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CONGRESSO DOS TRABALHADORES DA USP | Que os capitalistas paguem pela crise

O Movimento Nossa Classe, composto por militantes do MRT e independentes, atua no movimento operário de diferentes estados, em várias categorias e na USP compomos a Diretoria do Sindicato dos Trabalhadores da USP, como minoria, batalhando para desenvolver os elementos que fazem do Sintusp um dos sindicatos mais democráticos e combativos do país, e ao mesmo tempo defendendo as posições que consideramos fundamentais para preservar e aprofundar sua independência de classe e ampliar sua força e capacidade de organização.

domingo 14 de abril de 2019 | Edição do dia

Que os capitalistas paguem pela crise

Os trabalhadores precisam ter independência de classe!

Estamos diante de um governo de extrema-direita, apoiado pelo imperialismo e fruto do golpe institucional cujo objetivo é descarregar a crise sobre nossas costas. Por isso, foi fundamental que nosso sindicato tenha se posicionado claramente contra o impeachment de Dilma em 2016 e contra a prisão arbitrária de Lula, sem dar nenhum tipo de apoio político ao PT. Esta posição de independência de classe permite que hoje lutemos contra esse governo sem ter apoiado o golpe institucional ou a Lava Jato, que é um de seus pilares e parte de fortalecer um autoritarismo judiciário contra os trabalhadores e a favor dos empresários estrangeiros.

Entretanto este é um debate que hora e meia volta ao Sindicato, porque existem correntes que defendem que apoiemos o golpe institucional, a Lava Jato e a ofensiva imperialista na Venezuela, por exemplo. Ou então que “não temos que debater política” no Sindicato. Isso significaria abrir mão da nossa independência de classe, ou seja, da batalha para que os trabalhadores não se submetam à política de setores da classe dominante. Frente a um governo como o de Bolsonaro, sem independência política estaremos nos submetendo a todo o tipo de projetos políticos seja da ordem “golpista” e de fortalecimento do autoritarismo judiciário, sejam as variantes reformistas, ligadas ao PT ou úteis a ele, que querem colocar os trabalhadores num “guarda-chuva” de oposição parlamentar ao governo impedindo que lutem – através das centrais sindicais dirigidas por suas burocracias – para esperar as próximas eleições.

Por isso, nós defendemos um sindicato com independência de classe diante do governo Bolsonaro e qualquer governo burguês, dos militares, do autoritarismo judiciário e da Lava-Jato, que seja anti-imperialista e repudie a intervenção na Venezuela defendendo a soberania do povo venezuelano para que os próprios trabalhadores combatam Maduro e sua burguesia nacional. Para ter independência de classe é preciso ser internacionalista, a luta dos trabalhadores da USP é parte da luta dos trabalhadores em todo o mundo.

Por um sindicato que se prepare para fazer a diferença na luta de classes e derrotar a reforma da previdência!

O Sintusp precisa ser um sindicato que se prepare para fazer a diferença na luta de classes e isso significa enfrentar os freios que impedem os trabalhadores de se organizarem contra os ataques que estão em curso. O principal freio é a burocracia sindical, através das centrais sindicais que desde a entrada de Bolsonaro vem mantendo uma trégua com o governo. A CUT dirigida pelo PT e a CTB dirigida pelo PCdoB são parte das reuniões das centrais sindicais que não organizam absolutamente nada, propondo um mero abaixo-assinado contra a reforma da previdência, que é, segundo Bolsonaro “o centro de gravidade” de seu governo, ou seja, um objetivo de vida ou morte. Por isso é fundamental desmascarar o papel que estas centrais sindicais estão tendo, enquanto seus representantes no parlamento querem convencer de que para enfrentar Bolsonaro é preciso juntar todos os partidos de oposição – não importa se são golpistas ou se apoiam Rodrigo Maia. Os parlamentares de esquerda realmente comprometidos com a classe trabalhadora deveriam colocar seu peso a serviço de fortalecer a luta nos locais de trabalho porque a verdadeira força que pode derrotar Bolsonaro e seus ataques está na base da classe trabalhadora.

Ao aceitar essa unidade sem programa, a esquerda como o PSOL cumpre um papel de encobrir a política traidora do PT e da CUT nas centrais sindicais, e abre mão da independência de classe ao buscar uma frente com a Rede de Marina Silva golpista e financiada pelo Itaú, o PDT de Ciro Gomes um partido burguês que apoiou Rodrigo Maia, o PSB que apoiou o golpe institucional. O PSTU, que dirige a CSP-Conlutas está se superando com sua política de pintar de vermelho a paralisia das centrais sindicais, como se algum plano de luta estivesse sendo discutido. Para fazer a diferença na luta de classes devemos batalhar para preparar nossa categoria – não somente a vanguarda, mas a base da categoria! – para enfrentar os ataques em curso lutando pra que as centrais sindicais organizem um plano de luta pra unir a classe trabalhadora e derrotar a reforma da previdência e impor justiça para Marielle.

Na nossa concepção a unidade da classe trabalhadora não se dá apenas nos momentos de luta, mas enfrentando a enorme fragmentação que o capitalismo e o neoliberalismo impuseram, o que significa lutar por um programa de efetivação de todos os terceirizados sem necessidade de concurso público com salários e direitos iguais, pela revogação da lei da terceirização irrestrita e da reforma trabalhista. Uma só classe uma só luta.

Por um sindicato que lute pelas demandas da população pobre, da juventude e de todos os setores oprimidos

Seria um enorme erro neste momento encarar as lutas sindicais e econômicas de nossa categoria – que se ligam mais claramente ao combate ao desmonte da Universidade – em separado da luta contra os ataques ideológicos à universidade e a educação, que tem o objetivo de colocar o conhecimento a serviço de aumentar os lucros dos empresários e a manutenção do capitalismo, mesmo sob o custo da roda da história girar para trás reavivando “teorias” não científicas e contra mulheres, negros, LGBTs. Não podemos ser um sindicato que lute somente por salários, precisamos ser um sindicato que lute para arrebentar com as grades que mantêm essa universidade fechada para os filhos da classe trabalhadora, que são em sua maioria negros. É por isso que está colocado para nós, como parte do plano de luta contra os ataques do governo federal, enfrentar João Dória e Bruno Covas em São Paulo com a política de avançar no desmonte e na privatização da USP e de toda a educação, por isso devemos lutar pela revogação dos Parâmetros de Sustentabilidade. Defendemos as cotas raciais e lutamos pelo fim do vestibular e a estatização de todas as universidades particulares para que toda a juventude possa estudar sem pagar. Enfrentar o acesso restrito na USP impõe a necessidade de transformar a estrutura de poder existente: devemos batalhar por uma Estatuinte Livre e Soberana que dissolva o Conselho Universitário e a Reitoria colocando de pé um governo tripartite de estudantes, professores e trabalhadores com maioria estudantil e em diálogo com a população. Exigimos mais verbas para as universidades e toda a educação pública. Lutamos por uma universidade a serviço dos trabalhadores e do povo pobre! Nosso sindicato também deve lutar em defesa da saúde gratuita e universal, contra a privatização do SUS e as OSS’s, e na USP contra a desvinculação do Hospital Universitário, por mais contratação para o HU e os Centros de Saúde.

Precisamos atuar ao lado dos estudantes, por isso nossa corrente na USP inclui trabalhadores e estudantes que batalham pela mesma perspectiva. Defendemos que nosso sindicato precisa também batalhar em defesa das mulheres, dos negros, dos LGBT´s, indígenas, imigrantes para unir a nossa classe, cada vez mais feminina e negra, contra todos os ataques que estão em curso nacionalmente. Rechaçamos a política do PT que trata estes ataques como “cortina de fumaça”. É nessa perspectiva que buscamos contribuir construindo ativamente a Secretaria de Mulheres, Secretaria de Negras e Negros e Secretaria LGBT e de Diversidade Sexual.

Lutar pela mais ampla democracia dos trabalhadores em defesa do sindicato

Para um sindicato ser democrático ele precisa em primeiro lugar ter independência de classe e enfrentar o estado. Portanto, os debates de concepção sindical nunca estão descolados da política. Nós lutamos para que os trabalhadores tenham sua própria democracia para fazer a sua política para enfrentar os ataques em curso e inclusive, ir além, lutando por uma sociedade sem exploração e opressão. Por isso queremos reafirmar as assembleias como organismos fundamentais da organização dos trabalhadores, bem como os Congressos. Defendemos a proporcionalidade na diretoria do sindicato para que todas as tendências possam se expressar, defendemos a rotatividade dentro da diretoria executiva e a rotatividade na diretoria a cada dois mandatos. Consideramos que nosso sindicato não pode se contentar em organizar uma parcela cada vez mais reduzida da categoria, com uma política vanguardista, e que é urgente e decisivo que aproxime e se ligue a setores mais amplos da categoria. Em um momento de enormes ataques aos sindicatos, encabeçados pelo mesmo Moro da Lava Jato com seu “pacote anti-crime” que vai aumentar a repressão, devemos lutar em defesa do Sintusp, ampliando as filiações ao sindicato e fortalecendo nosso instrumento de luta. Contra toda a repressão do governo e das reitorias, anulação de todos os processos e demissões, como de Givanildo e Alexandre Pariol. Fim do convênio com a PM. Pela reintegração de Brandão!

Por uma estratégia para que os capitalistas paguem pela crise!

Hoje existem diferentes estratégias para enfrentar o governo Bolsonaro. Debatemos com diversas correntes de esquerda, que inclusive atuam em nosso Sindicato, onde defendemos a mais ampla liberdade de tendências. Há anos viemos combatendo as posições sindicalistas que buscam separar a luta dos trabalhadores da USP da política nacional e internacional, como faz o Coletivo Piqueteiros e Lutadores, que no final das contas defenderam, junto ao PSTU e a Transição Socialista, o golpe institucional. Mesmo setores do PSOL na categoria, como a corrente MES, defenderam sua política de "Lava Jato até o final" que só pode ir contra os trabalhadores. Hoje seguem comemorando as ações de Moro e se calando sobre a política traidora das centrais, enquanto seguem em um bloco parlamentar tanto com o PT quanto com partidos golpistas e apoiadores de Rodrigo Maia, buscando construir uma "oposição democrática" cujo objetivo é se posicionar melhor para as próximas eleições. Essas estratégias para enfrentar Bolsonaro levam os trabalhadores a fazerem aliança com outros setores da burguesia, setores esses que se utilizam da força dos trabalhadores para disputar qual fração burguesa vai ganhar mais na exploração da nossa classe.

Na nossa opinião para enfrentar essa extrema-direita é fundamental que os trabalhadores possam se organizar a partir dos seus locais de trabalho, e que suas direções organizem um plano de lutas contra todos os ataques. Por isso viemos exigindo das centrais sindicais que coloquem de pé uma verdadeira frente única operária - unidade na ação dos trabalhadores – para enfrentar os ataques do governo Bolsonaro, impor justiça para Marielle com uma investigação independente e avançar pra medidas verdadeiramente anticapitalistas que possam enfrentar a ingerência imperialista, como o não pagamento da dívida pública. Porém, a trégua das centrais permanece, e por isso batalhamos por construir uma força política que apresente outra estratégia: a de organização dos trabalhadores a partir de seus locais de trabalho com um plano de luta para construir as condições de uma paralisação nacional como parte da luta para impor que sejam os capitalistas que paguem pela crise. Por isso, discutimos com os trabalhadores a necessidade de construir um partido revolucionário para lutar por um governo de trabalhadores de ruptura com o capitalismo rumo à uma sociedade comunista.




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