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Bolsolixo | Cínico, Bolsonaro diz no 8 de março que “Mulheres estão praticamente integradas à sociedade”

No 8 de março, dia internacional de luta das mulheres, Bolsonaro expressou mais uma vez todo o seu cinismo e desfaçatez ao dizer que as mulheres estão “praticamente integradas à sociedade”. Mais uma grande mentira! No Brasil as mulheres negras ganham 60% a menos que os homens brancos. Além disso, as mulheres sofrem diariamente com a violência machista, o feminicídio, a dupla jornada de trabalho, o assédio sexual, além de ocuparem os postos de trabalhos mais precários, entre outras crueldades.

quarta-feira 9 de março de 2022 | Edição do dia

Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino

O presidente deu a declaração em cerimônia de "homenagem" ao Dia Internacional da Mulher no Palácio do Planalto. Sabemos que de homenagem não tem nada, porque como sabemos, Bolsonaro e seu governo é a pura expressão do machismo mais podre que existe na sociedade patriarcal e capitalista.

“Naquele meu tempo, é história: a mulher era professora ou dona de casa. Hoje em dia, as mulheres estão praticamente integradas à sociedade. Nós a auxiliamos, estamos sempre ao lado delas. Não podemos mais viver sem elas”, disse.

Uma grande mentira! Sabe-se que no Brasil as mulheres negras ganham 60% a menos que os homens brancos. Esse dado vem da pesquisa feita pela Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico, que divulgou um ranking com os países com os maiores índices da desigualdade salarial. Além disso, as mulheres sofrem diariamente com a violência machista, o feminicídio, a dupla jornada de trabalho, o assédio sexual, além de ocuparem os postos de trabalhos mais precários, entre outras crueldades.

Veja também: No Brasil, homens brancos do 1% mais rico têm mais renda que todas as mulheres negras

A pandemia por exemplo aprofundou ainda mais a exploração e a opressão contra as mulheres negras e pobres. Em diversas partes do país o desemprego aumentou drasticamente nessa pandemia e lançou milhares e milhares de mulheres ao desemprego e ao trabalho informal. Se a desigualdade salarial entre negros e brancos, homens e mulheres e entre mulheres negras e homens brancos existia antes da crise sanitária, a soma da crise sanitária e da crise econômica combinada com todas as mazelas do capitalismo aprofundou ainda mais a desigualdade salarial no país, e são as mulheres negras diante de todo esse cenário as principais atingidas.

Ficou explícito, durante a pandemia, que as mulheres ocupam os postos de trabalhos mais precários e são as mais expostas ao vírus, devido ao aumento do desemprego as redes de aplicativos tiveram lucros exorbitantes durante todos esses meses de pandemia, enquanto os donos da Rappi, Uber Eats, Ifood e outros aplicativos estavam seguros do coronavírus em suas casas, milhares e milhares de trabalhadores pelo mundo estavam expostos ao vírus, entre eles centenas e centenas de mulheres trabalhando em aplicativos.

Além dos aplicativos, muitas mulheres dos serviços terceirizados, em sua maioria negras e periféricas, como as trabalhadoras de limpeza das universidades, escolas e hospitais, estando na linha de frente de combate à pandemia, foram obrigadas a trabalhar sem ter minimamente seus direitos garantidos, sem acesso à EPI’s e demais meios de proteção, as mulheres trabalhadoras foram negadas de serem vacinadas. Essa é a realidade que o capitalismo impõem para as mulheres trabalhadoras que representa um conjunto significativo de nossa classe.

Falsamente, Bolsonaro também afirmou que sua gestão foi a que mais prendeu agressores de mulheres. Disse: “O nosso governo, aviso aos machões, foi o que mais prendeu agressor. Respeito acima de tudo. Quando se fala em mulher, não se pode deixar de falar em família”.

No início da pandemia, um estudo realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostrou que houve um aumento de 22% em casos de feminicídios em 12 estados brasileiros. Nos últimos 4 anos, o Rio de Janeiro teve um crescimento de 127% nos casos de feminicídio. Só no mês de abril de 2021 o Rio Grande do Sul teve aumento de 55% nos casos de feminicídio.

Números que certamente são subnotificados, já que muitas vezes a violência machista não é registrada em nenhum lugar. Mesmo assim mostram a que veio o governo Bolsonaro, fazendo as mulheres serem espremidas entre o medo da fome, da covid, do desemprego e da violência machista. Violência que é alentada dia a dia pelo governo da extrema direita, que é profundamente machista, misógino e odeia o feminismo e as mulheres.

Um governo que quer normalizar insultos machistas, como chamar uma jornalista de “quadrúpede” em rede nacional, ou dizer que uma mulher merece ser estuprada. Mas Bolsonaro não está sozinho, lembremos de Mourão que disse que família sem pai ou avô é fábrica de elementos desajustados, ou mesmo Damares, que atua fortemente contra o direito ao aborto e buscou aprovar o ensino domiciliar para jogar ainda mais uma jornada de trabalho nas costas das mulheres. Mas podemos falar também do autoritarismo machista do STF e do “estupro culposo” como foi no caso de Mari Ferrer, mostrando que não vão ser com medidas judiciais que podemos avançar em nossa luta.

Bolsonaro, Mourão, STF e Congresso estão todos de mãos dadas quando o assunto é atacar o direito dos trabalhadores e aprofundar a exploração e opressão das mulheres. Por isso, dizemos que eles também são responsáveis pela violência machista e os feminicídios, porque são parte, junto a todos os capitalistas, de manter e naturalizar a nossa opressão. Também são os mesmos que com suas polícias assassinam o povo negro, por isso não será com medidas mais repressivas, como mais delegacias da mulher, que é possivel conquistar nossa proteção. Porque a polícia que chacina não pode proteger as mulheres.

Querem nos ver submissas, sem direitos, para renovar as engrenagens de exploração desse sistema. Assim, também aprofundar a naturalização da violência machista na sociedade, fazendo na pandemia os feminicídios aumentarem a níveis alarmantes. Por isso, o coletivo de mulheres Pão e Rosas, junto com as mulheres no Brasil e no mundo, saiu às ruas para protestar nesse 8 de março contra toda a opressão e exploração sofrida pelas mulheres trabalhadoras em todo o mundo, contra o governo misógino e reacionário de Bolsonaro, Mourão e Damares e contra a guerra reacionária na Ucrânia que é um ataque a classe trabalhadora tanto ucraniana quanto russa.

Veja mais: Áudio diário de 5 minutos




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