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DENÚNCIA OPERÁRIA | “Com as demissões, cada gari agora tem que varrer entre 25 e 30 km”

Gari da cidade de São Paulo denunciou ao Esquerda Diário que as empresas terceirizadas responsáveis pela limpeza urbana vem promovendo uma série de cortes e demissões, atacando um serviço ainda mais essencial em meio à pandemia, precarizando a vida dos garis.

quinta-feira 17 de dezembro de 2020 | Edição do dia

Imagem: Raul Zito / G1

Publicamos aqui os principais trechos de uma denúncia de um trabalhador gari recebida pelo Esquerda Diário, relatando a precarização ainda maior das condições de trabalho na limpeza urbana, serviço que se torna ainda mais essencial em meio à pandemia.

As demissões recorrentes entre as empresas terceirizadas responsáveis pela limpeza urbana tem gerado uma sobrecarga de trabalho sobre os trabalhadores que seguem empregados:

“Agora a gente tá varrendo em uma pessoa só o que antigamente era feito em duas pessoas. Antes em duas pessoas a gente era responsável por um trajeto de 10 a 15 km e agora em uma pessoa estamos tendo que varrer de 25 a 30 km. E nas feiras de rua, antes a limpeza era feita entre 5 e 6 funcionários e agora tem vezes que a gente tem que fazer o mesmo trabalho em 3 pessoas”

Ele ainda relatou que os trabalhadores não batem ponto de entrada e saída: “o supervisor tira foto de cada um com o crachá pra controlar quem veio trabalhar” e, segundo ele, embora o contrato de trabalho determine que cada trabalhador só trabalhe 1 domingo por mês, “muitas vezes a gente paga para os supervisores para não trabalhar de domingo”.

Além disso, os EPI’s e equipamentos como vassouras, lixeiras, uniforme, calçados, fornecidos pela empresa são sempre muito precários, afetando diretamente a saúde dos trabalhadores:

“O carrinho [lixeira] vira e mexe dá problema e eles demoram para consertar. Quando tá assim a gente carrega com mais dificuldade e volta cheio de dor pra casa. Os EPI’s eles demoram pra entregar. Quando dá 3 ou 4 meses, você precisa trocar, vira e mexe não tem. Não tem calça, camisa, luva, boné, sapato. Aí você tem que ficar na fila esperando usando o que tem. Como a gente anda muito, muitas vezes o sapato fura, e na chuva a gente ainda corre o risco de pegar micose, essas coisas”

O trabalhador também se queixa que diante de tudo isso não pode sequer recorrer ao sindicato, “porque a gente já soube de funcionários que foram procurar o sindicato pra falar dessa situação e que não demorou muito e foram demitidos”. O SIEMACO, que deveria representar os trabalhadores da limpeza urbana, na verdade, tem um largo histórico de cumplicidade com a patronal e, nas últimas eleições municipais, foram base de apoio para a candidatura de Bruno Covas, defensor das privatizações, terceirizações e precarização do trabalho.

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O Esquerda Diário estará sempre lado a lado dos trabalhadores, e nos colocamos a serviço de denunciar todo tipo de precarização e ataques à nossa classe. Se você trabalhador, quiser enviar a sua denúncia, entre em contato pelo Whatsapp do Esquerda Diário: (11) 97750-9596.




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