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GOVERNADORES NORDESTE | Contrário aos atos antifascistas, Camilo Santana (PT) reabre economia do Ceará e acena aliança com Maia

O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), declarou na sexta (5) em sua conta no Twitter que é “absolutamente contra” as manifestações antirracistas, antifascistas, pelo Fora Bolsonaro hoje. Camilo Santana se diz ser em favor das vidas com essa declaração, mas na verdade só demonstra demagogia, pelas medidas ineficazes e repressoras, tomadas durante o período de quarentena em seus decretos, e também pela retomada da economia no estado, tudo para, na verdade, beneficiar os empresários.

domingo 7 de junho de 2020 | Edição do dia

As ruas em diversas cidades do Brasil se levantam hoje contra o racismo gritando que #VidasNegrasImportam. Se não for por falta de ar sintoma da covid-19, as vidas negras estão sendo sufocadas e arrancadas pela violência policial, como vemos com o assassinato de George Floyd, que acendeu as chamas nas mentes das novas gerações nos EUA e se alastram pelo mundo. Aqui, contra o assassinato de João Pedro, que estava em casa, morto com tiros da polícia do governador Wilson Witzel (PSC); de Miguel, de 8 anos, filho da empregada doméstica Mirtes, que foi vítima do desprezo dos patrões que não tiveram a capacidade de olhar pela sua segurança enquanto a mãe levava o cachorro para passear. Por parte do governo Bolsonaro, acompanhamos as declarações absurdas racistas, contra os trabalhadores e o povo pobre, dele e seus comparsas na reunião ministerial.

É nesse cenário que Camilo Santana (PT), governador do Ceará declarou no Twitter:

Hoje o Brasil chegou a 36.044 óbitos e 676.494 casos confirmados, segundo levantamento do portal G1 junto a secretarias de saúde estaduais. Nacionalmente vemos o impacto da política de Bolsonaro nesses dados, que se expressa pela censura que seu ministro da Saúde impôs na sexta (05) omitindo as atualizações dos dados no portal do Ministério, e também tem base no objetivo de retomar a economia por pressão do imperialismo norte-americano, sem nenhuma garantia de testagem para a população e de proteção para os que estão na linha de frente, sendo a cabeça do negacionismo no país. Isso fica escancarado com a declaração de Paulo Guedes no fim do mês passado, que disse serem necessárias "compreensão" e "solidariedade" para retomar a economia, obviamente para salvar os bolsos dos patrões.

No Ceará, a atualização dos dados pela Secretaria da Saúde deste sábado (06), mostram que o estado computava 63.575 casos confirmados e 3.965 óbitos por covid-19. É sem política alguma de real combate à pandemia que Camilo Santana, supostamente parte da oposição ao governo Bolsonaro, declara que não quer ver as ruas arderem em revolta pelas misérias que o capitalismo traz. Ele anunciou, em live neste sábado que teria início a primeira fase do plano de retomada econômica em Fortaleza. Na transmissão, declarou que a região Norte do estado segue em isolamento social “rígido”, seguindo medidas repressivas, inclusive, caso haja descumprimento.

Além dessas medidas que, na verdade, fortalecem a quarentena enquanto responsabilidade individual, Camilo Santana também demonstra ser demagógico e estar do lado dos patrões quando isentou dívida de empresários, enquanto faltam testes e leitos no Ceará. Assim como os dados em relação à contaminação de profissionais da saúde, em maio, eram de 17%, justamente pelo governo não fornecer EPIs, máscaras para a linha de frente real do combate à pandemia.

A política insuficiente de Camilo Santana chegou ao máximo de 60% de isolamento, enquanto mantinham suas indústrias produzindo normalmente, com trabalhadores sendo infectados todos os dias. Ou seja, sequer houve um aumento significativo no distanciamento social nos estados que adotaram em certo nível a política de lockdown, e o Ceará é um deles. No RN, por exemplo, a governadora Fátima Bezerra (PT) foi denunciada nas redes por atender os interesses empresariais e dos pastores, enquanto a saúde começava a entrar em colapso.

Também em seu Twitter é possível verificar onde estão colocados os esforços do governador do PT pela divulgação da live com Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Rodrigo Maia (DEM, presidente da Câmara dos Deputados), Nelson Jobim (ex-presidente do STF) e Flávio Dino (PCdoB, governador do Maranhão). Os esforços são colocados na formação do que chamam de aliança suprapartidária, em que o objetivo seria a unidade de setores institucionais, que acaba servindo para preservar setores do golpe de 2016, do centrão, inimigos da classe trabalhadora, com objetivo eleitoral.

O papel dos governadores do PT e do PCdoB está em consonância com o papel que esses partidos cumprem na direção do movimento de trabalhadores e da juventude, com a CUT, a CTB e a UNE, que deveriam fazer coro com o chamado dos atos e organizarem essas manifestações em cada local de trabalho e estudo, pela unidade da classe trabalhadora, da juventude, com o sentimento antirracista e antifascista para fazer tremer o Brasil contra Bolsonaro, e também contra Mourão, general que disse que os manifestantes teriam que ser conduzidos “às barras da lei” em artigo no Estadão.

Veja o editorial: Como encarar a luta antirracista e antifascista no Brasil?

É na unidade desse sentimento de revolta com manifestações como a dos entregadores de aplicativo na Avenida Paulista que aponta a via para conquistar não só justiça para cada vida negra assassinada, mas também para dar respostas mais profundas na luta contra a exploração e a opressão capitalista, estampados com sua cara mais podre pelo governo Bolsonaro, e sem nenhuma confiança no STF golpista.

Somente um programa com a classe trabalhadora à frente, no controle, é que pode dar uma saída para salvar vidas. Com liberação dos serviços não essenciais, renda mínima de um salário médio de R$2000, proibição das demissões.

E é por isso que a batalha por Fora Bolsonaro e Mourão, com uma oposição verdadeira, para que a resposta à crise política, econômica e social não seja canalizada pelo regime do golpe institucional e descarregada sobre os ombros dos trabalhadores, deve ser por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana imposta pela força das mobilizações. A possibilidade de transformar essa revolta e indignação contra Bolsonaro e contra o desprezo pelas vidas negras em coordenação de cada local de trabalho e estudo para os atos, seguindo todas as orientações de segurança sanitária, mas buscando torná-los cada vez mais massivos, deve ser a aposta para impor uma saída dos trabalhadores e do povo pobre.

Todo apoio às manifestações que acontecem hoje pelo país! Acompanhe a cobertura pelo Esquerda Diário.




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