×

Paralisação nacional | Com a escalada dos preços é urgente a unificação das lutas em curso para construção de uma paralisação nacional

A situação econômica, social e política do país está passando por importantes mudanças devido aos impactos provocados pela guerra na Ucrânia. Através da invasão reacionária promovida por Putin, por um lado, e os movimentos da OTAN que busca aumentar sua influência imperialista sobre o leste da Europa, por outro, a guerra tem provocado no mundo uma série de consequências, que afetam em especial os trabalhadores e os mais pobres, como o aumento geral dos preços dos combustíveis e alimentos.

Marcello Pablito Trabalhador da USP e membro da Secretaria de Negras, Negros e Combate ao Racismo do Sintusp.

sábado 12 de março de 2022 | Edição do dia

Para atender aos interesses de grandes acionistas, a Petrobras promoveu um enorme aumento nos preços dos combustíveis. O reajuste foi de 24,9% no preço do óleo diesel, de 18,7% da gasolina e de 16% do gás de botijão, e enormes filas já começaram a se formar nos postos de gasolina. A inflação, que ultrapassou dois dígitos no ano passado, continuará subindo, podendo atingir níveis parecidos esse ano.

Todo esse cenário vai aprofundar a situação miséria que já vinha crescendo no país. As filas do osso e filas do lixo foram imagens chocantes dessa situação que atinge um percentual cada vez maior da população. O desemprego, o subemprego e o trabalho precário são marcas estruturais do país, que impõe péssimas condições de vida para grandes setores da classe trabalhadora brasileira.

Bolsonaro, Paulo Guedes e militares são responsáveis por essa situação, com os inúmeros ataques, privatizações e reformas que vieram sendo aprovadas nos últimos anos, que para serem implementados contaram com o apoio do Congresso, STF e governadores, que apesar de terem conflitos entre si, sempre tiveram unificados para implementar a agenda neoliberal e de ataque aos trabalhadores.

Agora, se aproveitam da desculpa da guerra para mais uma vez atacar os povos indígenas e o meio ambiente, com o argumento da escassez de fertilizantes, buscando aprovar a toque de caixa a aprovação de exploração mineral na Amazônia.

Frente a essa situação, cada vez mais dramática, não podemos mais aceitar a verdadeira trégua que as centrais sindicais promovem já faz tempo com o governo. Enquanto Paulinho da Força declara que não é necessário revogar a reforma trabalhista, a CUT dirigida pelo PT não quer organizar qualquer plano de luta para não atrapalhar as negociações eleitorais de Lula que busca se aliar com setores neoliberais como Alckmin.

É preciso lutar pela diminuição imediata dos preços dos combustíveis e gás de cozinha. Apenas alterar a política de preços, como propõe Lula ou Ciro Gomes, não é suficiente para barrar os aumentos, uma vez que grandes partes do refino e da distribuição já foram privatizadas, e parte do petróleo nacional está nas mãos de grandes petroleiras estrangeiras.

Precisamos de um plano de luta para impor demandas urgentes como a derrubada de todos os aumentos feitos na pandemia (luz, água, gás, gasolina e transporte), congelando os preços nos valores anteriores à crise sanitária. Mas é preciso ligar isso a uma saída de fundo.

Por isso é fundamental a batalha para reverter todas as privatizações, e defender uma Petrobrás 100% estatal, sob gestão dos trabalhadores e controle da população, para que o interesse de um punhado de acionistas não se imponha sobre a vida de milhões de pessoas.

Junto com isso, batalhar pelo reajuste salarial automático de acordo com a inflação para todos os trabalhadores e aposentados, e desmascarar a demagogia dos governantes que, com objetivos eleitorais, estão oferecendo para algumas categorias do funcionalismo reajustes salariais, mas que em muitos casos mal consegue repor as perdas acumuladas com a inflação. De maneira articulado, e frente avanço da fome, todos os desempregados e subempregados devem ter direito garantido ao auxílio de um salário mínimo.

Ao invés das centrais sindicais estarem organizando um CONCLAT por fora das bases e burocrático, é uma tarefa de primeira ordem apoiar e coordenar as importantes lutas em curso. É fundamental a esquerda girar suas forças para unificar cada um desses processos e exigir das grandes centrais sindicais a construção imediata de um plano de luta e uma grande paralisação nacional.

Os professores de Minas, do Piauí, municipais de Teresina e do Recife estão em greve, e dia 16 a CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação) está chamando uma mobilização nacional da educação. Unificando esses distintos setores, inclusive se aliando com indígenas e a juventude que estão se mobilizando contra a tentativa de liberação da mineração na Amazônia, é possível criar uma articulação para chegar em outros setores da classe trabalhadora e batalhar por um programa que responda os problemas de fundo colocados no país. Precisamos de uma grande aliança da classe trabalhadora, da juventude e dos movimentos sociais para barrar os ataques pela via da luta de classes, sem expectativa que as eleições possam resolver os problemas.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias