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OPINIÃO REFORMA TRABALHISTA | Com a reforma trabalhista, eu e meus amigos não vamos nos aposentar

quinta-feira 16 de novembro de 2017 | Edição do dia

O governo vai todos os dias aos jornais e na televisão dizer que a reforma trabalhista vai melhorar nossas condições de vida. O Temer fala que teremos emprego em abundância. Difícil acreditar nisso quando estão tirando tudo que temos. Onde trabalho, uma fábrica no interior de São Paulo, foi tema das rodas de conversa o anúncio de uma rede de alimentação que ofereceu salário mensal de R$180, apoiada a reforma trabalhista. Não tive palavras pra descrever minha raiva.

Um colega da fábrica, de outro departamento, disse que tem familiares que vão começar a trabalhar pra várias empresas durante a semana e "compor" assim o salário.

No jornal hoje saiu notícia sobre os trabalhadores que serão obrigados a assinar contrato intermitente (porque só obrigado alguém poderia assinar um contrato desses). Esse trabalhador ganha por período (dias, semanas ou meses não consecutivos). Para os trabalhadores intermitentes, será impossível se aposentar.

"O mês em que a remuneração total recebida pelo segurado de um ou mais empregadores for menor que o salário mínimo mensal não será considerado para fins de aquisição e manutenção de qualidade de segurado do Regime Geral de Previdência Social nem para cumprimento dos períodos de carência para concessão dos benefícios previdenciários”.

Isso quer dizer que quem precisará lutar para ganhar ao menos um salário mínimo (R$937,00) no mês é o próprio trabalhador, compondo suas jornadas como puder, se desgastando e correndo inúmeros riscos de acidentes.

O governo, além disso, soltou uma medida provisória que diz que são necessários 18 meses para a "migração de um contrato tradicional para um de caráter intermitente". Essa regra só valerá até 2020, a partir daí será possível demitir e imediatamente recontratar, com redução salarial e de direitos.

É uma verdadeira combinação entre o governo e os empresários para dificultar o acesso ao salário mínimo, e através disso permitir que o governo não se responsabilize pela aposentadoria de milhões de trabalhadores. Inclusive os contratos anteriores a essa reforma poderão se transformar em intermitentes, daqui algum tempo.

Meus amigos não poderão se aposentar, e eu não sei se vou poder. Os jornais ficam falando um monte de coisas sobre os "benefícios" da reforma trabalhista. São uns mentirosos. Ela é um inferno para nossa vida e já está sendo para aqueles irmãos que são obrigados a aceitar um contrato desses pra ter emprego, e uma sombra para aqueles que terão seus contratos modificados.

Essa raiva que estou sentindo, porque vejo meus amigos e familiares serem submetidos a isso, me faz pensar na necessidade de combater essas reformas. Se a gente se organiza pra resistir, exige isso dos sindicatos, que precisam fazer alguma coisa, a gente pode passar por cima desse governo.




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