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CRISE MIGRATÓRIA | Crise migratória faz com que crianças sejam prostituídas e exploradas na Europa

A crise migratória na União Europeia escancara a falência do sistema capitalista, demonstrando toda exploração e opressão desse regime. Na Europa crianças refugiadas são exploradas e prostituídas, enquanto seus países continuam sendo alvos das guerras imperialistas.

Odete AssisMestranda em Literatura Brasileira na UFMG

quinta-feira 24 de setembro de 2015 | 00:35

FOTO: Getty

As imagens das crianças afogadas pelos mares europeus enquanto buscavam refúgio das guerras em seus países chocaram o mundo. A imagem de uma criança síria morta nas areias de uma praia turca despertou uma mistura de ódio e revolta, pois escancarava a crueldade de um sistema falido, o pequeno garoto sírio era a expressão de mais uma vida retirada pela barbárie capitalista.

Mas o horror do drama migratório não se encerra nas vidas perdidas pelas águas dos mares europeus. Muitas crianças, quando conseguem sobreviver à travessia das fronteiras europeias, são submetidas a condições desumanas, exploradas, oprimidas, prostituídas. Enquanto Merkel e companhia discutem formas de barrar os refugiados e espalhar a xenofobia na União Europeia, são os setores mais oprimidos e vulneráveis os que mais sofrem com a crise.

Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), durante os primeiros seis meses de 2015 cerca de 106 mil crianças solicitaram asilo ou refúgio na Europa, um aumento de 74%. Crianças com menos de 10 anos geralmente embarcavam para o continente acompanhada de outros membros da família. Entretanto, a porcentagem de crianças que chegam sozinhas tem aumentado.

A expectativa das famílias que mandam seus filhos à Europa visando um futuro melhor, são frustradas pelas políticas xenófobas e racistas da União Europeia. Como se não bastasse os horrores da guerra em seus países de origem e a separação dos pais ou da maioria dos familiares, essas crianças precisam encarar os horrores do caminho até a Europa, podendo sofrer ataques e abusos durante a travessia.

Acabam tornando-se alvos fáceis da ganância capitalista, prontas para serem exploradas a serviço dos lucros de alguns. No sul da Itália foram abertos diversos centros de abrigos que chegam a receber até 75 euros diários por cada criança que abrigam – e 35 euros por cada adulto. Com o aumento no número de refugiados as autoridades italianas permitiram a abertura de abrigos privados para crianças, os quais não possuem nenhum controle das suas atividades. Grande parte desses abrigos estão em condições extremamente precárias de saneamento básico, possuem cabos elétricos expostos e descaso em relação às crianças.

Pouquíssimos abrigos possuem tradutores suficientes para se comunicar com as crianças, além de não haver profissionais capacitados para lidar com as vítimas de exploração sexual. Essas crianças ficam abandonadas desprotegidas nesses centros e muitas vezes acabam fugindo e se perdendo pelas ruas italianas. Um dos principais destinos das crianças abandonadas do Oriente Médio é a estação Termini de Roma – a principal estação ferroviária da cidade.

Como não possuem outra opção para manterem-se em um país desconhecido, muitas crianças acabam caindo na prostituição como única forma de se alimentarem e sobreviverem na Europa. Muitas vezes oferecem sexo apenas em troca de um prato de comida.

Com a chegada de mais imigrantes pelo Mediterrâneo, o problema do tráfico sexual de mulheres nigerianas e a prostituição de meninas do país têm aumentado bastante – incluindo adolescentes. Após a dura jornada até a Líbia, elas são mantidas em cativeiro por traficantes, que abusam delas sexualmente, antes de enviá-las em lanchas com destino à Itália. Ao chegarem à Europa são obrigadas a se prostituírem para pagar o trajeto, chegando a custar entre 50 mil e 60 mil euros (R$ 223 mil a R$ 267 mil). Essas jovens mulheres – algumas de até 13 anos – acabam transformando-se em "escravas".

A realidade escancarada pela crise migratória na Europa demonstra como esse sistema é totalmente podre e incapaz de garantir condições mínimas de vida digna a todos os seres humanos. As crianças mortas nas águas europeias ou exploradas e prostituídas a serviço dos lucros capitalistas só comprovam como nos momentos de crise são os setores mais oprimidos e explorados da população os que mais sofrem.

Contra as políticas xenófobas, racistas e machistas aplicadas pela União Europeia, defendemos que a os trabalhadores não tem pátria e que a luta para acabar com as fronteiras nacionais é também a luta contra a Europa imperialista e seus monopólios.




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