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ATAQUE À LIBERDADE NA EDUCAÇÃO | Censura: governo Bolsonaro deleta vídeos sobre Marx e feminismo de site educacional de surdos

No site do Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines), órgão do Ministério da Educação, foram retirados inúmeros vídeos, como os programas temáticos sobre Karl Marx, Gramsci, vídeos sobre o feminismo e um programa sobre os direitos LGBTs.

quarta-feira 30 de janeiro de 2019 | Edição do dia

No site do Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines), órgão do Ministério da Educação, foram retirados inúmeros vídeos, como os programas temáticos sobre Karl Marx, Friedrich Engels, Nietzsche, Gramsci, vídeos sobre o feminismo e um programa sobre os direitos LGBTs. Alunos do Instituto estão demonstrando sua indignação nas redes sociais afirmando estarem sofrendo censura em sua educação.

Os vídeos foram retirados logo após Paulo André Martins de Bulhões assumir a diretoria do Instituto, sendo nomeado pelo novo Ministro da Educação, Ricardo Velez Rodrigues. A nomeação de Paulo André já foi uma polêmica, pois o atual diretor do Instituto ficou em segundo lugar na votação da nova diretoria, indicando que o atual ministro de Bolsonaro “passou por cima” do resultado e nomeou, ele mesmo, Bulhões ao cargo. A Associação dos Servidores do Instituto Nacional de Educação de Surdos (Assines), declarou: “Infelizmente, vivemos um momento em que a autonomia e democracia das instituições federais de ensino estão sendo frontalmente ameaçadas.”

Segundo a revista Fórum, fontes alegaram que Bulhões era apoiador do atual Presidente nas redes sociais, mas depois da sua nomeação, sua página no Facebook não apresentava mais qualquer sinal de apoio à Bolsonaro. Ricardo Rodrigues emitiu uma nota de esclarecimento alegando que, segundo sistema vigente, o Ministro da Educação tem o poder de nomear qualquer candidato da “lista tríplice”, lista dos três candidatos à eleição. Entretanto, a escolha do ministro caminha em perfeita consonância com a perseguição à liberdade de pensamento na educação, parte da política do Governo Bolsonaro, que leva, ao lado de parlamentares reacionários, projetos como "Escola Sem Partido" e fomenta perseguição à professores em sala de aula.

O Ministério da Educação alegou também que a escolha do atual diretor foi guiada por ele ser surdo, entretanto todos os candidatos que poderiam ser escolhidos desta "lista tríplice" também eram surdos. Segundo os servidores, antes da votação, os candidatos se comprometeram a respeitar a votação e que assumiria o candidato melhor votado dentro do sistema utilizado. Bulhões divulgou em nota, que aceitou o cargo porque se recusasse a indicação do Ministério da Educação, estaria desacatando a lei.

Veja também: Hipócrita: deputada do PSL quer "Escola Sem Partido" e dá aula com camiseta de Bolsonaro

A política de ataques contra a esquerda e temas que a extrema-direita reacionária considera "doutrinação" é parte de uma campanha ideológica que Bolsonaro levanta em diversos setores de seu governo. A escolha dos ministros, entre empresários, militares e figuras religiosas, denunciam um governo que está à serviço do ataque às mulheres, negros, LGBTs, indígenas e militantes de esquerda, que por via da educação, se consolida em projetos reacionários como "Escola Sem Partido", que busca impedir que temas como gênero e sexualidade, justamente os temas dos vídeos retirados do site, sejam barrados das salas de aula. Além da evidente perseguição aos professores e a liberdade de pensamento crítico nas salas de aula, ambiente importantíssimo para o debates de temas tão revelantes socialmente, Bolsonaro defende duros ataques à educação de conjunto, como ensino à distância, sucateando o ensino público e abrindo ainda mais espaço para monopólios da educação privada.

Diante dos ataques do governo Bolsonaro à educação e a liberdade de pensamento crítico de todos os estudantes, é necessário que professores, alunos e pais, se mobilizem, organizando uma força real capaz de enfrentar e combater todos os ataques da extrema-direita reacionária.




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