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Mauricio Macri recebeu ontem José Serra, chanceler do governo golpista do Brasil. A reunião entre o presidente e o chanceler do pais vizinho ocorreu pouco depois das 16h. Estavam também Susana Malcorra – chanceler argentina – e chefe de gabinete de Marcos Peña.

terça-feira 24 de maio de 2016 | Edição do dia

Não houve, entre Macri e Serra, nenhum tipo de dialogo ou discussão. Ninguém informou sobre qualquer definição com repercussão da reunião. O único objetivo da reunião foi a foto que seria difundida posteriormente.

Para o governo do Brasil essa imagem supõe um primeiro apoio na região, de um governo recém eleito e que já foi posto nas vitrines dos modelos a seguir por parte do Barack Obama.

A foto se faz mais necessária no marco das tentativas de estabilização do novo governo golpista. Precisamente nessa segunda feira pela tarde, há menos de duas semanas e entrar ao poder, o governo Temer perdeu um de seus ministros, após vazar áudios onde indicava querer frear a operação Lava Jato sobre a corrupção na Petrobras.

O reconhecimento de Macri é um apoio importante no marco de fortes questionamentos ao golpe institucional no Brasil.

Tudo normal?

Na tarde de segunda, Susana Malcorra não pode evitar de dar respostas a esses mesmos questionamentos. Na conferência em que Macri a nomeou oficialmente como candidata a presidir a ONU, a chanceler ratificou que, desde o ponto de vista do governo argentino, no Brasil “tudo esta normal”.

Afirmou que “não é responsabilidade da Argentina legitimar (sic) ou não a gestão do presidente Temer”. Para que não fiquem duvidas, agregou que no Brasil houve “um procedimento seguido ao pé da letra” e “não encontramos nele qualquer razão para que o processo seja considerado ilegal”. Os argumentos são calcados nos funcionários golpistas brasileiros.

“Não somos os únicos que reconhecemos este processo”, agregou. Ainda que se viu obrigada a reconhecer que “há alguns países da América latina que fazem leituras distintas. Com isso, fez referência a denúncia de “golpe parlamentário” vindos da Venezuela, Bolívia, Cuba, Nicarágua y El Salvador, assim como a Unasur.

Mas o governo argentino, com esse reconhecimento, também se propõe a seguir incrementando seu alinhamento com as grandes potências e o grande imperialismo, que já aprovou o visto desse golpe. Uma política que sinaliza a chegada dos “investimentos”.

Acordos e perspectivas

Há poucos dias, Serra afirmou que “um dos principais focos da nossa ação diplomática em curto prazo será a sociedade com a Argentina, com a qual passamos a compartilhar referências semelhantes para a reorganização da política e da economia”.

Precisamente por isso, a primeira reunião de Serra foi com o governo Macri. O governo golpista, consciente de suas enormes contradições, buscou o primeiro apoio seguro que poderia conseguir.

Como parte da visita à Argentina, Serra foi recebido pela chanceler Malcorra no palácio San Martin. Juntos firmaram o denominado Memorando de Entendimento para “o estabelecimento de Mecanismos Bilaterais de Coordenação Política”.

Segundo um comunicado da chanceler, o objetivo do mesmo será “coordenar posições, assim como o seguimento de projetos estratégicos de integração bilateral”.

No mesmo acordo se estabeleceram como áreas “estratégicas” a de” ciência, tecnologia e inovação, defesa, indústria aeronáutica, energia e comércio”.

Entretanto, isso poderia não passar de uma declaração de intenções, dado que as relações econômicas entre ambos os países não param de deteriorar. Como aponta o último informe da CIFRA “a recessão brasileira se traduz em uma crescente e sistemática redução de duas importações desde 2014. Tanto é assim que esse ano as compras externas do Brasil caíram em 4,6%, e 25,2% em 2015. Se trata do principal sócio comercial do pais, que explica o 17,8% de exportações para Argentina e 39,8% das vinculadas a manufaturas de origem industrial” (Informe de conjuntura nº 19, maio 2016).

O acordo firmado buscaria ir contra essa situação. Entretanto, até o momento não parece claro que a situação econômica dos dois países vá evoluir em um sentido favorável. Por ora, podemos dizer que Serra levou a Argentina o que foi buscar, um aval politico claro a um novo governo golpista.




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