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Terceiro ato: o endurecimento do movimento dos coletes amarelos | Coletes amarelos: a raiva amarela cresce em toda a França

Diante da proibição de manifestar-se, das restrições e da repressão policial, vemos um endurecimento do movimento. Uma explosão de “vândalos”? Não, uma raiva popular que o governo não quer ver nem ouvir falar.

domingo 2 de dezembro de 2018 | Edição do dia

Em Paris, 5000 policiais e gendarmes foram enviados para esse terceiro ato da mobilização dos coletes amarelos. 66 000 em toda a França, de acordo com os números fornecidos por Christophe Castaner essa tarde na rede de televisão BFM-TV. “Uma presença policial nunca vista desde 1968” descreveram os comentadores. Mesmo assim, em Paris, como em toda a França, as forças de repressão foram em grande parte suplantadas pelos manifestantes, vindos em massa, prontos para lutar para que suas vozes sejam ouvidas contra a política do “presidente dos ricos”.

O terceiro ato dos coletes amarelos marca um verdadeiro endurecimento do movimento. Os “gentis coletes amarelos” que o governo francês acreditava poder fazer "comer em suas mãos" desde então já conheceram o gás lacrimogêneo, viram os mutilados pela repressão policial, foram presos e mantidos em custódia. Aprenderam, de certa forma, com suas experiências.

Muitas mães e pais de família levaram, junto com seus, agora tradicionais, coletes amarelos, óculos de proteção e mascaras de proteção contra gás, como visto nos manifestantes que chegaram em Paris. Assim, em Paris, uma vez que o governo havia assegurado que seria colocado um dispositivo de filtragem, os coletes amarelos não puderam, de fato, chegar à avenida Champs Élysées. Os manifestantes se concentraram então na praça Charles de Gaulle, e nas avenidas ao longo da Champs, com os enfrentamentos previsíveis, frente a impossibilidade de chegar aos pontos de encontro.

Certamente, vêm de Paris as imagens mais impressionantes feitas pela mídia. Mas, na verdade, as manifestações tomam novas proporções em toda a França. Houve ainda outros numerosos pontos de protestos não divulgados com atos particularmente impressionantes : na cidade de Puy-en-Velay, a sede municipal da polícia foi invadida, assim como os aeroportos de Nantes e de Nice. Barricadas apareceram nas principais cidades francesas, vários incêndios de carros foram contabilizados, assim como pilhagens a lojas. É um fenômeno massivo. Se nem todos compartilham desses métodos, a maioria dos coletes amarelos são solidários a eles: o movimento segue tendo 80% de apoio da população, contrariando o governo e as mídias, de quem os números - somente 15 000 pessoas nas manifestações segundo o ministério do interior – são sempre contestáveis.

O governo agora busca dividir os “bons manifestantes” dos “vândalos”. Mas a técnica realmente não surtiu efeito algum. Os coletes amarelos se sentem solidários entre si, eles se ajudam, mesmo para passarem a formas de ação mais ofensivas. “É assim que funciona. A violência é Macron”, comentou um manifestante entrevistado em uma reportagem do portal TF1.




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