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INTERNACIONAL | CORONAVÍRUS E CRISE SOCIAL | Cidade de Cumanacoa, na Venezuela, vive revolta devido à falta de alimentos e preços exorbitantes

A quarentena imposta para frear a expansão do Covid-19 aprofundou as dificuldades do povo venezuelano, em um país onde o salário mínimo é equivalente a US$ 3 por mês. Sucre tem sido palco de protestos, e aos pescadores de Araya que se levantaram dias atrás foi adicionado a revolta em Cumanacoa por conta da especulação dos preços e da falta de comida. Houve saques e mobilização maciça na prefeitura exigindo a distribuição de alimentos. Existem vários feridos, inclusive à bala.

sexta-feira 24 de abril de 2020 | Edição do dia

A quarentena imposta para frear a expansão do Covid-19 aprofundou as dificuldades do povo venezuelano, em um país onde o salário mínimo é equivalente a US$ 3 por mês. Sucre tem sido palco de protestos, e aos pescadores de Araya que se levantaram dias atrás foi adicionado a revolta em Cumanacoa por conta da especulação dos preços e da falta de comida. Houve saques e mobilização maciça na prefeitura exigindo a distribuição de alimentos. Existem vários feridos, inclusive à bala.

Nesta quarta-feira, 22 de abril, em meio à quarentena por causa do coronavírus, os habitantes de Cumanacoa protestaram às portas da prefeitura do município de Montes, exigindo a distribuição de alimentos subsidiados. Vendo que as autoridades não responderam, os setores populares expressaram sua indignação diante da miséria e da fome.

Desde as primeiras horas do dia estações de rádio locais comentavam acerca da reclamação das pessoas contra a especulação dos preços. Antes do meio dia explodiram saques em aviários, açougues e de suprimentos no mercado de Cumanacoa. A onda estava se espalhando em direção a zona central da cidade. No entanto, as empresas do centro foram rapidamente fechadas.

Milhares de pessoas, sobrecarregadas por tantas dificuldades, como a falta de comida e remédios, iniciaram uma marcha improvisada dos bairros mais pobres para o gabinete do prefeito sob o grito de "estamos com fome", exigindo a distribuição de caixas ou sacolas de alimentos subsidiadas.

Como sempre, a brutal repressão não se solidarizou com o desespero de famílias inteiras que não têm como se alimentar. Circularam várias imagens e vídeos dos tiros disparados contra a população, tanto de balas quanto de chumbo. Até agora, foram registradas sete pessoas feridas: três homens, duas mulheres e dois adolescentes. Entre os feridos há os que foram alvejados à bala e que sofreram fratura. Uma das pessoas foi esfaqueada até a morte pelo proprietário de uma das lojas.

#22Apr Os setores populares em Cumanacoa, no leste do país, se alçam as ruas em meio ao desespero e à falta de cuidados das autoridades. Há protestos, saques e fortes distúrbios. Até agora, mais de 7 ficaram feridos pela repressão do GNB na área. pic.twitter.com/kloWXeVqlQ
— La Izquierda Diario Venezuela (@LaIzqDiario_VE) April 22, 2020

A polícia e a Guarda Nacional foram responsáveis ​​pela resposta repressiva. A fúria dos aparatos repressivos foi evidenciada pela perseguição e pelos disparos nas ruas de bairros pobres, mesmo que muita das pessoas se encontrassem praticamente dentro de suas casas. Há informação de que vários feridos se recusam a ir a hospitais por medo de serem detidos e presos.

Alfredo Ramos: "As pessoas estão enfurecidas e gritam #HayHambreEnVenezuela. Em Cumanacoa, as pessoas saíram para protestar porque não têm comida ou gasolina. A saída do tirano Maduro e de suas máfias é urgente e não pode ser adiada. Pic.twitter.com/bUu8JljurX
- Radio Caracas Radio (@ RCR750) 22 de abril de 2020

Mais de #Cumanacoa, Sucre. Saques locais reportam feridos pic.twitter.com/C5wl6hrmp3

E se Comitês de bairro forem formados para controlar a distribuição e o preço dos alimentos?

Pode- se ver a fome no rosto de amplas faixas do povo venezuelano. É uma possibilidade real. Além da fome, que já se mantém há vários anos, com o aprofundamento da crise sanitária devido ao desastre na maneira que o governo vem lidando com a pandemia, junto das sanções impostas pelos Estados Unidos aliado ao cumprimento da quarentena sem qualquer tipo de garantia para os trabalhadores, estes se colocam à beira de uma situação ainda mais catastrófica.

O povo tem de se deixar morrer por conta da escassez ? Suas únicas opções são a resignação a fome ou saques desesperados quando já não é possível suportar? Estes que são perseguidos pela repressão entrando no provável saldo de assassinatos pelas mãos dos aparatos repressivos? Essas não são, de maneira alguma, as únicas opções: trabalhadores e suas comunidades têm todo o direito de assumir a distribuição de alimentos e o controle de preços em suas próprias mãos.

Se trata da vida das pessoas, de sua comida. Estamos em uma situação extraordinária e séria. As medidas tomadas devem atender a essas necessidades. Por que a comida da classe trabalhadora e das famílias populares tem que permanecer nas mãos dos empresários, dos grandes comerciantes ou do governo e das forças armadas? Enquanto estiver nessas mãos, o alimento do povo estará subordinado às necessidades dos ganhos privados, do lucro e da corrupção.

Em cada bairro, a comunidade poderia muito bem se organizar e formar democraticamente comitês para exigir o controle da distribuição de alimentos e sua centralização no nível da cidade. Com acesso irrestrito a todas as informações sobre locais de armazenamento, quantidades de estoque, centros de produção, cadeias de distribuição e transporte, níveis de lucro, etc. E que esses comitês estabeleçam os preços e garantam a distribuição de alimentos. Com mobilização em massa e popular se pode lutar por esta demanda. O controle das empresas produtoras de alimentos e indústrias afins pelos próprios trabalhadores torna-se essencial para que, em coordenação com os comitês de bairro, a aliança operária e popular se torne efetiva.

Tudo isso como parte de um plano nacional de emergência operária e popular, para que não sejam os trabalhadores e as pessoas pobres que paguem pela crise.

Desde o La Izquierda Diario, estamos comprometidos em disseminar a realidade em que vivem os trabalhadores e contribuir com idéias para uma saída popular e dos trabalhadores diante desta catástrofe.




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