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Eleições 2022 | Crise do PSOL: direção busca entrar na coordenação de campanha de Lula-Alckmin

Na última sexta (11), a Executiva Nacional do PSOL decidiu abrir negociações com o PT para apoiar a candidatura de Lula e ser parte da coordenação de campanha, cujo cenário está avançando para que Geraldo Alckmin seja vice. Um nítido avanço da linha da direção de subordinação à política do PT, que se desenhava desde o Congresso do PSOL no ano passado, passando por cima da conferência eleitoral que estava indicada e dos debates internos do partido.

segunda-feira 14 de fevereiro de 2022 | Edição do dia

Foto: Ricardo Stuckert

Como foi publicado na mídia burguesa, a intenção do PSOL é já sair para a composição da lista de siglas que apoiarão a candidatura de Lula e ser parte da coordenação de campanha, passando por cima da conferência eleitoral que estava indicada e dos debates internos do partido. Esse debate corre paralelamente ao debate da federação partidária que estão articulando para compor com a REDE, partido que apoiou o golpe institucional de 2016 e ataques contra a classe trabalhadora.

Veja também: PSOL organiza federação com a Rede, partido burguês defensor dos ataques contra trabalhadores

Mesmo não sendo parte das mesmas articulações, tanto o apoio a Lula, quanto a federação com a REDE, concretizam os planos do PSOL de subordinação a uma política de conciliação de classes, como vem sendo a trajetória construída ainda por Marcelo Freixo dentro desse partido, mas que partiu para o PSB.

A história já nos mostrou que no caminho da conciliação de classes, quem sai na frente é a classe dominante, a mesma que compartilha com Bolsonaro cada um dos ataques às condições de vida da classe trabalhadora e do povo pobre e oprimido. Para derrotar Bolsonaro, ao contrário de alianças com setores dos mesmos golpistas que foram responsáveis por traçar sua ascensão, é preciso confiar na força da mobilização da classe trabalhadora.

A candidatura de Lula se encaminha com força para um cenário de que Alckmin fala parte como vice-candidato à presidência, o que escancara que os objetivos do PT são de governar junto a setores que realizaram o golpe institucional que depôs a própria Dilma Rousseff (PT) em 2016 e, ainda mais estruturalmente, fazer política para o mercado financeiro. Isso se demonstra pelo debate atual em torno da reforma trabalhista, em que Lula chegou a dizer que revisaria à la Reforma Trabalhista do Estado Espanhol, mas recuou por pressão de Alckmin e do mercado financeiro.

Vale lembrar que a reforma trabalhista do Estado Espanhol, na realidade é oriunda de um acordo entre o governo PSOE-UP, empresários e centrais sindicais, continua permitindo demissões irrestritas, sem indenização por parte do empregador, possibilitando também demissões coletivas por “causas econômicas, técnicas, organizacionais e produtivas". Os mecanismos de redução salarial e de jornada de trabalho são perpetuados graças a participação ativa das burocracias sindicais e dos patrões nessa reformulação. E, como se não bastasse, as terceirizações continuam também por essa reforma reivindicada por Lula.

Nada novo sob o sol dos anos de governos petistas que triplicaram a terceirização no Brasil, além de confirmarem a trajetória de alianças com setores reacionários que se densevolveram para governar e tutelar o país hoje no pós-golpe, como a bancada evangélica, o agronegócio e as Forças Armadas. Setores que são a base de Bolsonaro e da extrema-direita que quer reeditar a reforma trabalhista, aprova e implementa o conjunto dos ataques e destila ódio contra os setores oprimidos.

Mas o PSOL quis se colocar durante anos como um partido à esquerda do PT. No entanto, hoje se encaminha mais o caminho que também veio trilhando todos esses anos de subordinação à política do PT e de alianças com partidos dos capitalistas, expressando sua crise interna.

No Congresso do PSOL do ano passado, a principal polêmica foi em torno da tática eleitoral para este ano. De um lado, o bloco “PSOL de todas as lutas”, formado pela Primavera Socialista (corrente de Juliano Medeiros, presidente do PSOL), Revolução Solidária de Boulos, Resistência de Valério Arcary e parte da Bancada Feminista de São Paulo, Subverta e Insurgência. De outro, o chamado bloco da “Oposição de Esquerda”, composto pelo MES de Luciana Genro e Sâmia Bomfim, APS, CST, LS e Fortalecer. Com 56% dos delegados, o primeiro bloco, que defendia não lançar candidatura presidencial e, na prática, estar com Lula desde o início, saiu vencedor. E agora, a direção majoritária passa por cima da decisão de realizar uma conferência eleitoral do partido, negociando com Lula para entrar na coordenação da campanha.

Veja também: Congresso do PSOL vota subordinação à política do PT

O Brasil vem passando por um processo de aceleração da precarização do trabalho, inflação, fome e desemprego. O assassinato brutal de Moïse é a expressão mais crua e violenta do que a precarização pode significar para os trabalhadores. São milhões de trabalhadoras e trabalhadores com jornadas extenuantes, sem quaisquer direitos e expostos a acidentes de trabalho. Por isso, nós do Esquerda Diário e do MRT, que construímos o Polo Socialista e Revolucionário junto com o PSTU e ativistas, colocamos a necessidade do conjunto das organizações de esquerda levantarem uma forte campanha unificada pela revogação integral da reforma trabalhista, articulando com a demanda pela revogação de todas as reformas e privatizações. A começar pelas centrais sindicais como a CSP-Conlutas, as Intersindicais, mas também movimentos sociais e o movimento estudantil, que articulados, podem impulsionar em seus locais de trabalho, estudo ou moradia, uma campanha real para exigir que as grandes centrais assumam essa campanha, e construam um verdadeiro plano de lutas contras os ataques e privatizações. O Polo Socialista Revolucionário deve ser parte dessa iniciativa, articulando com diferentes setores que possam fortalecer essa campanha, assim como todos os parlamentares que questionam os malefícios da reforma trabalhista e que acreditam que é preciso organizar a luta para além da política de conciliação petista devem utilizar suas bancadas e projeção para contribuir para ampliar essa demanda, e através dessa articulação construirmos uma força que mostre essa luta como uma necessidade fundamental para a vida do povo pobre e trabalhador organizando agitação, panfletagens e atividades públicas.

Confira: Um chamado à esquerda para uma campanha unificada pela revogação integral da reforma trabalhista




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