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PRIVATIZAÇÃO | Castro anuncia privatização da CEDAE: riscos para o povo e aplausos de Bolsonaro e Globo

Um negócio que é fantástico para os empresários e terrível para o povo carioca e fluminense que além de ter seu patrimônio dilapidado ficará refém de água cara e de péssima qualidade, como se vê em todas privatizações.

terça-feira 29 de dezembro de 2020 | Edição do dia

O governador do Estado do Rio de Janeiro, Claudio Castro, aliado local do clã Bolsonaro colocou à venda a maior empresa do estado, a CEDAE, empresa responsável pela geração de água e tratamento do esgoto em boa parte do estado. A entrega deste imenso patrimônio público aos magnatas era uma agenda de todos golpistas, desde os tempos de Pezão e Temer. O modelo encontrado é terrível para a população e fantástico para os empresários amigos do poder.

No dia de hoje (29/12) foi anunciado o edital internacional de leilão da empresa. Pelo que consta nas informações na mídia, a CEDAE continuará gerando água no Guandu e outras localidades e o “serviço” de entrega da água e tratamento do esgoto será privatizado, a parte mais lucrativa ficará, é claro, nas mãos dos empresários.
O leilão está agendado para 30 de abril de 2021.

Tentam justificar a privatização da CEDAE oferecendo duas mentiras grosseiras à população. A primeira mentira é que os bilhões que arrecadariam serviriam ao povo fluminense. Bolsonaro repete isso frequentemente em suas lives falando que haverá dinheiro para investimento. Se recurso em caixa do Estado significasse investimento o povo carioca não sofreria com transporte precário, falta de moradia digna e falta de acesso à saúde pois não faltam recursos do petróleo que entram ano a ano.

A segunda mentira que contam é que as empresas privadas fariam grandes investimentos para melhorar a qualidade da água no Rio e até mesmo despoluiriam a Baía de Guanabara. Olhando para Mariana e Brumadinho ou o apagão do Amapá fica bem claro o que as empresas privadas fazem, buscam freneticamente o caminho de maior lucro em detrimento do ambiente, das pessoas. Porque seria diferente aqui? Ou por acaso a Supervia privatizada significou maior frequência dos trens? Ou seriam as caríssimas barcas e metrô o modelo? Está evidente que são desculpas esfarrapadas que Castro, Bolsonaro, Guedes, e a Globo repetem.

A verdade é que se trata de um modelo para garantir lucros, custe o que custar para o povo.

O modelo anunciado no edital de hoje inclui dividir o estado em 4 lotes. Um deles é a joia da coroa com investimento mínimo e moradores com alto poder aquisitivo – o lote 2 – que compreenderá a Barra e Jacarepaguá. O lote 1 também é atrativo para os negócios, ele inclui a Zona Sul do Rio, o leste fluminense e algumas cidades do interior, o lote 3 inclui a zona oeste do Rio e municípios da região metropolitana adjacentes, o lote 4 – o de maior população abrangida, e maior concentração de favelas, abriga a zona norte do Rio e boa parte da Baixada Fluminense. Deve se esperar menos investimento onde é mais necessário, ou seja nos lotes 3 e 4, e nos locais mais pobres do lote 1.

Além da previsível falta de investimento, tal como acontece nas Barcas, na Supervia, a empresa ganhadora fará lobby com o governo do Estado para aumentar o preço da água fornecida, tal como acontece hoje em dia com a energia elétrica que é produzida por estatais como a Eletrobrás e Eletronuclear e vendida por empresas privadas a preços que são um verdadeiro assalto. Outro lobby previsível é de diminuição da população abrangida com a tarifa social da água, e assim, podendo cobrar água mais cara de mais gente haverá maiores lucros.

A privatização da CEDAE é um verdadeiro crime contra o povo carioca e fluminense. Este crime atravessa governos e instituições, todas elas à serviço dos negócios dos capitalistas. Conta com apoio do governo federal, do Congresso Nacional que votou lei autorizando privatizações das empresas de água, contando com isso com votos dos falsos nacionalistas do PDT – partido de Ciro Gomes e Martha Rocha – e conta, como sempre com a ajuda do judiciário que atua para burlar, entortar as leis para garantir as privatizações, como vimos recentemente em julgamento sobre as privatizações na Petrobras.

O leilão está marcado para daqui a 4 meses é preciso aproveitar este tempo para organizar uma forte luta em defesa da CEDAE, do emprego dos cedaeanos, e em defesa água segura e de qualidade para todo o povo, o que para nós do Esquerda Diário passa pela defesa de uma CEDAE 100%estatal e administrada democraticamente por seus trabalhadores com controle popular.

Bolsonaro e Castro se beneficiam da imensa trégua que a maioria dos sindicatos e centrais sindicais promovem, não organizando a resistência contra os ataques dos governos e empresários. Os trabalhadores da CEDAE já foram protagonistas de uma imensa batalha que adiou a privatização da empresa, podem, se tomarem os rumos da luta em suas mãos voltar a ocupar as ruas com suas camisetas azuis e inspirar outras categorias a lutar. Para isso é preciso garantir que que os diferentes sindicatos (SINTSAMA, SINDAGUA, SINDAGUA-Niteroi, entre outros) que representam a categoria cedaeana ao longo do estado organizem assembleias por local de trabalho e coordenem suas ações. A partir da organização democrática em Guandu, Laranjal e cada local operacional importante é possível coordenar as iniciativas dos trabalhadores e se enfrentar com esse imenso ataque.




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