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DEMISSÕES | Centenas de terceirizados demitidos na Unicamp: por uma campanha nacional contra as demissões nas universidades

Com o aprofundamento da crise sanitária que assola o país há mais de cinco meses, e que se combina a uma forte crise econômica e social, aumentam os ataques aos trabalhadores que vivem entre o medo de contágio da COVID-19, o desemprego, a miséria e a fome. Nesse cenário, trabalhadores terceirizados de todo o país são os que estão na mira das demissões, em universidades como a Unicamp e a USP são centenas já de trabalhadores que foram demitidos. Frente a isso o movimento estudantil pode cumprir o papel de junto aos trabalhadores nos organizarmos por uma uma grande campanha nacional em defesa dos empregos e direitos e para que sejam proibidas as demissões. É esse nosso chamado.

Faísca UnicampFaiscaUnicamp

quarta-feira 12 de agosto de 2020 | Edição do dia

Cada dia é mais notável como a crise sanitária potencializada pelo capitalismo atinge uma classe que abriga em sua maioria mulheres negras, são essas pessoas que mesmo com o número de mortos pelo coronavírus no pico com mais de 100 mil não foram liberadas de suas atividades e vivem sobre a pressão de um possível contágio ou o desemprego, miséria e a fome.

São quase três milhões de pessoas na miséria do desemprego e outros dezessete milhões já desistiram de procurar, junto a essa conta estão os mortos e os contaminados pelo vírus. Culpa do governo negacionista de Bolsonaro, Mourão e os militares que junto a governadores como Dória e Witzel, o STF e o conjunto do regime político não tomaram medidas simples, porém de extrema importância, como testes massivos para organizar uma quarentena racional e apoiam medidas para aprofundar as demissões, inclusive com apoio e conivência dos governadores do PT e das burocracias sindicais que dirigem centrais como CUT e CTB e estão totalmente paralisadas frente tamanho ataque.

Assim, a crise capitalista vem sendo jogada nas costas dos trabalhadores, e em diversas universidades do país os trabalhadores terceirizados, sendo eles os mais precários e invisíveis para as reitorias, estão sofrendo com ameaças de demissões, se concretizando em centenas na USP e aqui na Unicamp. Demissões que são sancionadas pela MP936 de Bolsonaro que corta salários, diminui direitos e facilita para os patrões demitirem, uma verdadeira reforma trabalhista na pandemia.

Na Unicamp já foram centenas de funcionários de postos como limpeza, vigilância e portaria mandados embora nesses cinco meses, além de nem ao menos receber seus direitos como seu último salário. A reitoria de Knobel, que se coloca contra o negacionismo de Bolsonaro declarando luto pelas 100 mil mortes, não liberou trabalhadores do grupos de risco do hospital e não atendeu reivindicações básicas como testes e epis aos trabalhadores, o que levou a morte dos trabalhadores da saúde Luci e Fábio, e agora não tomou nenhuma providência frente ao fato de trabalhadores terceirizados, pais e mães de família que não vão ter como sustentar seus filhos, serem demitidos e tomarem um calote das empresas. Além disso há denuncias de mais demissões no bandejão da universidade e também de cortes nos fretados dos trabalhadores da Funcamp.

“Fui despejado”, “eles nos perseguiam”, “tem trabalhador que não tem 1 real para dar para seu filho”, essas são algumas das frases que dizem esses trabalhadores e que até agora não ouviram uma palavra da empresa e de Marcelo Knobel sobre seus direitos. Esse cenário de demissões também se expressa na USP, no bandejão da Faculdade de Saúde Pública todos os trabalhadores foram demitidos porque a reitoria não renovou contrato com a empresa. Em outras instituições de ensino superior a ameaça é semelhante, como na UFMG e na UERJ. Vemos então que esses casos vêm se repetindo e tomando proporções nacionais sem nenhuma ação das reitorias e dos governos para impedir tais atos, pelo contrário estão apoiando essas medidas.

São esses trabalhadores, maioria de mulheres negras, que fazem a universidade funcionar e deveriam ser efetivados, sem a necessidade de concurso público, para terem os mesmos direitos que os trabalhadores efetivos e não ficarem sujeitas aos interesses das empresas que precarizam o trabalho e demitem. Um programa que nós da juventude faísca levamos para que o movimento estudantil possa também se colocar contra a precarização do trabalho que se aprofunda na pandemia e que também atinge a juventude, como vimos com o #BrequedosApps. Por isso, desde o Esquerda Diário também chamamos a conformação de uma rede de trabalhadores precarizados lutando contra as péssimas condições de trabalho que querem nos impor e para que sejam os capitalistas que paguem pela crise.

Frente a essa situação de massivas demissões, é urgente que os estudantes possam romper a separação que querem impor entre nós e os trabalhadores, mostrando que a luta conta as demissões é nossa também e nos fortalece, já que precarizam hoje nosso ensino e permanência na universidade para baratear a formação para trabalhos cada vez mais precários. Por isso, chamamos aqui o conjunto das entidades estudantis, a começar pelas entidades dirigidas por PSOL e PCB, a uma ampla campanha nacional que exija das reitorias a proibição das demissões.

É urgente nos unificarmos para estar em defesa desses trabalhadores, começando por exigir do nosso DCE e da UNE, dirigidos pelo PCdoB que é relator da escandalosa MP936, que se posicione e cumpra sua responsabilidade de articulação dos estudantes, que hoje estão tendo que lidar um Ead precário que nos foi imposto e ataques à permanência estudantil, para que possamos estar lado a lado aos trabalhadores e lutar para que não sejam as centenas de mulheres negras que fazem as universidades funcionar todos os dias que paguem a conta dessa crise.




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