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PANDEMIA | Com falta de vacinas, 2021 já matou mais que 2020: quebra das patentes para vacinar todos já

Um ano e quatro meses depois do início da pandemia mundial de covid-19 os dados de contaminações e mortes seguem alarmantes no Brasil. Há poucos dias batemos uma triste marca, em apenas quatro meses de 2021 já perdemos mais vidas para o Coronavírus que durante todo o ano de 2020. Uma grande contradição: em 2020 não havia vacinas desenvolvidas, agora há, mas porque não estão disponíveis massivamente no país que se tornou epicentro mundial da pandemia?

quarta-feira 28 de abril de 2021 | Edição do dia

Imagem: Reprodução TV Senado

É claro que responder sobre a falta de vacinas no Brasil passa necessariamente por denunciar a política negacionista do governo Bolsonaro, que se recusou deliberadamente a comprar vacinas em várias oportunidades, negando à população a possibilidade de contar com esse recurso no combate a pandemia. Notícias de hoje mostram que, em pelo menos 11 ocasiões, o governo recusou a compra de três tipos de vacinas contra a Covid-19. Um fato em si incabível diante das proporções da catástrofe sanitária no Brasil, e expressão de sua atuação anticientífica em geral na condução da pandemia. Mas o negacionismo de Bolsonaro não explica tudo, longe disso.

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Também é verdade que a catástrofe toma tamanha proporção não apenas pela falta de imunizantes. Um país que, mesmo antes da pandemia arrastava índices vergonhosos de alcance do saneamento básico, por exemplo, obviamente teria sua população brutalmente golpeada pelos crescentes índices de fome que assombram as famílias trabalhadoras, que lidam com a informalidade, que por sua vez, desemboca em desemprego massivo e desespero. Para onde correr com um auxílio emergencial de R$150?

Há meses essa realidade aparece em nossos editorias, massas trabalhadores espremidas entre a o medo da morte pelo vírus e da fome pelo desemprego. Uma realidade duríssima que se concretiza pela política de Bolsonaro e militares, que a frente do Ministério da Saúde foram diretamente responsáveis pela condução da crise sanitária, mas também pela política de todo o regime político golpista, de governadores, Congresso à STF, entusiastas de todos os ataques econômicos contra os trabalhadores e linha de frente do desmonte da saúde publica ao longo dos últimos anos.

É uma crise complexa em proporções, dramaticidade e responsabilidade dividida entre atores de um regime apodrecido que ora se unificam, ora disputam por interesses próprios que nunca coincidem com os nossos. Os que se pintam como paladinos da ciência, como o milionário almofadinha João Doria em SP, garoto propaganda da Coronavac, são incapazes de se redimir da culpa pelas filas por leitos que deixaram milhares sufocando até a morte.

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Mas diante da extrema irracionalidade da forma capitalista de gerir as riquezas, não basta não ser negacionista ou ter vontade de comprar vacina. “Não tem vacina para todos, faltam insumos, falta tecnologia”, dizem os que controlam os grandes laboratórios que hoje lucram absurdos com a catástrofe. Lucram porque detém o controle sobre as fórmulas farmacêuticas pela via das patentes, lucram por não compartilhar com o mundo o conhecimento que eles mesmos rogam ser capaz de tirar a humanidade desse caos.

Diante de tamanha complexidade, nenhum dos representantes desse regime golpista brasileiro, que governam em nome da manutenção e ampliação dos lucros dos grandes capitalistas nacionais e internacionais, é capaz de oferecer alguma saída, não se trata de vontade, mas de como a engrenagem funciona.

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Por isso é tão urgente que confiemos em nossas forças, nos apoiando nos que hoje dão pequenas, mas importantes batalhas nos seus locais de trabalho como as trabalhadoras da LG, confiando em nossa auto-organização, aliados à juventude, aos movimentos de mulheres, negros e LGBTs, para colocar de pé um plano emergencial de combate a pandemia que exija a quebra das patentes e intervenção estatal nos laboratórios e farmacêuticas para produzir vacinas em massa, sob controle dos trabalhadores, o que permitiria atender toda a demanda rapidamente. Mas também é preciso frear as mortes agora, com um plano racional de testagem massiva e isolamento voluntário a partir do confisco de hotéis e resorts, contratação na saúde, ampliação de leitos e paralisação dos serviços não essenciais com licença remunerada paga pelos patrões.




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