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REPUDIAMOS AS SANÇÕES ECONÔMICAS | Conferência de Lima: plataforma para as agressões imperialistas de Trump

A chamada Conferência de Lima foi montada a imagem do imperialismo como plataforma para as agressões e ameaças à Venezuela. A “tarima” política foi hegemonizada pela representação estadunidense, encabeçada pelo assessor da Seguridade Nacional, John Bolton.

quarta-feira 7 de agosto de 2019 | Edição do dia

A conferência vinha aparecendo sem muita importância política, parecendo mais um fórum. Orgulhosos, convidaram supostamente mais de 100 países, dos quais confirmaram um pouco mais de 50 (praticamente os mesmos que reconhecem Guaidó). O encontro foi convocado a nível de chanceleres, mas estes não passavam de uma dúzia -os do Grupo de Lima e alguns outros-, o resto eram representantes de segundo ou terceiro nível, incluindo embaixadores do Peru. Rússia, China e outros países disseram “não vamos”.

Surpreendentemente, os Estados Unidos anunciou a presença do Conselheiro de Segurança John Bolton, com sua pasta sob o braço, recheada de sanções decretadas por Trump no dia anterior, trazendo o Secretário do Comércio, Wilbur Ross, que falaria sobre a "reconstrução" da Venezuela no "dia seguinte" que Guaidó chegasse ao governo com a ajuda dos EUA. Isso mudou os espíritos dos decrépitos organizadores, ou, como um analista escreveu: "John Bolton chegou a Lima e todos começaram a se mexer".

O grupo de Lima convocou o evento com o tema da “democracia” mas, a julgar pelos seus próprios países, este é um termo carregado de cinismo em seus discursos e, se pensarmos nos Estados Unidos, essa é uma expressão frequentemente usada para encobrir objetivos imperialistas e impôr governos fantoches e fiéis aos seus propósitos, muito longe de qualquer preocupação real pelos direitos democráticos do povo venezuelano. Haviam representantes de Juan Guaidó como Julio Borges, entre outros, felizes com o novo bloqueio de Trump, como quem diz “desta vez sim", após as contínuas tentativas de golpe nos primeiros meses do ano.

No final, toda a festa era para que John Bolton reafirmasse a posição estadunidense e explicasse as medidas tomadas. A ampla maioria dos participantes da conferência celebraram a decisão do governo dos Estados Unidos de bloquear os ativos do Estado venezuelano, especialmente os representantes mais leais do Grupo Lima, sobre quem a organização recai.

Alguns exigiram ainda mais sanções, além da já emitida Ordem Executiva de Trump, que estabelece que "todos os bens e interesses em bens do Governo da Venezuela que se encontram nos Estados Unidos (...) estão bloqueados e não podem ser transferidos, pagos, exportados, retirados ou negociados", e que entraria em vigor nesta segunda-feira. Uma das razões citadas por Trump é “ a tentativa (de maduro) de minar a autoridade” do líder da oposição Juan Guaidó, quem os Estados Unidos considera “presidente legítimo da Venezuela”.

Assim, Bolton “explicou” aos países presentes na reunião as sanções que os permitem perseguir qualquer instituição ou indivíduo estrangeiro “que forneça apoio, bens ou serviços” a qualquer uma das pessoas incluídas nas listas feitas pelos EUA. "Quero deixar claro que essa ampla ordem executiva autoriza o governo dos EUA a identificar e impor sanções a quem continuar apoiando o regime ilegítimo de Nicolás Maduro", disse Bolton.

En un tono más amenazante y cargado de soberbia, el asesor de Seguridad estadounidense advirtió abiertamente a los presentes en dicha Conferencia: “Procedan con extrema precaución. No hay necesidad de arriesgar sus intereses económicos con los EE.UU. por intentar beneficiarse de un régimen corrupto y moribundo". El mensaje estaba dado en directo.

Em um tom mais ameaçador e cheio de orgulho, o Conselheiro de Segurança dos EUA advertiu abertamente os presentes na conferência: “procedam com extrema cautela e precaução. Não há necessidade de arriscar seus interesses econômicos com os EUA para tentar se beneficiar de um regime corrupto e moribundo", enquanto a mensagem era dada ao vivo.

Bolton também se referiu à Rússia e à China para indicar que seu apoio a Maduro "é intolerável, principalmente para o regime democrático que o substituirá". "Dizemos à Rússia e especialmente àqueles que controlam suas finanças: não aumentem as ações em uma aposta ruim. E para a China, que já está desesperada para recuperar suas perdas financeiras, o caminho mais fácil para cobrar sua dívida é apoiando o novo governo legítimo", disse o representante dos Yankees.

Os demais dizem que os interesses da Rússia e da China respondem mais a vantagens geopolíticas na região e comerciais, que a qualquer interesse no povo venezuelano. É nesse sentido que eles vêm mantendo, alguns mais abertamente (Rússia) e outros mais discretamente (China), o governo de Maduro, mas não teriam nenhum problema em chegar a acordos com os Estados Unidos se fizesse sentido para com seus interesses. Todos eles se aproveitam da catástrofe econômica e social de todo um povo sobre o qual o regime de Maduro -um governo autoritário e repressivo- fez cair as piores calamidades, em quase seis anos de uma crise que se arrasta e ainda ameaça aprofundar-se.

A questão dos refugiados venezuelanos, sobre a qual foi feito um alarde que seria discutida, e que foi marcada como um dos pontos centrais da conferência, nem sequer foi levantada. O foco foi a exposição e as consequências das novas sanções decretadas na segunda-feira por Donald Trump.

O Secretário do Comércio dos EUA, Wilbur Ross, foi o encarregado de apresentar os planos de seu país para o suposto “dia seguinte” de quando Guaidó assumisse um eventual governo, mas que não passou de uma repetição do que foi afirmado na última sexta-feira, em uma mesa redonda sobre a Venezuela, em uma conferência organizada pela CG/LA, uma corporação com sede em Washington e dedicada a “construir mercados de infraestruturas mundiais”, assessorada por empresas como a Oracle e a Hill International.

Mas a Conferência de Lima foi apenas isto, um palanque para levar a voz dos EUA, onde o Grupo de Lima tem apenas o papel de coro de vozes das agressões de Donald Trump, tal como se escutou durante este dia, onde países como a Colômbia, Peru, Argentina e outros emitiram apenas declarações para o filho americano.

Como escrevemos em um artigo recente, devemos rejeitar firmemente este intervencionismo imperialista e esta nova medida executiva dos EUA, que tem como objetivo piorar a situação do povo venezuelano, e devemos denunciar esses governos fantoches da direita continental e internacional a qual fazem coro. Este rechaço ao intervencionismo não significa dar apoio a Maduro, que vêm buscando um modo de fazer toda sua casta burocrática sobreviver e que, aliado a setores econômicos, participa ativamente nas negociações de Barbados, iniciadas em Oslo, em busca de pactos para colocar nas costas do povo.




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