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DECLARAÇÃO DE VOTO AO GOVERNO DO RS | Contra Sartori, Leite, Bolsonaro e as reformas, votamos nulo no governo do RS

Eduardo Leite (PSDB) e José Ivo Sartori (MDB) disputam o Piratini nesse segundo turno. Ambos já declararam apoio a Bolsonaro e disputam seu eleitorado no RS. Nenhum deles apresenta uma saída para a crise do estado. Pelo contrário, ambos apresentam um projeto de governo que visa descarregar a crise econômica nas costas dos trabalhadores e da população mais pobre, governar para os ricos e avançar na privatização do patrimônio público gaúcho.

segunda-feira 22 de outubro de 2018 | Edição do dia

Sartori vem de um enorme desgaste fruto de 4 anos de parcelamentos e atrasos salariais, bem como extinção de fundações públicas, fechamento de escolas, venda de ações do Banrisul. tentativas de privatizações e mais ataques. O Plano de Recuperação Fiscal que vem negociando com o governo Temer visa suspender o pagamento da dívida pública durante 3 anos, com a contrapartida de privatizar a CEEE, a CRM e a Sulgás. Trata-se de um verdadeiro plano de entrega do estado para as mãos da iniciativa privada - os amigos de Sartori agradecem, como vimos o Presidente da Seivasul Mineração S.A. ajudando a financiar sua campanha. Qualquer paralelo entre a tentativa de venda da CRM com os interesses de empresas mineradoras na candidatura de Sartori não é mera coincidência. Financiamento privado é investimento. Quem ganha são os ricos, enquanto os trabalhadores amargam nas filas de hospitais e no desemprego que só cresce.

Eduardo Leite tampouco apresenta qualquer alternativa distinta. Financiada por mega empresários do ramo imobiliário, telecomunicações e de shoppings, como a Cyrella e a família Jereissati (Oi e Iguatemi), o candidato tucano já afirmou que vai dar continuidade aos ataques de Sartori e faz demagogia com o salário dos professores e demais servidores públicos. Diz que educação é prioridade, assim como Marchezan (PSDB) falou durante campanha para a prefeitura de Porto Alegre e logo nos primeiros meses começou a parcelar e atrasar salários dos professores e servidores do município. Se pegarmos os exemplos das demais administrações tucanas Brasil afora, veremos como o “diálogo” do PSDB com os professores é na base da bomba, bala de borracha e porrada (vide o tratamento de Beto Richa, no Paraná, com os professores do estado, ou de Alckmin e Dória com os professores de São Paulo).

A verdade é que a enorme crise do estado do RS não vai se resolver de maneira fácil. Ambos os candidatos apresentam propostas de “saída” da crise onde os trabalhadores são atacados Por que devemos pagar por uma crise que não foi criada por nós?

Agora ambos os candidatos dividem espaço na TV e na internet para reivindicar o autoritário e reacionário Bolsonaro. Aprovam Bolsonaro pois ele representa a continuidade violenta do golpe institucional e das reformas de Temer, como a da Previdência, e ainda mais ataques. Se vencer, Bolsonaro virá com um projeto de privatização enorme para o país, com o objetivo principal de enriquecer grandes empresários estrangeiros com a venda da Petrobrás, dos Correios, de bancos públicos e demais empresas públicas. Com um discurso que parece ter saído dos porões da ditadura militar, o candidato de Sartori e Leite exalta o torturador Ustra e dissemina ódio sistematicamente contra negros, mulheres e LGBT’s com suas declarações absurdas. Agora com o escândalo do Caixa 2 de empresários financiando disparos ilegais de notícias falsas no WhatsApp, Leite e Sartori abertamente apoiam uma campanha recheada de fraudes.

A situação em que nos encontramos neste segundo turno se explica em grande medida por essa seta à direita na situação nacional que, particularmente no Rio Grande do Sul, vem ganhando um peso forte como se expressou nos mais de 50% dos votos válidos para Jair Bolsonaro no primeiro turno. Em meio a eleições manipuladas pelo judiciário a extrema-direita se fortalece nacionalmente. Essa situação se liga também à forte crise pela qual vive o PT gaúcho. Desde 1994 o PT vem alcançando o primeiro ou segundo lugar nas eleições para governo do estado. Essa é a primeira vez nos últimos 24 anos que fica de fora. O golpe em 2016 e as eleições manipuladas pelo judiciário em 2018, com a retirada autoritária de Lula do páreo, explicam boa parte dessa crise pela qual vive o partido. Mas não só. O PT governou o país durante 13 anos junto à direita, às bancadas conservadoras e os empresários. Aderiram aos métodos de corrupção de qualquer governo capitalista, e sua política de conciliação de classes significou ataques contra a classe trabalhadora e o povo quando a crise econômica pesou no Brasil, sobretudo no segundo governo de Dilma. No RS Miguel Rosseto apresentou mais uma vez um programa de conciliação com os empresários ao mesmo tempo que prometeu colocar salários de servidores em dia, algo que em meio a crise, sem atacar a burguesia, seria quase impossível. Uma saída para crise para que não seja a classe trabalhadora e o povo a pagar por ela passa pelo fim das isenções fiscais para os grandes empresários e o confisco de bens dos grandes sonegadores, como nós do MRT e do Movimento Nossa Classe viemos defendendo há tempos. Assim, o PT vem pavimentando o caminho para o fortalecimento do golpismo e da direita a nível nacional e também estadual.

A direção central do CPERS, comandada pelo PT e PCdoB, há tempos vem construindo a desmoralização na categoria. Desde a greve de 2015, e passando pela forte greve de 2017, a direção do PT e PCdoB trai greves e vem afirmando que o problema do estado é um problema de “vontade política” tão somente. Sabemos que a crise capitalista internacional é real e dessa forma a direção do CPERS acaba desarmando os trabalhadores e não preparando um grande combate de classe. Pior, desde o fim das eleições em 2014 vem culpando setores da esquerda por ajudar a eleger Sartori ao criticar o Tarso Genro. Em nenhum momento faz autocrítica sobre as promessas não cumpridas de Tarso, como a garantia do piso nacional para a categoria e a manutenção das generosas isenções fiscais ao grande empresariado, tampouco apresenta um programa que faça com que os capitalistas paguem pela crise que eles mesmos criaram. Se Leite vencer, estaria correto dizer que o CPERS ajudou a eleger Leite pois criticava Sartori? Não acreditamos nessa lógica. É essa lógica que ajuda a impedir com que uma voz independente dos trabalhadores possa surgir como alternativa às variantes burguesas que se colocam no cenário estadual.

Para uma visão mais completa do balanço da greve de 2017, veja o balanço que fizemos da greve de 2017 aqui

Ao contrário do plano privatista e entreguista de Sartori e Leite, nós defendemos um programa anticapitalista para o estado do Rio Grande do Sul de forma que os capitalistas paguem pela crise, e não os trabalhadores e a população mais pobre. Apenas através da mobilização dos trabalhadores é possível impor um programa que dê um fim aos privilégios da casta política e do poder judiciário, que acabe com as isenções fiscais bilionárias das grandes empresas no estado, que cobre dos grandes sonegadores, confisque os seus bens e avance para o não pagamento da dívida pública com a União - mecanismo que vem servindo para usurpar o dinheiro dos trabalhadores e ir direto para os grandes bancos. Nesse sentido o conjunto dos sindicatos do estado podem cumprir um papel bastante importante, e em especial o CPERS. Nesse sentido é preciso uma política de retomar os sindicatos para as mãos dos trabalhadores e superar as direções do PT e PCdoB. O Movimento Nossa Classe, o MRT e o Esquerda Diário está a serviço dessa batalha.




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