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RESOLUÇÕES E PRÓXIMOS PASSOS | Com 400 mulheres e LGBT, Pão e Rosas realiza emocionante e combativo Encontro

Com o Sindicato dos Metroviários de São Paulo lotado, o Encontro de Mulheres e LGBT foi um grande sucesso.

segunda-feira 31 de agosto de 2015 | 10:57

Com o Sindicato dos Metroviários de São Paulo lotado, o Encontro de Mulheres e LGBT foi um grande sucesso. Centenas de mulheres e LGBT de vários estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, além de cidades como Campinas, Marília, Araraquara, Santo André, São Bernardo do Campo, Sorocaba, entre outras.

O Encontro contou com importantes saudações de outras organizações. Luciana Genro do PSOL, que foi convidada ao Encontro e não pode comparecer enviou uma saudação "quero saudar o encontro, com tantas mulheres trabalhadoras, jovens, militantes, que se organizam na luta contra a exploração e a opressão". Amanda Gurgel, do PSTU, também foi convidada ao Encontro mas não pode comparecer. Silvia Ferraro, militante do PSTU e membro da Executiva Nacional do Movimento Mulheres em Luta também fez importante saudação. Maria Clara, da LSR corrente interna do PSOL também saudou a presença das mulheres e LGBT no Encontro do Pão e Rosas.

Rita Frau, professora do Rio de Janeiro e membro da Executiva Nacional do Movimento Mulheres em Luta remarcou a necessidade de realizarmos um forte e combativo Encontro que organize a luta pelos nossos direitos mas também a luta contra todos os ataques e os planos de ajustes do governo, nos posicionando contra o governo Dilma mas também contra a direita. Rita abriu o Encontro com uma grande saudação a todas as delegações, em especial as delegações de trabalhadoras, com destaque para as professoras de vários estados e cidades, as trabalhadoras da USP, as metroviárias de São Paulo, além de trabalhadoras bancárias, dos Correios, operadoras de telemarketing, operárias, comerciárias, donas de casa, empregadas domésticas, entre outras.

Para representar essa importante presença de trabalhadoras no Encontro, Rita convidou uma delegação de companheiras de cada categoria, com Vilma Maria do bandejão da USP e Andréia Pires, operária demitida da JBS para saudar o Encontro. Vilma denunciou a situação precária nos restaurantes da USP e saudou a presença de todas as mulheres no Encontro, enquanto Andréia ressaltou a importância de lutar contra as demissões na indústria e declarou se sentir mais fortalecida pra lutar por sua readmissão. O Encontro votou construir um forte ato pela readmissão de Andréia no próximo dia 29 de setembro.

Em seguida, Rita convidou algumas companheiras para compor a mesa de abertura a seu lado. Silvana Araújo, liderança das greves de trabalhadoras terceirizadas da USP saudou o Encontro, a importância de cada mulher estar ali lutando contra os patrões mas também contra toda opressão dentro de casa, e fez uma saudação especial às mulheres negras presentes no Encontro. Carolina Cacau, coordenadora do Centro Acadêmico de Serviço Social da UERJ, que veio acompanhada de uma das mais fortes delegações do Encontro fez uma saudação a todas as estudantes presentes no Encontro e colocou as batalhas que vieram dando nas universidades e centros acadêmicos para construir uma juventude revolucionária. Virginia Guitzel, travesti e militante LGBT do ABC paulista agitou o plenário gritando contra as mortes de LGBT no país inteiro, e colocando que a luta LGBT hoje é pelos nossos direitos e inclusive pelo direito de existir, mas deve avançar na luta por uma perspectiva verdadeiramente revolucionária. Rafa Poli, professora do Paraná trouxe a poderosa vibração das professoras que protagonizaram uma histórica greve no sul do país e fez uma saudação ao dia da Visibilidade Lésbica, que também teve destaque com a saudação de Marie Castañeda, coordenadora do Centro Acadêmico de Ciências Humanas da Unicamp.

Após as saudações, Rita Frau anunciou a presença das convidadas internacionais Myriam Bregman, deputada federal na Argentina, advogada dos direitos humanos e candidata a vice-presidente junto com Nicolas Del Caño pela Frente de Esquerda e dos Trabalhadores; e Andrea D’Atri, fundadora do grupo de mulheres Pan y Rosas na Argentina e candidata a deputada federal para o Parlasul pela Frente de Esquerda e dos Trabalhadores. A companheira Diana Assunção, dirigente nacional do MRT e diretora do Sintusp também foi convidada a compor a mesa.

Andrea apresentou uma visão marxista revolucionária sobre a luta das mulheres e a construção de um forte movimento revolucionário e socialista na luta por nossos direitos, retomando Rosa Luxemburgo e Leon Trotski. Myriam Bregman contou sobre sua trajetória como advogada dos direitos humanos e deputada nacional na Argentina, e especialmente no último período sobre o desafio da Frente de Esquerda e dos Trabalhadores, e em particular com a atuação do PTS, em buscar chegar a cada vez setores mais amplos com uma política de independência de classe. Myriam deu diversos exemplos de como a política em defesa dos direitos das mulheres e LGBT são parte ativa da prática política que levam adiante na Argentina, tendo sido ovacionada com o anúncio da inversão de cotas para mulheres na chapa que compôs com 70% de mulheres - quando o mínimo seria 30%.

Diana Assunção reafirmou a importância do Encontro para buscar também uma alternativa revolucionária para as mulheres e LGBT no Brasil. Apresentou a discussão sobre a entrada do MRT no PSOL e como este Encontro também era um momento pra reafirmar esta perspectiva. "Viemos debatendo com a maioria das companheiras e companheiros que vieram neste Encontro a necessidade de uma perspectiva revolucionária e de independência de classe, por isso reafirmaremos este caminho neste Encontro. Ao mesmo tempo a experiência da Frente de Esquerda e dos Trabalhadores na Argentina nos coloca uma alternativa pra pensar que caminhos seguir diante da crise do PT. Com uma política de independência de classe que se expressou com tudo nas falas de Myriam e Andrea, acreditamos que este é um caminho que deveria ser seguido com força no Brasil", disse Diana.

O Encontro também aprovou a participação do Pão e Rosas na marcha do dia 18 de setembro e a importância da solidariedade ativa com as lutas em curso. "É fundamental que as mulheres e LGBT vejam sua luta aliada a toda a classe trabalhadora, e nos momentos de greve essa solidariedade pode se expressar com muita força. Vimos importantes greves este ano, e neste momento ainda seguem as greves da Volkswagen de Taubaté e da Mercedez Benz de São Bernardo do Campo. Temos que cercar de solidariedade estas lutas e as próximas que virão neste semestre", declarou Marília Rocha, delegada sindical do Metrô de São Paulo e demitida política.

Os grupos de discussão foram momentos intensos de debate e troca entre mulheres e LGBT de várias categorias, universidades, cidades e estados. A mesa de abertura contribuiu para combinar as discussões políticas com as experiências cotidianas de cada companheira e companheiro. Os emocionantes depoimentos de várias trabalhadoras e estudantes podem ser lidos aqui.

No fechamento, Rita Frau a partir das relatorias de cada grupo de discussão fez uma síntese da discussão retomando as principais campanhas que já expressavam um acordo geral do plenário. Com força no Encontro, a luta contra a violência às mulheres teve destaque se inspirando na consigna "Nem uma a menos" das mulheres na Argentina. "Nós já haviamos iniciado esta campanha contra a violência às mulheres a partir das iniciativas que tivemos com o caso da jovem gaúcha Gisele Santos. Enviamos uma carta para ela e a partir do Encontro lançamos uma campanha de arrecadação para contribuir na compra das próteses, que deve seguir nos locais de trabalho e estudo. Ao final, fizemos um emocionante video dizendo para Gisele que ela não está sozinha, pois se mexeram com uma, mexeram com todas", disse Rita. Jéssica Antunes, estudante de Letras da USP também comentou a campanha "Também teve destaque nos grupos de discussão os casos de estupros na USP. Lá já estamos sendo parte de uma forte campanha e vamos apoiar todas as iniciativas neste sentido. Da mesma forma, no Metrô de São Paulo queremos lutar contra o assédio sexual nos vagões". Flávia Vale, professora em Contagem completou "Minas Gerais é um estado com índices muito elevados de assassinatos e violência contra as mulheres. Esta campanha vai ser fundamental pra enfrentar esta situação".

Rumo ao dia 28 de setembro, dia latino-americano e caribenho pelo direito ao aborto, o Encontro do Pão e Rosas votou fazer uma grande campanha pelo direito ao aborto. Barbara Delatorre, trabalhadora do Hospital Universitário da USP e membro da Executiva Nacional do Movimento Mulheres em Luta disse que "Ao mesmo tempo é preciso lutar por um sistema público de saúde, 100% estatal e sob controle dos trabalhadores da saúde e usuários". Ana Carolina Fulfaro, estudante da Unesp de Marília também comentou a resolução "Achei importante, pois em geral a luta pelo direito ao aborto fica secundarizada. Queremos debater com jovens e trabalhadoras para que esta discussão não seja um tabu, e para que possamos construir uma forte mobilização no dia 28 de setembro, com atividades nos locais de trabalho e estudo".

A forte presença de professoras no Encontro trouxe a partir dos grupos de discussão uma importante proposta de resolução para que o Pão e Rosas se coloque na linha de frente da luta pela manutenção do debate de gênero nos Planos Municipais de Educação. Marcella Campos, professora da Zona Norte de São Paulo comentou esta resolução "Foi importante ter aprovado isso, pois o Encontro expressou como as professoras estão buscando lutar pelas questões das mulheres e também porque há uma forte politização que se expressou em nossa greve". Regiane Sousa, professora em Campinas também declarou "Aqui em Campinas também lutamos contra isso, é absurdo não podermos falar sobre gênero nas escolas! Temos que poder falar sobre isso e sem interferência da Igreja e de nenhuma religião".

Como não podia deixar de ser o Encontro do Pão e Rosas se posicionou firmemente pela efetivação imediata de todas as trabalhadoras terceirizadas sem necessidade de concurso público ou processo seletivo. "Já haviamos levado esta pauta para o II Congresso da CSP-Conlutas e infelizmente não foi aprovado. Mas é muito bom saber que no Encontro do Pão e Rosas não houve nenhum questionamento, ao contrário, todas as trabalhadoras terceirizadas presentes saíram muito felizes com essa resolução", declarou Silvana Araújo. O Encontro se posicionou contra o PL 4330 e, segundo Thaís Oyola, delegada sindical da Caixa Econômica Federal em São Paulo "Precisamos de uma forte campanha contra o trabalho precário, que em nosso país tem rosto de mulher e especialmente de mulher negra. Por isso foi fundamental o Encontro aprovar não somente lutar contra o PL 4330 mas exigir o salário mínimo do DIEESE para todas as trabalhadoras e trabalhadores".

A forte presença de LGBT no Encontro também levou a uma importante resolução contra os assassinatos de LGBT e pela livre construção da identidade de gênero. Virginia Guitzel declarou que "Foi emocionante ver a presença de tantos LGBT neste Encontro, e queremos sair daqui com força pra lutar pelos nossos direitos. Votamos lutar em defesa da aprovação da Lei João Nery, pra que possamos ser o que queremos, mas sabendo que a nossa luta é muito além, e precisamos nos organizar ao lado da classe trabalhadora e com uma política revolucionária".

Também dos grupos de discussão surgiu a importante discussão da luta por creches. "Para podermos trabalhar, mas também pra podermos ter momentos de lazer e nos organizar politicamente, a luta por creches é fundamental. Seja nos locais de trabalho ou nos locais de estudo, o Pão e Rosas precisa estar na linha de frente desta luta", declarou Marília Lacerda, trabalhadora do Hospital Universitário da USP. Na Unesp de Marília, na UERJ e na USP a luta por creches tem tido destaque, com a reivindicação de que sejam aberta também às trabalhadoras terceirizadas. Parte das mães presentes no Encontro tiraram uma emocionante foto ao final. Houve durante todo o evento o Cantinho das Crianças, garantido pelos militantes homens do MRT.

A luta das mulheres negras também esteve com força no Encontro. Com faixas que diziam "De Osasco a Baltimore, basta de chacinas policias contra o povo negro", várias discussões sobre o tema surgiram nos grupos. O Encontro aprovou uma campanha pela retirada das tropas brasileiras do Haiti e também contra a violência policial, buscando também coletivos dos bairros e periferias para levar estes debates.

Muitos debates e troca de experiências surgiram nos grupos de discussão, como a discussão sobre a prostituição que deve seguir nas estruturas e regionais. Rita Frau encerrou o Encontro dizendo que dos 400 presentes neste Encontro podiamos rapidamente chegar a 1 mil mulheres e LGBT nos locais de trabalho e estudo organizando atividades e levando todas estas campanhas. Que além disso poderíamos tomar o Esquerda Diário como uma forte ferramenta na luta por nossos direitos chegando a milhares de mulheres e LGBT em todo o país. Chamou todas as companheiras e companheiros a construir fortemente um movimento revolucionário de mulheres e LGBT na luta pelos nossos direitos, mas também lutar por uma alternativa revolucionária junto com o MRT, o que resultou na foto com centenas de mulheres e LGBT exigindo sua entrada no PSOL para levar estas idéias revolucionárias.

O Encontro se finalizou em grande clima de confraternização e combate as opressões, com apresentações de dança, música e poesia, com um delicioso caldinho de feijão, cerveja e uma grande festa ao final.




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