×

CRISE MIGRATÓRIA #BEMVINDOSREFUGIADOS | Cresce o movimento de solidariedade popular com os refugiados na Alemanha

Enquanto os ataques racistas e xenófobos contra os refugiados ficam impunes e o governo alemão restringe as leis de asilo, aumenta a solidariedade aos imigrantes. Um movimento de solidariedade que cresce contra a xenofobia imperialista no país que o principal destino dos refugiados na Europa.

domingo 6 de setembro de 2015 | 16:30

Depois da última segunda-feira em que as autoridades húngaras permitiram o embarque de mais de 3600 pessoas com destino à Alemanha, aos poucos chegavam milhares de imigrantes a província da Bavária e para sua capital Munique, para serem registrados e enviados a um centro de acolhimento até que sejam terminados os trâmites para a solicitação de asilo.

O surpreendente é que desde o última terça-feira a partir da primeira hora, os refugiados receberam a ajuda a população que levou água, artigos de higiene, frutas, pães, roupas e se colocaram a disposição para traduzir, etc. Era tamanha solidariedade que por volta do meio-dia, as autoridades avisaram para não serem levados mais coisas, mas as pessoas seguiam demonstrando seu apoio, até que num momento chegou-se a haver mais pessoas solidárias do que refugiados na estação de trens de Munique.

Mas o que ocorreu em Munique era somente um exemplo entre milhares; pessoas solidárias que acolheram aos refugiados em suas casas, os ajudaram em sua vida cotidiana, lhes deram aulas de alemão, etc. Há muitas iniciativas de base agrupadas ao redor dos centros de refugiados para ajudarem aos imigrantes.

Este é o caso da iniciativa de base “Moabit hilft” (“Moabit ajuda!”) que foi criada para apoiar aos imigrantes em um centro de refugiados localizado em um bairro de Berlim e se transformou em um grupo que organiza a solidariedade a milhares de berlinenses que diariamente oferecem ajuda em todos os âmbitos possíveis. Em frente as oficinas em que tramitam as solicitações de asilo em Berlim (chamadas LaGeSo), quase dois mil refugiados estão acampando a espera de uma resposta oficial. Por falta de disposição da prefeitura de Berlim para mudar esta situação, milhares de pessoas oferecem serviços médicos, de tradução, cuidado para as crianças, alugam apartamentos para os refugiados, organizam alimentos e muito mais.

Várias personalidades do mundo televisivo também deixaram público seu apoio aos refugiados e seu desprezo à política de asilo alemã e à violência racista.

Esta solidariedade pode ser observada também nos primeiros partidos da recém iniciada temporada da liga de futebol, a Bundesliga, onde os fás de cada time levaram cartazes com a inscrição da frase “bem-vindos refugiados”.

Até o fim de semana passado (28/09), as manifestações de solidariedade com os refugiados que ocorreram em muitas cidades do país, estavam limitadas aos grupos da esquerda radical. Mas isto mudou no sábado, 29/08, quando 10000 manifestantes lotaram as ruas de Dresden em rechaço a política racista do governo alemão.

Contra a xenofobia e o racismo: a luta nas ruas

A crise migratória não tem fim. A resposta repressiva dos governos imperialistas europeus só aumenta a xenofobia e o racismo e provoca a morte de centenas de refugiados a cada semana.

Na quarta-feira (2), a Itália retomou o controle de sua fronteira com a Áustria, a pedido da Alemanha, onde no mês de agosto, pela primeira vez, chegaram ao país mais de 100.000 refugiados. Desde outubro, a UE, envia tanques de guerra, submarinos, aviões não tripulados e porta-aviões ao Mar Mediterrâneo em sua “luta contra os traficantes”, ou seja, contra os refugiados. Mais uma vez, a resposta imperialista diante da crise imigratória é a repressão e a militarização.

Os partidos patronais na Alemanha, tem um duplo discurso cínico: enquanto rechaçam a palavra violência racista, estão de acordo em restringirem mais as leis de asilo. E enquanto anunciam que não deportarão refugiados provenientes das zonas de guerra como Síria e enchem a boca para afirmarem os “valores europeus”, não tardam em fazer com que seja “mais ágil” o processo de deportação dos “imigrantes ilegais”.

Em sua conferência de imprensa, Ângela Merkel anunciou que para a abertura de novos centros de refugiados teria que ser mais “flexível” porque nem todos os prédios cumprem com os requisitos necessários, por exemplo, com relação à proteção contra incêndios. Podem ser rebaixados os requisitos de segurança para os centros de refugiados quando todos os dias há novas notícias de incêndios e ataques a estes lugares!

Mas mesmo que o governo não mude sua política racista que fomenta a violência xenófoba, enquanto os ataques contra os refugiados não param; há um novo fenômeno que pode mudar este clima reacionário. É um novo movimento que surge em solidariedade popular aos refugiados.

A esquerda tem o grande desafio de desenvolver e canalizar este apoio enorme em um movimento democrático antirracista massivo e que seja capaz de fazer frente à violência xenófoba, organizando a autodefesa dos refugiados e em relação às leis repressivas, conquistando assim, plenos direitos sociais e políticos, além do acesso ao trabalho digno para todos os imigrantes, sejam estes “legais” ou “ilegais”.

Somente a luta de conjunto com os trabalhadores nativos e imigrantes, pode arrancar demandas como o salário igual para trabalho igual, a repartição das horas de trabalho para todos os trabalhadores, empregados ou desempregados e o fim da precarização do trabalho junto as demandas históricas do movimento dos refugiados.

É esta força social a que pode fazer frente à Europa do Capital com suas fronteiras nacionais militarizadas, sua repressão institucional racista e xenófoba. É preciso dar uma resposta internacionalista e operária para a crise e abrir caminho a uma Europa dos Trabalhadores que acabe com as intervenções e a espoliação imperialistas, que as razões profundas da crise migratória atual.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias