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RACISMO POLICIAL | Chacina do Jacarezinho: o massacre da operação policial mais letal da história do Rio

A polícia que mais mata no mundo, a brasileira, dá as caras e revela mais uma vez do que está a serviço: assassinar a população negra, pobre, favelada e periférica. Com mais de 25 mortos, dessa vez não foi possível lavar o rastro de sangre negro do chão deixado pela chacina. Em uma operação policial racista, a favela do Jacarezinho foi palco da operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro. Cláudio Castro, sucessor de Witzel, aquele que falava em “mirar na cabecinha”, é o governador bolsonarista que comanda a polícia no Rio.

Luiza EineckEstudante de Serviço Social na UnB

quinta-feira 6 de maio de 2021 | Edição do dia

Fonte: Favela Caiu na Rede RJ

O dia amanheceu hoje com corpos no chão, tiros, explosões e invasões na favela do Jacarezinho, na zona norte do Rio de Janeiro. Essa é a operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro, anteriormente havia sido em 2007 (como aponta o gráfico abaixo). É a segunda maior chacina no Rio, e pode ser que se torne a primeira, com a confirmação de mais mortes. Até então são 25 mortes, e mais absurdo ainda, corpos até agora sem nomes. Isso escancara a face mais racista e assassina do Estado, cujo papel de seu braço armado, a polícia, é a repressão e a morte nas favelas e periferias.

Fonte: G1

As cenas no Jacarezinho são assustadoras, corpos de pessoas mortas no chão, sangue pelas vielas, casas invadidas, sons de guerra, um verdadeiro espetáculo de horrores do capitalismo e seus agentes. Diferente do que os analistas burgueses estão falando “uma operação desastrosa da polícia”, não é um desastre ou apenas um erro, é um massacre.

Saiba mais: Chacina no Jacarezinho: operação policial mata 25 pessoas e passageiros são baleados no metro

Veja também: Trabalhadores são atingidos dentro do metrô durante chacina de hoje no Jacarezinho, no Rio

Segundo Observatório da Segurança do Rio de Janeiro, 86% dos mortos pela polícia são negros. O monitoramento aponta que “o número de mortes registradas em operações policiais monitoradas escalaram em 2021. Assistimos em janeiro e fevereiro ao crescimento de ações policiais sem controle, com uso de violência letal e o retorno ao padrão das mortes decorrentes de ação de agentes do Estado que víamos antes da pandemia”.

Essa é a prioridade dos governos em meio a um dos piores momentos da pandemia, assassinar a juventude e classe trabalhadora negra e periférica, enquanto milhares morrem de Covid nos hospitais lotados e sem UTIs, passam fome e estão no desemprego. Só neste ano, o governo do bolsonarista Cláudio Castro, sucessor do impeachmado Witzel, [sim, aquele que falava “mira na cabecinha”] teve um aumento de 161% de mortes em relação aos dois últimos meses de 2020. Um governo já mais letal que o de Witzel.

A polícia no Brasil é a que mais mata no mundo, o histórico de brutalidade e violência policial no Rio de Janeiro é absurdo. A chacina que ocorreu hoje expressa também a política nojenta à serviço do regime do golpe institucional, que aprofundou a violência e ataques aos trabalhadores e negros e que também levou Bolsonaro ao poder, que naturaliza desde o primeiro dia de seu governo a violência policial e o racismo estrural do Estado. Por isso, esse não é um acontecimento isolado.

Essa chacina aconteceu mesmo com a ADPF 635 do STF, que impede as operações policiais sem justificativa legal nas favelas, mas claramente operações policiais nunca deixaram de acontecer. A polícia continuará fazendo operações desse tipo, e é por isso que não podemos confiar nela e nem no judiciário, Bolsonaro, Castro, STF, os golpistas, que são maestros da orquestra de horror, e que, também, colaboram diretamente para manter a impunidade policial e a repressão estatal.

Fonte: @nicajacarezinho

O papel que a polícia cumpre na sociedade capitalista [baseada na exploração da maioria] é de proteger a propriedade privada e ser utilizada como um instrumento de repressão do Estado, que também possui um caráter de classe, burguês, para aterrorizar e matar população trabalhadora e pobre - no Brasil, majoritariamente negra. E isso não é só no Brasil, mas em todo o mundo, a função social da polícia é reprimir, proteger os capitalistas e a ordem que não está a favor da maioria, de fato não são trabalhadores, apesar de assalariados.

Vimos nos Estados Unidos a força do “Black Lives Matter” que se levantou de forma histórica contra a violência policial e os assassinatos sistemáticos aos negros no país, lutando por sua expulsão dos sindicatos, desfinanciamento e alguns setores por sua completa abolição. O levante massivo na Colômbia que ocorre agora também tem como uma das bandeiras a luta contra a repressão policial de Ivan Duque, aliado de Bolsonaro, que já assassinou vários manifestantes durante as mobilizações. A repressão é extremamente necessária para a manutenção desse sistema de exploração.

Leia mais: A luta para acabar com a polícia é a luta para acabar com o capitalismo

É preciso lutar por justiça para todos os assassinados pela polícia. Para enfrentar a repressão, assassinatos, violência e brutalidade policial, como a da chacina hoje no Jacarezinho, mas também vários outros episódios que podemos mencionar, Ágatha, João Pedro, Nego Beto. E para também enfrentar Bolsonaro, os militares e todo o regime do golpe, é preciso de uma política anticapitalista, anti-imperialista e de independência de classe. Só conseguiremos impor o fim da polícia e lutar pelo fim do capitalismo com a força da luta, inspirados na força das lutas internacionais, através da organização e mobilização independente da classe trabalhadora, ao lado dos negros, mulheres, da juventude e do povo pobre.

Basta de operações policiais e impunidade! Basta de morrer pelas balas da polícia. Vidas negras importam.




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