de trabalhadores, o equivalemnte a 38% da população ativa mundial, estão empregados em setores que na atualidade tem uma baixa na produção e um alto risco de deslocamento da força de trabalho. Esses setores incluem comércio varejista, serviços de acomodação e serviços de alimentação e indústrias de transformação.

Segundo as projeções da OIT, na Europa haveria uma queda de 7,8% nas horas trabalhadas, o equivalente a 15 milhões de empregos de tempo integral se consideramos uma jornada semanal de 40 hoas; nos Estados árabes, a queda será de 8,1 %, e na região da Ásia e do Pacífico, 7,2%; e América, 6,3%.

A maldita informalidade

Os trabalhadores precários são os mais afetados nesta crise. A OIT estimou que ao redor de 2 bilhões de pessoas trabalham de maneira informal (incluem assalariados sem proteção social ou outros acordos formais em empresas do setor informal e formal, os trabalhadores por conta própria como os vendedores ambulantes e as trabalhadoras domésticas), e a maioria delas se concentra nos países dependentes e semicoloniais.

O documento sustentou que “os trabalhadores deste âmbito carecem da proteção básica que os empregos do setor formal costumam oferecer, e inclusive a cobertura de segurança social. Sua situação é desfavorecida também quanto ao acesso aos serviços de atenção à saúde; em caso de adoecimento, carecem de substituição de renda. Nas zonas urbanas, muitos trabalhadores do setor informal trabalham em setores da economia muito expostos à infecção pelo vírus, e outros se vêm diretamente afetados pelas medidas de confinamento, como os recicladores de resíduos, os vendedores ambulantes, os operários de construção, os trabalhadores do transporte e as trabalhadoras e trabalhadores domésticos.”

A OIT indicou que na Índia, onde quase 90% da população trabalha na economia informal, ao redor de 400 milhões destes trabalhadores correm risco de ver agravada sua situação de pobreza durante a crise.

Em vários países os trabalhadores informais e precários são os que tem que seguir trabalhando expondo sua vida porque não tem licenças pagas, nem cobertura de saúde em troca de baixos salários.

Que a história não se repita

O diretor geral da OIT, Guy Ryder, na apresentação do informe sustentou que as medidas que os governos estão tomando para proteger os postos de trabalho amortecerá o impacto. No entanto, os Estados estão anunciando medidas que buscam salvar o grande capital nesta crise como já aconteceu em 2008.

Nos Estados Unidos foi aprovado um pacote de dois trilhões de dólares, onde dois terços serão destinados diretamente a efetivo e empréstimos para as empresas e apenas um terço para ajudar milhões de trabalhadores.

As medidas no Reino Unido e na Europa também priorizam salvar os negócios dos empresários.

As medidas que são urgentes nesta crise, frente à perda do emprego são as licenças pagas com garantia de 100% dos salários (sob responsabilidade das empresas e do Estado), que inclua os trabalhadores informais e precários, a proibição das demissões e suspensões com redução salarial, tomar e colocar sob controle dos trabalhadores toda empresa que feche ou demita massivamente, entre outras.
Frente à catástrofe que nos ameaça é necessária uma saída de outra classe para que os trabalhadores e os setores populares não paguem os custos dessa crise.

Publicado originalmente no Izquierda Diario Argentina, integrante da Rede Internacional La Izquierda Diario, assim como o Esquerda Diário.




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