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UFMG | Começou a luta contra o aumento do bandejão na UFMG

Algumas dezenas de estudantes organizaram um “pulão” contra o aumento e centenas de estudantes participaram da ação, almoçando na quinta-feira sem pagar os R$5,60 que a FUMP e a reitoria decretaram. Os estudantes mobilizados chamam novas medidas de luta, assembleias e exigem do DCE encerrar a paralisia e organizar e fortalecer a luta.

Francisco MarquesProfessor da rede estadual de Minas Gerais

sábado 13 de agosto de 2016 | Edição do dia

Quase 45 dias após o aumento no preço do bandejão, votado no fim do semestre anterior, alguns estudantes e organizações de esquerda iniciaram a luta: depois de um encontro e uma discussão realizada na entrada do Restaurante Setorial I, realizaram um “pulão” contra o aumento do preço nos restaurantes universitários.

Centenas de estudantes participaram e apoiaram a iniciativa, já que os R$5,60 foram aprovados no “apagar das luzes” do semestre passado pelo antidemocrático Conselho Universitário, tornando o bandejão da UFMG o mais caro do país. Esse aumento foi proposta da reitoria e infelizmente teve o apoio do DCE da UFMG, que deveria defender os interesses estudantis, mas teve que se retratar porque não mobilizou contra o aumento e nem compareceu à reunião do Conselho Universitário, deixando que fosse aprovado por unanimidade.

Saiba mais: Reitoria aumenta preço do bandejão da UFMG com apoio do DCE

Os estudantes reunidos decidiram chamar novas medidas de luta no dias 19 e 22 de agosto e uma Assembleia Geral dos Estudantes da UFMG no dia 23, terça-feira. A assembleia acontecerá às 11:30 e às 17:30 em frente ao Restaurante Setorial I. Também decidiram se somar ao dia de luta nacional (16 de agosto) contra os ataques do governo Temer aos direitos dos trabalhadores e da juventude, denunciando o aumento do bandejão.

Por que o aumento é injusto?

A FUMP tem usado e-mails institucionais para defender o aumento num discurso de “quem precisa continua pagando barato”, buscando dividir os estudantes entre assistidos e não assistidos e quebrar a unidade da luta. Precisamos ter claro que hoje a assistência estudantil da UFMG é extremamente insuficiente, com o bandejão mais caro do país, moradia paga mesmo nos níveis II e III, insuficiência de bolsas de diversos tipos e completa ausência de creches para estudantes mães e pais. E sabemos das imensas dificuldades e exaustivas comprovações – além de recorrentes relatos de situações humilhantes no processo seletivo da fundação – que fazem muitos desistirem de tentar auxílio da FUMP.

Precisamos defender a manutenção dos preços que abaixaram (como moradia para níveis II e III) e a redução imediata do preço dos não assistidos no bandejão para os R$4,15 anteriores, além da manutenção do nível IV de R$2,90 somente com a autodeclaração de necessidade por parte do estudante.

Para justificarem esse aumento a reitoria e a FUMP escondem que a maior parte do orçamento da universidade é usado para laboratórios e pesquisas que produzem tecnologia ligados a grandes empresas como a Vale, a Odebrecht e a Boeing. Além disso a burocracia universitária recebe “salários de deputados” para gerir a universidade a serviço destes empresários. O próprio reitor Jaime Ramirez, por exemplo, recebe 23.724,88 segundo o próprio Portal Transparência, enquanto o Pró-Reitor de Assuntos Estudantis, Tarcísio Mauro Vago, recebe 22.464,57, sendo que devem ter outros muitos privilégios não declarados, além do fato conhecido de muitos dos mandatários desta universidade terem suas próprias empresas...e da possibilidade de corrupção numa estrutura onde os estudantes e a sociedade não são chamados a opinar e sobre a qual não têm nenhum controle. Junto destes “nobres senhores” citados está uma verdadeira casta que parasita a universidade e as contas públicas, que com certeza nunca precisou enfrentar as filas do bandejão nos caros restaurantes que frequentam.

Falam de crise, mas sabemos que as infelizes prioridades que beneficiam as empresas e os burocratas acadêmicos na universidade pública, nunca foram afetadas pelos cortes de verbas que vêm desde 2015: os primeiros afetados foram centenas de trabalhadores terceirizados demitidos e bolsas e renovações de auxílios da própria FUMP que atrasaram, prejudicando os estudantes que mais precisam. Não podemos baixar a luta nem aceitar nenhum ataque. A FUMP e a reitoria dividem os estudantes porque preparam os ataques maiores que precisarão fazer com o novo corte de verbas que o presidente golpista Michel Temer anunciou para 2017, de 45% das verbas para as federais. Precarizar mais a assistência estudantil fortalece o já imenso elitismo da UFMG e abre portas para precarizar e privatizar ainda mais.

A Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE) e a FUMP são parte da estrutura de poder da universidade, extremamente antidemocrática e herdeira das reformas universitárias da Ditadura Militar de 64; no Conselho Universitário os professores têm peso de voto de 70% enquanto os estudantes 15% e os funcionários outros 15%, e as centenas de trabalhadores terceirizados nem podem ter representação. É nesse órgão de decisão que aprovaram o aumento que vai piorar ainda mais a vida de muitos estudantes.

Então como barrar este aumento?

É preciso seguir o caminho da luta sem confiar na FUMP nem na PRAE. Nenhum diálogo com a reitoria sem mobilização. O DCE precisa encerrar sua paralisia cúmplice com a reitoria e participar e organizar a luta. No semestre passado barramos a tentativa de aumento da reitoria com a luta, ocupando e impedindo a reunião do Conselho Universitário.

Saiba mais: Na UFMG, o bandejão não vai aumentar!

Temos que participar o máximo de estudantes nas ações dos dias 19 e 22, e também na Assembleia Geral do dia 23, onde todos estudantes podem falar e votar, decidindo democraticamente como seguir a luta. É fundamental a organização desde a base por isso, e em todos os cursos temos que tentar organizar assembleias estudantis também. Além disso no dia 16 haverá um ato nacional contra os cortes do governo golpista de Temer, onde iremos estudantes da UFMG denunciar o que vivemos também aqui dentro.

Por fim, temos também que apontar um caminho de resolução profunda das nossas demandas, defendendo permanência estudantil para todos que necessitam e exigindo o “Fora FUMP” e “Fora fundações privadas da universidade!”. Contra essa casta dos burocratas acadêmicos que controlam a universidade, defendamos a derrubada do poder da Reitoria e do Conselho Universitário, colocando o controle da assistência estudantil e de toda a universidade nas mãos dos estudantes, funcionários e professores, com cada pessoa tendo direito a um voto e maioria estudantil. Assim conseguimos nossos direitos e também poderemos fazer a universidade não para o lucro dos empresários, como é hoje, mas sim para os trabalhadores, o povo pobre e a maioria da população.




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