×

ENTREVISTA | "Colorido só por fora, contos periféricos" terá lançamento em Contagem/MG

quinta-feira 16 de julho de 2015 | 20:16

1 / 1

Entrevistamos o artista Jessé Duarte, ator e diretor da Cia. Crônica de Teatro, ativista do Fórum Popular de Cultura de Contagem e escritor que nesse 17 de julho lança seu primeiro livro: "Colorido só por fora: contos periféricos", como parte da programação do F5- Festival de Cultura Independente de Contagem.

Esquerda Diário: Nesse 17 de julho, você estará lançando seu primeiro livro: "Colorido só por fora: contos periféricos". Conte-nos um pouco sobre sua obra.

Eu já escrevo para teatro há algum tempo e tinha o desejo de exercitar outras formas de escrita. Na realidade sou um artista inquieto, tento me expressar com várias linguagens e o processo do livro "Colorido só por fora: contos periféricos", veio de encontro a este desejo. Um novo desafio. Uma nova possibilidade de falar das contradições sociais desde meu ligar histórico: a periferia industrial de Contagem (MG).

Durante o processo de escrita dos contos, fui pesquisar sobre mercado editorial e o direito de acesso a esse meio no Brasil. É um mercado muito limitado e elitista, portanto tento me apropriar de suas das contradições para chegar ao leitor. Por isso, a capa é interativa. Os livros de colorir estão bombando, não é mesmo? Então, por que não fazer um livro interativo onde o leitor possa, de alguma forma, intervir, provocados pelos aspectos levantados na obra? Ou não. O livro é também uma provocação. "Colorido só por fora" e por dentro; contos que expressam uma realidade violenta. De forma poética ou realista, são narrativas que buscam dar voz às questões quase sempre naturalizadas na grande mídia e invisibilizada por diversos contrastes sociais da sociedade atual.

ED: Você tem um público-alvo que buscar atingir com sua publicação?

Com essa publicação pretendo atingir todos os públicos, mas, com recorte de classe, uma perspectiva diferente para cada um. Com o público trabalhador, espero que a obra tenha o máximo de identificação e provoque reflexões sobre vários aspectos do seu cotidiano, principalmente nas periferias. Com o público elitista, espero que a obra sirva para expor o que tanto evitam ver, mas que existe, e pelo menos por meio da literatura, ganham voz.

ED: Qual a importância de uma obra como essa, em uma cidade como Contagem, onde a cultura é tão desprezada por parte dos governantes?

É de uma importância de incentivo a outros artista da cidade e de (r)existência, É possível produzir, publicar, gravar, expor, se expressar seja como for, com uma perspectiva de luta e com recorte de classe. Os governantes não desprezam a cultura e isso precisa ser denunciado, na realidade, eles valorizam a cultura mercadológica e que contribui para manutenção da ideologia dominante, cada vez mais individualista e odiosa. Por exemplo: não é à toa que vemos festivas de teatro com peças homofóbicas, machistas e preconceituosas tendo espaço e apoio do poder público frequentemente. Acredito que esse livro soma-se a muitos outros trabalhos de artistas de Contagem que estão entendendo que o jogo do poder público local sempre foi o de expulsar a produção pra fora da cidade e ao mesmo tempo implementar um mercado maior que vai ao encontro do pensamento de quem está no poder.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias