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INTERNACIONAL | Contra o corona, governos de todo o mundo oferecem xenofobia e racismo

terça-feira 17 de março de 2020 | Edição do dia

Avanço dos nacionalismos e proteção das fronteiras nacionais ou combate internacionalista em defesa da vida das massas trabalhadoras? Essa talvez seja uma das questões mais pertinentes frente à atual crise sanitária de pandemia do coronavírus. Isso porque de cara, logo nos primeiros anúncios do surgimento do vírus, circulava renovado o discurso xenófobo anti-China, que levou a uma série de ações e discursos xenófobos. Na Itália, residentes de origem asiática no início de fevereiro relataram as agressões verbais que sofriam nas ruas de Roma. Um grupo de jovens chineses disse que, do outro lado da rua vinham gritos que os mandavam voltar à China porque tinham coronavírus.

Essa não foi a única denúncia. Chineses foram proibidos de entrarem em bares, dentre outras denúncias que circularam pelas redes e levaram a que o artista chinês Chenta Tsai Teng tenha iniciado a hashtag #ImNotAVirus (#NaoSouUmVírus) em protesto ao enorme grau de xenofobia que surgiu em rebote ao surgimento da doença na China.

O foco desse texto, entretanto, não está na condenação de sujeitos que individualmente promoveram discursos de racismo e xenofobia, mas no fato de que por parte dos governos essas ações e discursos são endossados com políticas profundamente xenófobas e racistas.

Na sexta-feira (13), a União Europeia anunciou a restrição do espaço Schengen por 30 dias, uma medida que retrocede na relativa liberdade de trânsito que houve na Europa. Para evitar aumento de casos de contaminação, a burguesia “desfaz” seu trabalho dos últimos 30 anos e vai descoordenando respostas para a crise, com cada país protegendo suas próprias fronteiras em nome da preservação de sua produção e de seu lucro. A zona de livre trânsito de Schengen é formada por 22 dos 27 países membros da União Europeia, além da Islândia, Noruega, Suíça e Lichtenstein. Reino Unido e Irlanda não fazem parte.

Ainda que a restrição não se estenda a pesquisadores e profissionais de saúde - além de diplomatas, políticos e suas famílias - fato é que o sentido de proteção de fronteiras em grande medida fortalece a ideia de “unidade nacional” contra o “inimigo estrangeiro”, com cada país protegendo a sua própria burguesia. O conteúdo de classe dessa suposta proteção é visível na onda de demissões, ou mesmo de trabalhadores obrigados a trabalhar mesmo infectados, além de outras barbáries capitalistas que viralizaram nas redes sociais, como as redes de farmácia que compraram todos os lotes de álcool gel disponível para lucrar com o desespero das massas, enquanto governos não fazem qualquer medida popular de higienização, nutrição e fortalecimento do terreno biológico das massas trabalhadoras, assoladas pelo vírus em grande medida pelas privações impostas pelo sistema capitalista e suas consequências na má nutrição, más condições de moradia, pioradas de forma incalculável pelo estresse do trabalho.

A medida européia de fechamento de fronteiras vêem logo após algumas medidas xenófobas já conduzidas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, que no início da crise já havia impedido que chineses e iranianos desembarcassem nos EUA. Nesta quarta-feira (11), anunciou que vai suspender as viagens de países da Europa aos Estados Unidos por um período de 30 dias, contados desde a última sexta-feira.

O nosso tempo não pára de nos dar a mensagem de que o capitalismo não dá mais. Frente a essa crise da saúde, entra no centro do palco o ciclo de precarização a qual trabalhadoras, trabalhadores e os mais pobres, idosos e crianças são submetidos: nos falta alimento, nos faltam direitos, nos falta trabalho e vida de qualidade. Enquanto o que os governantes e estados capitalistas nos oferecem xenofobia e racismo, é preciso ativar nas mentes e nas lutas da classe trabalhadora em todo mundo a urgência de respostas para salvar as vidas da classe trabalhadora, estreitanto as fronteiras para qualquer ajuda, pesquisa, envio de alimentos e outros tipo de suporte, além de colocar à frente de quaisquer medidas as necessidades básicas alimentares e médicas para que seja possível proteger os mais expostos, os mais pobres, os idosos. Esses políticos que só oferecem xenofobia e dizem que assim estão combatendo o vírus, são na verdade os mesmos que lucram com a superexploração que, em primeiro lugar, tornou nossa classe vítima dessa catástrofe. É nossa hora, de nosso protagonismo, de dar um basta, porque nossas vidas valem mais que o lucro deles.




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