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NOS PREPAREMOS PARA A GREVE DO DIA 30 | Construamos a greve de 30 de junho através de centenas de comitês e assembleias de base

Marcello Pablito Trabalhador da USP e membro da Secretaria de Negras, Negros e Combate ao Racismo do Sintusp.

segunda-feira 5 de junho de 2017 | Edição do dia

As centrais sindicais decidiram em reunião por uma nova greve geral dos trabalhadores brasileiros para o dia 30 de junho. Nos momentos anteriores, como a marcha em Brasília, o 15 de março e, principalmente, o 28 de abril, nós mostramos um pouco da imensa força que os trabalhadores têm para poder parar o país e atacar diretamente os patrões em seus lucros.

Nossa tarefa para o dia 30, de cada trabalhador, deve ser a construção de uma greve que seja ainda muito maior, que paralise muito mais locais de trabalho e seja um ataque ainda mais duro aos capitalistas, ao governo Temer e que faça estremecer todos os poderosos. Para isso, todos temos que ser sujeitos desde já para a construção dessa greve. Temos que construir em cada local de trabalho nossos comitês que estejam lotados de trabalhadores discutindo como fazer parar tudo. Devemos exigir dos sindicatos que convoquem assembleias, e não aceitar não como resposta, pois os sindicatos são nossos, nossas ferramentas de luta, e devem estar a serviço de nossas necessidades. Nos organizando assim podemos parar não apenas nossos próprios locais de trabalho, mas pensar em ações e exemplos que incentivem outros trabalhadores a tomar a linha de frente da construção dessa luta. Seja com panfletagens, colagem de cartazes, conversas com familiares e amigos, temos que saber que cada dia conta para colocar de pé essa luta história e fundamental.

Do lado de nossos inimigos o que está colocado hoje é uma divisão a respeito de como seguir seus ataques. A nossa demonstração de forças faz parte de colocá-los na defensiva, mas também o escândalo em que se meteu Temer a partir das delações da JBS fizeram parte de desestabilizar o governo. Temer está fragilizado, mas eles não tem um nome que todos concordem para colocar em seu lugar. Enquanto isso, o golpista tenta avançar cada vez mais e mais rápido nos ataques, porque essa é a única forma de permanecer no governo. Eles estão brigando entre si, mas é somente para ver quem será aquele que irá conduzir os ataques contra nossos direitos. Mas essa briga está longe de paralisar os ataques, e a reforma trabalhista está avançando rapidamente, com possibilidades muito grandes de que seja votada já na semana que vem.

Só que essa divisão entre os de cima abre ainda mais espaço para a ação dos trabalhadores, favorecendo nossa ação. Entre os trabalhadores indignados com as reformas e os milhões que estão defendendo a queda de Temer, temos uma força social imensa, de milhões, capaz de derrubar esse governo e as suas reformas. Se unirmos essa força, colocarmos de pé uma greve geral, podemos não apenas derrubar esse governo, mas ainda ir por muito mais do que apenas eleições diretas, uma alternativa que vem sendo apontada por vários setores da esquerda, mas que no fim não responde a nossos problemas, já que quem vai continuar a mandar no país são as empresas bilionárias como JBS e Odebrecht, com seus esquemas de corrupção e propinas que compram todos os políticos do parlamento.

Se Temer ainda está lá e levando adiante as reformas, isso não é por falta de disposição de luta dos trabalhadores, que a cada dia mais têm dito que "tem que parar tudo". O que acontece é que as direções dos sindicatos e das centrais, como CUT, CTB, Força Sindical, mesmo tendo convocado esses dias de luta, não fizeram isso porque querem levar a luta até o fim, até suas últimas consequências. Fizeram justamente porque suas bases pressionam para que saiam do imobilismo. Mas, enquanto isso, jogam baldes de água fria na mobilização, enrolando para convocar novas paralisações e se esforçando para canalizar a energia de nossa luta para outros fins - a eleição de Lula no caso da CUT e CTB, e a negociação das reformas com Temer, no caso da Força, UGT e outras centrais.

As centrais que buscam se apresentar como alternativa à esquerda da CUT, como a Conlutas e as Intersindicais, assim como os que se buscam se apresentar a esquerda do PT, como Freixo e os parlamentares do PSOL, devem ajudar os trabalhadores de todas as categorias a colocar de pé seus comitês e exigir dos sindicatos e demais centrais que convoquem assembleias em todos os locais de trabalho desse país, conformando um pólo independente das burocracias sindicais. Não há espaço para "diplomacia" com dirigentes sindicais que por anos e anos encheram os bolsos com milhões do imposto sindical enquanto pelas nossas costas faziam acordos com os patrões para frear nossas lutas. Nós temos que saber isso, que esses sindicatos só irão para luta se a nossa organização pela base for capaz de arrastá-los.

Com essa força queremos discutir com todos os milhões que estão contra o governo Temer e suas reformas, ou pelas diretas, que podemos ir por mais, que os trabalhadores assim organizados podem derrubar as reformas, o Temer e acabar com esse congresso de corruptos e vendidos e colocar de pé uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, mudando as regras desse jogo político e lutando para eleger representantes entre os próprios trabalhadores, entre os que estão na luta diária conosco. Nessa assembleia constituinte nossa primeira tarefa será revogar as reformas e a PEC 241/55 e estatizar com controle dos trabalhadores cada empresa que tenha se metido nos esquemas de corrupção; será de fazer com que os políticos tenham o mesmo salário que uma professora e possam ser revogáveis; de garantir emprego e salário decente para todos. Tudo isso pode ser garantido com a força dos trabalhadores. Nossa tarefa começa hoje, em cada local de trabalho. Mãos à obra!




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