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COTAS TRANS NA UFABC | Com a força da mobilização, UFABC aprova Cotas trans para 2019

Nesta terça-feira (23), ocorreu a continuidade da reunião do Conselho Universitário que pautava a reserva de 1,5% vagas (correspondente a 36 vagas) serão destinadas para comunidade transgênera. Fruto da enorme mobilização de estudantes, com apoio de professores e trabalhadores da UFABC, e da comunidade trans do ABC e Grande São Paulo, após dois anos, a UFABC é a primeira universidade do Estado de São Paulo, a aderir a política como medida de reparação histórica e combate a vulnerabilidade social desta população.

Virgínia GuitzelTravesti, trabalhadora da educação e estudante da UFABC

sábado 27 de outubro de 2018 | Edição do dia

A sessão do Conselho Universitário foi novamente palco de disputa, onde três conselheiros mantiveram sua tentativa de inviabilizar as cotas, senão completamente, ao menos parcialmente, propondo até mesmo que elas tivessem prazo de apenas 12 meses. Essas tentativas, no entanto, não encontraram eco e tampouco puderam se expressar efetivamente contrarias pela repercussão negativa que geraria para os conselheiros Cedric Rocha Leão, Yossi Zana e Itana Stiubiener. Os dois primeiros se abstiveram, enquanto a última votou favorável. A aprovação ocorreu sem votos contrários.

A comunidade trans esteve representada por Erica Malunguinho, primeira deputada trans e preta eleita a camarada de deputados estaduais em São Paulo neste ano. Em sua fala Erica contrapôs as acusações de conselheiros de que a população trans ali presente estaria sendo "agressiva demais" e explicou brilhantemente a cadeia de violências sofrida pela população transgênera e evidenciou a falência da sociedade que deixa centenas de travestis, homens e mulheres trans mortos todos os anos fruto da sociedade transfobica e racista.

Para conhecer o processo de dois anos de luta por cotas trans clique aqui.

Além da deputada, estiveram presentes, artistas trans como Malka, e ativistas do Slam Marginália, do TransSarau e da Fruta Cor, todas apresentações que ocorrem em sequência da aprovação, como uma grande comemoração do movimento estudantil e da comunidade LGBT.

Leona Woolf do Coletivo LGBT Prisma - Dandara dos Santos comentou: Conseguimos uma pequena e suada vitória, sabemos que nosso momento de reação moral para a implementação de uma agenda que atenta pelo desmonte de qualquer política social e pela precarização constante da classe trabalhadora, onde corpos trans são colocados como corpos que não devem existir, onde corpos sangram que devem sangrar na rua até morrer, essa vitória não foi fácil, ela vai no sentido da ruptura com estimas e exclusões, ela é uma peça na luta e na resistência, por direitos básicos de uma população que sempre teve esses direitos negados. A universidade é um espaço de produção de conhecimento e resistência, de humanização. Foi uma peça, diante de toda uma luta a ser travada e nesses momentos onde os preconceitos e estigmas são elevados para dividir a classe trabalhadora enquanto a agenda do capital de rapina avança no desmonte de qualquer política social.

Transarau, Slam Marginália e Furta Cor: quando a luta e arte andam juntas

Depois de aprovadas as cotas, os estudantes e a comunidade que apoio a luta se reuniu em frente a entrada da universidade para as atividades culturais programadas. A programação foi articulada por pessoas trans do meio cultural, para ocupar a UFABC com nossa identidade orgulhosa. Veja as fotos de V. Monteiro e Bernardo Enoch disponibilizadas para o Esquerda Diário:

Perfomance Contando Corpos - Coletive Friccional e Furta Cor

Show da Malka

Show Samara Arkcelio

Slam Marginália

TRANSarau

A vitória das cotas trans foi anunciada por diversas midias, acompanhe abaixo a repercussão:

Leia a declaração completa do Coletivo LGBT Prisma - Dandara dos Santos

Anúncio oficial da UFABC
Anúncio do Diretório Central dos Estudantes (DCE)
Carta Capital




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