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EDUARDO CUNHA | Conselho de Ética da Câmara vota pela cassação de Cunha

Após 8 meses de debates e manobras a Comissão de Ética da Câmara dos Deputados votou o parecer pela cassação de Eduardo Cunha. Ainda cabem recursos a Comissão de Constituição e Justiça, bem como a votação final em plenário da Câmara.

terça-feira 14 de junho de 2016 | Edição do dia

Eduardo Cunha, intransigente inimigo dos direitos das mulheres e LGBTs, aliado ferrenho do atual governo golpista e dos interesses dos ricos e poderosos e porta-voz de diversas posições reacionárias, sofreu uma importante derrota. Por 11 votos a 9 o Conselho de Ética da Câmara aprovou o parecer pela cassação do deputado por omissão de contas na Suíça, recebimento de propina da Petrobrás e por mentir a respeito destes fatos.

Dois votos decisivos para a aprovação do parecer apareceram de última hora vindos do bloco do chamado "centrão", ala do congresso capiteneada pelo próprio Eduardo Cunha: da deputada Tia Eron e do deputado Wladimir Costa. Além da pressão de Cunha pela absolvição estes parlamentares sofriam pressão de parlamentares de seus partidos que vão se candidatar a prefeituras, como é o caso de Tia Eron criticada por seu correlegionário Celso Russomano, candidato à capital paulista.

Enquanto Cunha segue negando mais essa acusação, seus aliados tentam manobras para desviar ou amenizar o processo. Waldir Maranhão do PP, vice-presidente da Câmara, determinou que as investigações contra Cunha fiquem restritas a dois desses pontos: omissão de contas no exterior e mentira à CPI.

Em defesa de Cunha seu advogado afirmou que seu cliente não possui contas correntes, mas sim trusts e que, segundo ele, a lei brasileira não exige declaração de renda alguma para esse tipo de negócio. A acusação afirma que a lei brasileira exige declaração e que tais contas serviram para lavagem de dinheiro de propina.

As leis para esses sujeitos são coisas muito flexíveis: usam conforme seus interesses e fazem com elas o que querem, como lhe é conveniente a cada momento.

Cunha é acusado de diversos outros casos de corrupção relacionados a varias empresas como OAS, Odebrecht e Furnas. Mesmo assim seu processo que durou oito meses ganhou o título do processo mais longo da história do Conselho de Ética da Câmara. Ele só perderá o mandato caso o plenário da Câmara confirme o parecer do Conselho com o voto de pelo menos 257 dos 512 deputados.

Enquanto ainda cabem muitas manobras para Eduardo Cunha a votação de hoje indica que a Câmara busca se alinhar a outros setores da elite, como a mídia, que há bastante tempo critica Cunha e, tal como o STF só avançou nas ações e decibéis contra o mesmo depois de terem conseguido aprovar o impeachment na casa presidida por ele. Esta votação por parte de um conselho de ética, onde o que menos se vê é ética, mostra também uma tentativa de limpar a cena do golpe institucional e das múltiplas acusações de corrupção que pesam sobre boa parte dos congressistas.




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